Capítulo 10: Arquitetura Distribuída, Arquitetura Descentralizada e Redes Sociais Federadas.
BYOD, descentralização e “meu dado é meu”.
Os sistemas descentralizados, assim como a arquitetura distribuída, não possuem pontos únicos de falha. Mesmo que vários nós caiam, a rede como um todo ainda está ativa.
Não há controle de entidade única, portanto, não há possibilidade de a rede cair a qualquer momento, a menos que todos os nós caiam simultaneamente, o que é uma possibilidade rara quando temos sistemas conectados em todo o mundo.
Esse tipo de arquitetura descentralizada é quase infinitamente escalável, ao contrário de um sistema centralizado em que a escalabilidade depende dos recursos da organização responsável.
Descentralizada X Distribuída
Quando usamos a palavra descentralizada, é mais no sentido de controle sem autoridade central. Cada nó atua como cliente e servidor.
Por outro lado, quando falamos de distribuído nos referimos principalmente ao contexto da escalabilidade do sistema.
A diferença é muito sutil!
Um sistema distribuído também pode ser implementado em um sistema centralizado para processar tarefas computacionais pesadas.
Além disso, um sistema distribuído vem acompanhado de diversas outras funcionalidades como replicação de dados, tolerância a falhas, alta disponibilidade etc.
O principal objetivo de uma arquitetura distribuída manter o sistema como um todo funcionando.
Já na arquitetura descentralizada é não termos um ponto central ou único de controle.
A arquitetura federada
A arquitetura federada é uma arquitetura das redes sociais descentralizadas.
É uma extensão da arquitetura descentralizada especializada em implementar redes sociais descentralizadas.
Uma rede federada possui entidades chamadas servidores ou pods. E diversos nós ou nodes subcrevem ou estão inscritos nos pods.
Esses pods estão vinculados e compartilham informações uns com os outros.
Os pods podem ser hospedados por indivíduos e continua crescendo à medida que novos pods são hospedados e introduzidos na rede.
Caso o link entre alguns pods seja interrompido temporariamente. A rede ainda está ativa. Os nós ainda podem se comunicar uns com os outros por meio dos pods aos quais estão inscritos.
O que é uma rede social descentralizada?
Simplificando, as redes sociais descentralizadas têm servidores espalhados por todo o mundo hospedados por indivíduos como você e eu.
Ninguém tem controle autônomo sobre a rede.
As redes descentralizadas não precisam enfrentar problemas de escalabilidade, pois a escalabilidade de uma rede descentralizada é diretamente proporcional ao número de usuários que ingressam e estão ativos na rede.
Hospedamos nossos dados de nossos sistemas em vez de enviá-los para um servidor de terceiros.
Ninguém escuta nossas conversas ou tem o direito de modificar nossos dados a seu bel prazer, nessas redes a camada de dados do usuário é separada e é executada em protocolos projetados especificamente para a web descentralizada.
As redes sociais descentralizadas dão aos usuários mais controle e autonomia.
Um indivíduo pode configurar sua rede social e determinar como ela opera e o que os usuários podem dizer ao invés de ter o conteúdo monitorado por uma corporação
Você já deve ter ouvido o termo BYOD: Traga seu próprio dispositivo.
As redes sociais descentralizadas usam este conceito.
Existem várias redes sociais descentralizadas ativas na internet, como Mastodon, Diáspora, Friendica, Sola, etc.
Quais são os recursos das redes sociais descentralizadas?
Traga seus próprios dados!
Como mencionei anteriormente, você pode transportar seus dados com você em uma infinidade de aplicativos, e esse é um recurso exclusivo que a economia blockchain aproveita, especialmente em videogames.
A moeda do jogo ou conteúdo comprado pelos jogadores, como espadas, poderes, etc., pode ser transportado e usado em outros jogos com base no protocolo descentralizado e mesmo que os estúdios de jogos coloquem o jogo offline, os itens do jogo ainda têm valor porque o material comprado fica com você
Segurança dos nossos dados
As redes sociais descentralizadas forneceram outra resposta à privacidade e segurança dos dados.
“Chega de organizações privadas espionando nossos dados.
Nós decidimos com quem queremos compartilhar nossos dados”.
Esse é o lema das redes sociais descentralizadas.
Os dados são criptografados para todos, inclusive para a equipe técnica da rede em vez de depender de uma única organização para proteger os dados do usuário.
Não há venda de nossos dados para lucros pessoais.
Os usuários podem criar contas sem precisar se vincular a identidades do mundo real, como endereços de e-mail ou números de telefone.
Embora isso possa criar vantagens do ponto de vista da segurança de dados, também apresenta desafios.
Por exemplo, redes sociais federadas podem ser encerradas por falta de fundos, fazendo com que os usuários percam seus dados e conexões.
Nesse caso, os usuários não têm uma maneira simples de se reconectar com outras pessoas na rede porque as redes federadas não mantêm registros de dados pessoais em servidores.
Neutralidade e compensação econômica
Os usuários são compensados pelas suas contribuições, as pessoas que compartilham seu poder de computacional para hospedar a rede recebem sua compensação na forma de tokens, patrimônio ou qualquer outra coisa, conforme a política econômica da rede.
A neutralidade econômica é um ideal essencial para muitos que recorrem às redes sociais descentralizadas — eles desejam se livrar da publicidade invasiva e do risco à privacidade que ela representa.
As redes federadas buscam novas formas de monetização para permanecerem saudáveis economicamente e costumam usar uma forma de moeda digital, como Bitcoin, para manter as operações em execução.
Por exemplo, a Steem paga seus usuários pela criação ou curadoria de conteúdo intrigante, o que incentiva os criadores de conteúdo a se concentrarem na qualidade.
A Steem recebe seu dinheiro de investidores que acreditam que a plataforma crescerá em valor ao longo do tempo e um dia será lucrativa.
As equipes envolvidas na moderação da rede e os desenvolvedores que escrevem novos recursos são compensados pela ativação de anúncios relevantes para o conteúdo na rede ou recursos economômicos da plataforma.
Facilidade de infraestrutura
Uma única entidade não precisa arcar com o custo total da infraestrutura, pois é descentralizada. A possibilidade da rede cair tende a zero.
Os dados, assim como um bloco de blockchain, são replicados entre os nós. Portanto, mesmo que alguns nós fiquem inativos, nossos dados não serão perdidos.
Essas redes sociais são escritas em protocolos e softwares de código aberto para que a comunidade possa continuar melhorando o código e construindo recursos.
ActivityPub é um exemplo disso, é um protocolo de rede social descentralizado aberto que fornece uma API para modificar e acessar o conteúdo na rede e para se comunicar com outros pods na federação.
Existem muitos protocolos e aqui você encontra uma comparação entre protocolos federados e ponto a ponto.
Concluindo
A descentralização no setor de Fintech está se tornando a norma e é sempre bom pensar em como a tecnologia pode evoluir e mudar rapidamente, assim como os nossos conceitos.
Em um futuro próximo, será que as redes sociais descentralizadas vão consumir uma grande fatia do mercado?
Fica aí a reflexão.
Até o próximo!!
Referências e links úteis.
https://www.w3.org/TR/activitypub/
https://medium.com/decentralized-web/decentralized-social-networks-e5a7a2603f53
https://blog.nvidia.com.br/2021/03/25/o-que-e-um-cluster-pod/
https://www.pcworld.com/article/1404826/how-mastodon-and-federated-services-are-putting-social-media-back-in-your-hands.html
https://businesstechguides.co/what-are-decentralized-social-networks
