Produção de conteúdo nas redes

Tássia Giovanelli
3 min readMar 10, 2024

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uma amostra de alguns títulos dentre todos

Esse é um relato de uma ex low-profile sobre compartilhar conteúdo nas redes sociais. Espero que entender como foi o processo para mim te ajude a destravar em algum nível.

Minha relação com a escrita começou cedo. Meus pais não sabem dizer porque eu decidi ter um diário. O fato é que com 8 anos de idade eu comecei. Gera muita risada entre a família, inclusive.

Aos poucos, a escrita foi assumindo um papel na minha vida: dar conta da minha ansiedade. Não precisava que meus pais me contassem os relatos da minha infância, pois lembro muito bem de noites sem conseguir dormir pensando em coisas aleatórias — como, por exemplo, o quanto seria incrível se eu morasse do lado do Shopping, do McDonald e do trabalho da minha mãe — tudo na mesma rua. É sério, eu juro que essas coisas me tiravam o sono.

Com a maturidade, esses pensamentos foram se direcionando para a academia e o mundo profissional. Se eu achava que a infinidade de aspirações de uma criança poderiam ser ansiogênicos, eu não sabia o quanto o "conhecimento" poderia ser pior. Como assim eu não consigo ler todos os livros que existem antes de morrer? Como assim eu não posso ser médica, psicóloga, cientista, delegada e executiva? (exemplos reais de profissões que quis ser e/ou de fato iniciei).

Em algum momento, eu percebi a correlação entre escrever e a diminuição do barulho mental. Percebi que só de anotar uma ideia ou um pensamento me trazia a calma que nada mais conseguia. E faz sentido, né? É como dar rumo para um incômodo.

Foi assim que a escrita foi ganhando cada vez mais estrutura na minha vida. Abandonei o papel em 2016, quando me tornei usuária do OneNote (é da Microsoft para quem não conhece). Por meio de experimentação, fui deixando as anotações tal como minha cabeça funciona. Fui me aprimorando em atribuir caixinhas que facilitem resgatar o conhecimento. Digo “conhecimento” porque as anotações pararam de ser somente sobre sentimentos e começaram a ser sobre qualquer coisa que me trouxesse algum barulho mental. Resumo de leitura, ideias, plano de estudo. Tudo. Em 2018, conheci o Notion — o qual uso até hoje.

Todo esse contexto para explicar para vocês que escrevo como manutenção de vida. É assim que mantenho minha ansiedade em níveis aceitáveis a maior parte do tempo. Foi um processo natural que posteriormente atribui sentido.

Já diria Clarice: Escrevo como se fosse para salvar a vida de alguém. Provavelmente a minha própria vida.

O ponto é: em todos esses anos, nunca achei que fosse compartilhar publicamente qualquer esboço que fosse, tal como o faço agora.

O que mudou? Por que compartilhar agora?

O que não mudou: continuo me achando uma pessoa imperfeita e cheia de pontos a melhorar como pessoa e profissional. Continuo me questionando se tem sentido compartilhar minha opinião sobre os temas, mesmo de caráter técnico.

O que mudou é a compreensão, que foi sendo construída ao longo dos anos, de que não é preciso ser uma pessoa perfeita para ajudar outras pessoas. Nem tudo é sobre taxa de conversão. Tá tudo bem não viralizar nas redes. O importante, no final do dia, é ser uma pessoa vulnerável que permite que outras pessoas te conheçam, se posicionar sobre o tema que julgar relevante. E sabe uma surpresa positiva? Quando você o faz, atrai outras pessoas que atribuem a mesma importância que você. Conheci pessoas incríveis dessa forma.

Enfim, é por isso que hoje eu compartilho o que quer que eu queira falar sobre. E incentivo você a fazer o mesmo. Escreva sobre o que quer que você julgue interessante. Não se leve tão a sério. Não se apegue somente às métricas das redes.

Sobre o tema, recomendo consumir tudo sobre a Brené Brown. Ted Talk, documentário no Netflix, livros (A coragem de ser imperfeito).

Não é o crítico que importa. Nem o que aponta quando o outro tropeça, nem aquele que diz que o outro devia ter agido diferente. O mérito é do homem na arena, aquele com o rosto sujo, suor e sangue, que se empenha, que erra, que fracassa uma, duas, três, quatro vezes. Aquele que, no final, embora conheça o triunfo da vitória, pode até fracassar, mas se arriscando a ser imperfeito.

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