por Renata Martins Me assusto quando te vejo passar do outro lado da rua e me surpreendo quando você sorri pra mim! Me assusto com o ronco do trovão e me surpreendo ao constatar que o céu não tem nuvens…só estrelas! Ah, eu me assusto com o grito sufocado no…

por Carolina Schettini Ela caminha todos os dias por um muro de lata grafitado: “Trago amor por cigarro”. Quando lê a frase, sempre lhe vem outro sentido, outra palavra, o que gostaria de escrever e trocar de lugar e criar uma frase só sua. Na maioria das vezes, troca o cigarro por outro substantivo. O verbo tragar se transmuda para o verbo trazer. Trago amor por você. De tanto reparar em muros grafitados, em poesia rápida para se ler com pressa, em frases em postes, em desenhos em muros, já se reconheceu.

por Sílvia Torres Já não aguentava mais. A faxineira havia dado o “cano” três vezes e as bolinhas de pó misturadas aos pelos do cachorro dançavam pelo quarto como se já tivessem conquistado o território. Que abusadas! Resolveu, então, que não iria para a loja naquela manhã para tentar exterminar…

por Kamujean Ribeiro Aumentam os vincos no rosto e a pele já não enrijece com facilidade. No corpo brotam manchas, cresce o abdômen, diminui a estatura… O desejo nem sempre corresponde ao vigor (E, por favor, não me venha com essa de que “o que vale é a experiência”, pois…

por Noemia Kazanova Tateando aqui dentro do peito. Cadê vocês, recursos interiores, que deixam a vida tão bonita?!! A minha caixinha interna de lápis de cores anda meio sumida. Tenho certeza de que guardei em algum lugar. Talvez eu mesma a tenha escondido. Às vezes, faço isso com as coisas…

por Américo Paim Foi em uma festa à toa, dessas reuniões para comemorar o aniversário de um amigo. Do tipo que você conhece três ou quatro pessoas. E foi um gesto corriqueiro. Eu não estava sequer atento. Muito menos preparado. Alguém falou o nome da moça. Ela virou o rosto…

por Renato Muniz Uma das características mais marcantes das crônicas é a presença do óbvio, mas o gênero vai muito além, com seus incontáveis predicados. Crônicas falam do cotidiano, das rotinas bestas, das esquinas, de ciúmes e de amores, de botecos, de quintais, de fogões a lenha, de comidas regionais…

por José Walter Pires Bem-te-vi, Bem-te-vi, Te esperei, Não vieste Tu sumiste Não te achei! Te busquei Da varanda Pelas árvores Ou nas bordas Dos telhados Ou nos muros Vasculhei Desisti! Me cansei. Esperar Não é bom! Prometeste Que virias, Que voltavas, Ou chegavas, E fiquei Feito bobo, Sem ouvir Teus trinados Costumeiros Voos rasantes, Apressados Mas faceiros Elegantes Mensageiros Das notícias, Que me trazes,

por Adilson Zambaldi “Sempre assim. Sempre que o amor vaza a maré. Vou parar bem longe. Aonde não dá pé. Difícil de nadar.” Canção de Gil e Roberta em direção à areia. Enquanto os surfistas manjavam o quebra-mar, eu apenas mirava Marina. Seus primeiros passos já tão firmes e tão…