Comunicação e trabalhadores das plataformas: entrevista com Jamie Woodcock
Por Paula Alves
Jamie Woodcock é professor da Open University e pesquisador de Londres. Ele é autor de The Gig Economy, Marx at the Arcade (Marx no Fliperama, livro que será lançado em breve no Brasil, pela Autonomia Literária) e Working The Phones. Sua pesquisa se concentra em trabalho, gig economy, plataformas digitais, resistência, organização coletiva entre trabalhadores e videogames. Ele é membro do conselho editorial das revistas Notes from Below e Historical Materialism.
TEORIZADAH: Qual a importância das Teorias da Comunicação para estudos sobre trabalhadores de plataformas e circulação das lutas dos trabalhadores?
JAMIE WOODCOCK: As teorias da comunicação são muito importantes para entender as lutas dos trabalhadores de plataformas. Muitos acreditavam que os trabalhadores de plataformas estavam isolados e não poderiam formar redes entre si. No entanto, como qualquer outro trabalhador, o trabalhador de plataformas encontra uma maneira de se conectar com outras pessoas que fazem o mesmo tipo de trabalho — seja para encontrar maneiras de melhorá-lo ou simplesmente compartilhar histórias sobre o seu trabalho. As teorias da comunicação (particularmente a comunicação digital) podem ajudar a entender essas formas de comunicação — bem como os seus pontos fortes e fracos.
TEORIZADAH: Você tem preferência teórica ou de autor no campo da Comunicação ao analisar o trabalho em plataformas?
JAMIE WOODCOCK: Minha preferência é meu Marx, mas ele não escreveu nada sobre plataformas, é claro! Eu acho que Nick Dyer-Witheford fez importantes contribuições, principalmente em seu livro Cyber-Proletariat.
TEORIZADAH: Na sua opinião, como as teorias das redes sociais digitais nos ajudam a entender as novas formas organizativas adotadas pelos trabalhadores de plataformas quando lutam coletivamente por seus direitos?
JAMIE WOODCOCK: Teorias sobre redes sociais digitais podem nos ajudar a entender o terreno em que os trabalhadores de plataformas começam a se conectar e se organizar. Como acadêmicos, isso significa que podemos analisar as lutas emergentes que podem começar on-line (e muitas vezes se espalhar para atividades de rua) com uma nova lente.
TEORIZADAH: Que conselho você daria para pesquisadores da Comunicação que desejam analisar os novos fenômenos do trabalho digital?
JAMIE WOODCOCK: Meu principal conselho seria ouvir os trabalhadores. Tente encontrar maneiras de conversar com as pessoas que já entendem desse trabalho porque o fazem todos os dias. Encontre maneiras de dar voz a eles em sua pesquisa ou tente envolvê-los em projetos conjuntos sempre que possível.