20 coisas que aprendi em 20 semanas de gestação

Thaís Belluzzo
7 min readJul 2, 2020

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Imagem: The Language of Birth

Se me pedissem para descrever minha gestação, eu usaria o termo “montanha-russa”. Nada resume melhor o turbilhão de emoções que se passam pela minha mente. Tenho dias em que me sinto linda, produtiva, eficiente e outros em que é difícil até levantar da cama.

O fato é que, pasmem, antes de estar grávida eu nunca me interessei muito por gestação e bebês, esse conhecimento nunca fez parte da minha zona de interesses e aprendizagem.

Sim, eu tive bebês na família e também tenho amigas mães, mas nunca me aprofundei ao ponto de me considerar uma conhecedora plena do assunto.
Então, talvez alguns dos conhecimentos que eu apresente aqui sejam extremamente óbvios para vocês, mas para mim, não. Inclusive, eu era aquela pessoa que pedia para traduzirem semanas em meses — na verdade, ainda preciso fazer as contas para transformar em meses e me situar na gestação.

Afinal, aqui estão as 20 coisas que eu aprendi em 20 semanas de gestação (ou 5 meses, para quem não gosta de contabilizar em semanas).

Senta que lá vem textão.

Imagem: TV Cultura

1 - Possuo uma rede de apoio maravilhosa

Um dos meus principais medos ao engravidar era o julgamento, os olhares de reprovação e os comentários maldosos. Quando contei, as reações foram mais de incredulidade do que de julgamento. Fui aceita muito rapidamente e acolhida com muito amor, sei que sou previlegiada pois já passei da adolescência, tenho uma situação financeira estável e um parceiro que sonhava com filhos antes mesmo de eu aceitar a possibilidade da maternidade em minha vida.

2 - Dói

Quando pensava em gestação imaginava a dor mais para o final na hora do parto. Mas a verdade é que sinto dores esporádicas com mais frequência do que imaginei.

3 - TPM prolongada

Na questão emocional, a gestação tem sido como uma TPM que já dura 5 meses, já chorei de soluçar, já chorei de felicidade, já chorei enquanto conversava normalmente, e claro, já me irritei muito com coisas insignificantes.

4 - As comparações são inevitáveis

Sabe a prima da tia da irmã da sua avó? Então, ela teve uma gravidez esplêndida com a pele linda e maravilhosa até conseguia levantar um pneu com a força do pensamento de tão poderosa, além disso, ela ganhava 15 mil por mês e pôde comprar tudo do melhor enquanto você está aí comendo bala sete belo. Pois é, eu aprendi a ignorar essas comparações.

Fetus. Magali Cazo.

5 - O primeiro ultrassom é inesquecível

Como muitos sabem, eu demorei para descobrir que estava grávida. Fiz meu primeiro ultrassom com quase 10 semanas, mas na época achava que estava de no máximo 7, me surpreendi a ver um serzinho com perninhas e bracinhos se mexendo dentro de mim, claro que eu chorei.

6 - Não ter medo de trocar de médico

Quem acompanhou essa fase sabe o quanto eu me sentia insegura com a primeira médica que consultei, depois descobri muitas coisas que só me deixaram mais certa na decisão de ter trocado de profissional.

7 - Amar meu corpo

Essa é a primeira vez na vida que não tenho vergonha de publicar fotos de corpo inteiro, sim, eu sempre tive muita vergonha de postar fotos em que qualquer possível “defeito” meu pudesse aparecer ou que eu me “expusesse” demais, a gestação tem me permitido a conhecer e amar meu corpo cada vez mais — o que não quer dizer que eu vá sair postando mil fotos do meu corpitcho porque não sou assim.

8 - Meu corpo sabe o que fazer

É impressionante perceber o quanto eu aprendo sobre o funcionamento do meu corpo durante a gestação. Eu sabia de muitas coisas, sempre fui uma boa aluna de biologia, mas vivenciar tudo isso, saber que sou eu gerando um bebezinho que tem UNHAS, é sensacional.

9 - O cabelo cresce muito rápido

Meu cabelo sempre foi algo que demorou eras pra crescer, isso sem falar das unhas. A gravidez não me proporcionou a pele perfeita nem o cabelo perfeito, mas o crescimento, em compensação, está muito acima da minha média normal.

Imagem: Luna Wolf Printables

10 - Medo do parto

Antes de pensar em ter filhos o medo do parto já era algo inerente a mim. Então, é óbvio que quando engravidei a primeira coisa que pensei foi em parir. Acordava de madrugada chorando com medo de sofrer violência obstetrícia, que não me respeitassem, que fizessem algum mal ao meu bebê. O maior inimigo do medo é o conhecimento. O medo ainda existe, mas conversei tanto com minhas amigas e família sobre isso, estou consumindo tanto conteúdo a respeito, que meus medos estão se dissipando aos poucos. Obrigada a todas que me ajudaram.

11 - Não sou corajosa por querer parto normal

É um lugar comum quando você diz que quer parto normal ouvir o seguinte comentário: “nossa, mas você é corajosa”. Na verdade não sou, justamente por isso, se tudo correr bem, farei o possível para ter parto normal.

12 - O amor é diferente, mas o jeito de amar não

Claro que o amor que sinto pelo meu filho é muito diferente de tudo que já senti (mesmo sem ele ter nascido ainda), mas a forma de amar é a mesma, ou seja, eu consigo rir com ele, rir das situações, chorar, tirar sarro, e tudo o que eu faço com as pessoas que amo.

13 - É estranho

Talvez por ser algo extremamente novo para mim, é também muito estranho. As grávidas que conheci nunca responderam minhas perguntas sobre “como é ter um ser se mexendo dentro de você?” de uma forma satisfatória para mim. Sabe quando você come algo que te dá gases e sua barriga fica se mexendo? Essa é a sensação das primeiras vezes que você sentir o bebê se mexendo. Agora a sensação é diferente, eu sinto ele realmente me empurrando por dentro, não dói, é como se fosse uma palpitação apenas. A verdade é que é estranho, e enquanto eu digitava isso o Augusto me deu um chute, porque o fato de ser estranho não quer dizer que não seja natural e absolutamente lindo.

14 - A vontade de preparar o ninho é real

Sinto uma vontade absurda de deixar tudo arrumado e lindo do jeito que sempre sonhei, a frustração vem muito forte quando não consigo.

15 - Seios

Meus seios ainda não cresceram, só vou deixar essa reclamação aqui.

16 - Kit do Augusto

Eu costumo chamar a placenta, bolsa, cordão umbilical de Kit do Augusto. E são muitas aprendizagens sobre o kit dele, por exemplo (pessoas que não são mães, essa é pra vocês), vocês sabiam que é preciso que o cordão umbilical pare de pulsar para que seja cortado? É transmitido aproximadamente 1L de sangue da placenta para o bebê pós-nascimento.

17 - Preparação

Eu sou uma pessoa realista por natureza, por isso preciso saber todas as possiblidades de algo dar errado e me preparar para isso, preciso ter várias “saídas” para solucionar possíveis futuros problemas. Então eu leio relatos do que deu errado e do que deu certo e vou me preparando para questionar meu grupo de apoio e pedir ajuda.

18 - Ter um parceiro compreensivo faz a diferença para mim

Desde que conheci o Cesar, a calma e o jeito tranquilo dele de lidar com as coisas sempre me acalmou. Não seria diferente agora, apesar de não poder ir comigo em consultas (obrigada, corongavírus), ele acompanha tudo muito de perto e está sempre disposto a aprender e estar comigo principalmente nos meus piores dias. E isso faz toda a diferença pra mim.

Imagem: Designs By Duvet Days

19 - Sem barrigão = sem gravidez

Pelo menos em fila é assim, mesmo com a carteirinha de gestação ainda não usufruí de nenhum benefício preferencial para gestantes.

20- Às vezes a cabeça trava

Quem já foi mãe sabe bem do que estou falando, na gestação você esquece desde coisas triviais até as essenciais e fica impossível lembrar por algum tempo. Além de ter muitas informações e coisas que eu preciso saber sobre mim e sobre o bebê.

Conclusão

Enfim, espero que compartilhar minhas experiências com a gestação ajude a esclarecer tanto quem quer, como quem não quer ter filhos, é um assunto que deveria interessar a todos nós, pois são muitas mudanças e muitas coisas doidas que as gestantes desse mundão passam.
Espero que tenham gostado, o feedback de vocês é muito importante para eu continuar fazendo isso.

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Thaís Belluzzo

Jornalista especializada em conteúdo digital. Entusiasta de design, literatura, música e gatos. Escrevo nas horas vagas.