O quê que você está fazendo com a sua vida?
Como foi seu 2015? Já é quase dezembro, está na hora de se fazer essa pergunta e pesar as alegrias e os pesares.
O meu foi agridoce.
Fiz muita coisa legal, conheci gente bacana, trabalhei em projetos legais, lancei jogos que me orgulho de (com sorte, lanço mais um antes do ano acabar), e quando eu penso nisso, parece que tinha tudo para ser um dos melhores anos da minha vida.
Mas não foi não, foi longe isso.
Em 2015 eu vi gente explodindo e morrendo por causa de intolerância, pessoas que eu amava sendo perseguidas e humilhadas, eu vi amigos meus que antes eram inseparáveis jogando bosta um na cara do outro e brigando para ver quem conseguiu manter mais amizades, eu vi gente que eu realmente admirava jogando indireta publicamente para quem quisesse se sentir ofendido. Foi um show de ignorâncias, público e privado.
Gente, na boa, me sinto como uma hippie sexagenária falando isso aqui, mas parece que vocês não entenderam a simplicidade do rolê. E se tem algo que todos esses atentados, por mais infelizes e injustos que foram, me provaram foi justamente a simplicidade do rolê.
Você vai morrer.
Respira fundo.
O seu desafeto também.
Respira de novo.
Vamos todos morrer e daqui cem anos ninguém vai lembrar nem onde tá os restos do seu corpo. Tudo que você lutou por, brigou por, ofendeu por não vai existir nem como pó. Toda essa ofensa, esse ódio, essas picuinhas e segregações, vai morrer e ser enterrados com você, e no fim o que vai acontecer? Mais uma vida que acabou, e passou a maior parte do tempo odiando, brigando, e ficando #chatiado.
Quanto mais você aceita a inevitabilidade da morte e a insignificância e efemeridade da sua prisão de carne no plano geral das coisas, mais você percebe que não vale a pena perder esse pouco tempo como um animal pensante com essas bostas, sentindo só bosta e propagando bosta. Um chafariz de bosta.
Nós passamos bilhões de anos sem nascer, alguns poucos anos vivos, e toda a eternidade mortos. Nosso estado natural é a morte, a vida é só um estado passageiro. Faça bom proveito por que esse estado pode acabar amanhã. Ou depois. Talvez mês que vem.
Essa pessoa te ofendeu? Fala com ela e siga adiante. O que ela twita te faz mal apesar de não ser exatamente uma ofensa? Para de seguir ela ou bloqueia e deixa ela viver a vida dela. Você gosta dela mas não das idéias dela? Não toca nesse assunto mas continua a convivência.
Se existe um problema, encare-o e resolva. Se não tem como resolver, remova-o do seu cotidiano e continue sem olhar para trás. Explodir um restaurante para acabar com os infiéis e arranjar briga com alguém na internet por acreditar em visões diferentes da suas são duas forma de intolerância que, embora muito distantes no espectro de intensidade de violência, estão contidas na mesma escala de ignorância.
Continue respirando fundo e pense quantas formas existem para:
- Evitar se desgastar;
- Não desgastar os outros;
- Não ser um cusão.
Seja o cara maior, não guarde mágoas. Você vai guardar elas para quê? Para juntar numa bola de ressentimento e câncer?
Não estou falando que isso é fácil, é bem difícil, na verdade a tarefa mais difícil da sua vida inteira. Nosso animal-espírito geralmente é o de ser um grandíssimo cusão e não viver esse potencial é uma tarefa de Sísifo. Mas faça isso pelo bem dos seus, dos meus e dos nossos minutos restantes aqui nessa terra.
Que podem nem ser mais muitos mas podem ser muito melhores.