Villa Savoye, um tesouro num reino tão tão distante
I continue to describe architecture in Europe: here is the Villa Savoye by Le Corbusier
(all pictures are by Thalyson Primo)
Quando se fala de arquitetura moderna* é imprescindível não se falar de Le Corbusier e do seu grande legado. E é ai que entra o grande tesouro que a Villa Savoye guarda.
Le Corbusier foi, além de grande conhecedor da arquitetura, era um teórico e que muito contribuiu para a arquitetura mundial com suas teorias e construções arquitetônicas pelo mundo. Entre as contribuições de Le Corbusier está a formulação de uma nova linguagem arquitetônica para o século XX, onde se encontra os cinco pontos da arquitetura moderna*, que podem ser claramente vistos no projeto da Villa Savoye, tornando-se assim uma das principais obras arquitetônicas dele e também do mundo.
Quem visita Paris por pouco tempo tem uma tarefa nada fácil; conseguir visitar todos os monumentos espalhados pela cidade em suas diversas localidades, aproveitar os momentos de lazer e ainda achar tempo para dormir e fazer suas necessidades físicas. Esse é um dos motivos que visitar a Villa Savoye torna-se uma tarefa não muito fácil quando seu tempo é curto ou suas preferências como turista são outras.
Para chegar até a Villa, será necessário pegar uma linha de metrô (considerando que a saída será à partir do centro de Paris) que o levará ao trem, uma segunda linha, que o levará então à região onde se encontra a Villa Savoye, assim, nessa região você precisará pegar um táxi/uber/ônibus ou poderá andar 1,9km apé contemplando a bela cidade, mas no caso de não se ter muito tempo, é aconselhavel pegar um transporte particular — o percurso demandará cerca de 1h10min do seu dia.
Um ponto a se destacar, além da arquitetura, é o paisagismo do terreno da Villa, como pode ser observado no mapa e na foto acima, logo ao adentrar o terreno, a presença de uma massiva vegetação, fortemente marcada por árvores, cria um universo particular para a Villa, onde é possível chegar à residência através do caminho criado, tornando-se assim um espaço dentro da cidade, e ao mesmo tempo fora dela.
O terreno total tem cerca de 10.365 m², sendo que desse total a residência ocupa uma parte equivalente à 487 m², disposta de forma magnífica e ressaltada ao atravessar a densa vegetação e caminhar pelo gramado em volta da residência.
Mas o que uma residência de 487 metros quadrados, aparentemente simples e comum tem de tão especial para se tornar uma das principais obras do mundo? Arquitetonicamente a Villa é o melhor exemplo dos cinco pontos da arquitetura moderna* formulados por Le Corbusier. Eis os cinco pontos:
01 — os pilotis: ao utilizar pilares tornando todas as construções suspensas, Le Corbusier cria então no ambiente urbano uma nova perspectiva, reformulando o traçado urbano.
02 — terraço-jardim: o teto não é mais como no passado, tradicional com o telhado, agora torna-se um terraço acessível e pode ser aproveitado e também plantado.
03 — planta livre: graças ao concreto armado, a casa é libertada das paredes estruturais, agora essa função pertence aos pilares, a disposição da planta é livre.
04 — a fachada livre: as fachadas também tornam-se independentes da estrutura sustentadora, não mais seguem à forma estrutural e colocam-se livremente sobre pilares.
05 — janela em fita: as fachadas podem ser abertas largamente com longas janelas que fornecem luz e transparência ao interior das edificações.
Além dos cinco pontos mensionados, outro ponto a destacar é a perfeita simetria com que Le Corbusir aplica na edificação, todas as quatro fachadas são simetricamente proporcionais, criando um quadrado perfeito. Indo mais além dos pontos fundamentais da arquitetura moderna*, Le Corbusier foi um grande compreendedor da boa arquitetura, tomando cuidado com cada cantinho da casa dos Savoye. A residência é dividida em térreo, primeiro andar e segundo andar (terraço).
A residência possui divisões muito bem pensadas, deixando no térreo áreas de serviço, como lavanderia e dependência de empregado. Outro ponto a destacar é a preocupação de Le Corbusier, em 1931, com a mobilidade no interior da edificação, inserindo não somente a escada como também a rampa de acesso.
No primeiro andar Le Corbusier optou por deixar áreas sociais — salas de estar e jantar; áreas privativas — quartos e banheiros; áreas de serviço — cozinha. Aqui é possível perceber a maestria de Le Corbusier, quanto se pensa nas disposição dos ambientes, todos foram estrategicamente pensados e fazem conexão entre si, tornando assim um lugar de fácil circulação.
Outro brilhante ponto a destacar é o conforto ambiental que a residência tem devido a entrada de luz e ventilação natural. Com as técnicas adotadas por Le Corbusier, a residência possui grandes estratégias para a entradas de luz natural e aberturas voltadas para o aproveitamento dos ventos.
No segundo andar (terraço) que é acessado por uma rampa e também pelas escadas, Le Corbusier tornou possível um espaço de estar e contemplação, recebendo assim outras funções além da funcionalidade inicial — ser telhado.
E mais uma vez Le Corbusier pensou no conforto ambiental de quem usaria o terraço-jardim, criando assim paredes estratégicas para bloquear o vento e criar assim um conforto no terraço.
Além das técnicas da arquitetura moderna aplicadas, outros importantes pontos devem ser observados na residência, como o jogo criativo que permite a entrada de luz. As aberturas além de permitirem a entrada de luz são também pequenos jardins suspensos, que compõe o conjunto arquitetônico.
Importante destaque se deve a permeabilização do terraço, técnica que permite que a lage seja usada como jardim, evitando assim riscos advindos de infiltrações, e consequentemente comprometeria a estrutura do edifício.
Le Corbusier define a arquitetura da seguinte maneira:
“A arquitetura é o jogo sábio, correto e magnífico dos volumes dispostos sob a luz.”
A obra de Le Corbusier exprimi claramente o conceito empregado por ele; onde ele não só o define, mas como também emprega os elementos, criando uma disposição volumétrica, que entre tantas funções, permite a entrada de luz em todos os ambientes e espaços.
Na imagem ao lado, em que se tem a a rampa de acesso do térreo ao primeiro andar, pode-se analisar que além da função inicial de acesso, o volume permite a entrada da luz natural. E assim outros espaços da residência como o quartos e cozinha são brilhantemente dispostos, de forma a aproveitar a ventilação e iluminação natural, sem perderem suas principais funções a quais foram planejadas.
Através dos séculos a arquitetura sofreu grandes mudanças, sendo assim influenciada e modificada ao longo das gerações por grandes gênios. Para os visitantes, leigos ou não, um ponto é indiscutível quando se trata da Villa Savoye — a sua importância na história da arquitetura, como referência de um estilo ./.
*A arquitetura moderna que aqui tanto foi citada é um movimento nascido entre a primeira e a segunda guerra mundial, período que gerou a necessidade de uma rápida restruturação urbana, assim como também uma drástica reformulação na construção, colocando em evidência necessidades como a pureza das linhas e o funcionalismo das edificações.