Ego de vidro

Thiago Yukio
3 min readMar 21, 2019

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Muitos consideram que têm um ego “grande e sólido” mas, ironicamente, os mesmos ficam com a auto-estima ferida com a menor crítica. Eu era uma dessas pessoas.

Em 2018, tive uma série de crises de ansiedade, puramente causadas pela quebra de expectativa da realidade com meu ego — usado em sentido amplo, como “imagem própria”.

Durante toda minha vida eu busquei a melhora constante e a perfeição — o que é ótimo, até certo ponto. Eu queria ser bom em tudo: sociável, inteligente, brincalhão, saber tocar guitarra, passar direto na faculdade, abrir a própria empresa, me manter em boa forma na academia, entre outros. Além disso, eu achava que erros eram resultado de falta de esforço, algo que só fracassados passariam.

Esse tipo de pressão constante transformou o meu ego em um vidro temperado. Para quem não sabe, o vidro após tratamento térmico, possui tantas tensões internas que se torna muito mais duro, suportando muito mais pressão.

Você provavelmente deve adivinhar onde isso vai chegar.

O vidro temperado aguenta muito mais porrada, mas ao ser impactado por uma força um pouco maior que suporta, não quebra apenas no canto, no local do choque. Ele estilhaça por inteiro.

Depois de muita ansiedade, desespero e terapia, eu percebi que não precisava criar esse personagem para mim mesmo. Ter ego nos leva a fazer coisas irracionais, pra provar algo para os outros que muitas vezes não tem sentido.

O maior exemplo é o encontro de dois machões na balada que se esbarram e ficam igual a dois animais gritando um para o outro, tentando proteger a sua imagem — quando na verdade ninguém se importa.

Outro exemplo mais comum ocorre em discussões de relacionamento, quando uma parte não quer “ceder” e assumir seus erros, mesmo que isso faria o problema se dissipar.

Por isso meu objetivo agora é minimizar o meu ego. Obviamente, isso pode demorar mais alguns anos de meditação e sessões na psicóloga.

Mas quer dizer que eu acredito que temos que ser amebas sem emoções e ambições? Não, muito pelo contrário. Ao tirar o ego da frente, você enxerga com muito mais clareza o que você sente, deseja e o que precisa melhorar.

  • Suas ambições não são seu ego
  • Suas opiniões não são seu ego
  • Suas habilidades não são seu ego
  • Suas possessões materiais não são seu ego
  • Seus erros não são seu ego

Quando te criticam ou insultam, é fácil ficar com o ego ferido. Mas quando você escolhe não ser reativo, xingar de volta ou ficar na defensiva, é possível fazer perguntas do tipo: será que essa crítica é justa? Essa pessoa está tentando me ajudar a melhorar ou me colocar para baixo? Se ela quer me afundar, por que ainda falo com ela?

Uma boa prática é imaginar qual seria a sua reação se essa mesma crítica fosse direcionada a outra pessoa.

Até conseguir eliminar o meu ego, com certeza vou cometer muitos erros. E tudo bem, não preciso ser perfeito. Basta garantir que estes não vão se repetir, mas não preciso ficar me remoendo para sempre por um evento do passado.

Se este artigo estiver mal escrito, por mim tudo bem também. É o primeiro que escrevo como projeto pessoal e eu me permito ter um resultado sub-ótimo por enquanto. Estou tentando melhorar e, caso no meu centésimo artigo eu continue assim, aí terei um problema a resolver.

Você não precisa provar nada para os outros. Ninguém liga. (ainda bem!)

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