De patas dadas pelos animais

Eduarda Toledo
4 min readNov 26, 2018

--

Imagem: Cusco Pics

O número de animais abandonados cresce a cada ano no Brasil. Segundo o último levantamento da Organização das Nações Unidas (OMS), realizado em 2013, mais de 30 milhões estão nas ruas. Desses, 10 milhões são gatos e 20 milhões são cães. Diante dessa situação, crescem o número de ONGs e pessoas que se disponibilizam para auxiliar essa causa.

Em Porto Alegre foi criada, no ano de 2011, a Secretaria Especial de Direito dos Animais (SEDA). A missão da instituição era estabelecer e executar leis destinadas à saúde, proteção, defesa e bem-estar de cães e gatos da Capital. Em cinco anos, ela promoveu 1.681 adoções pelo programa “Me adota?”, 18.870 atendimentos veterinários, 28.626 castrações e 28 mil ações de fiscalização contra abandono e maus-tratos. Porém, em 2017, a SEDA entrou para lista dos órgãos em extinção do governo de Nelson Marchezan. Três meses após o seu fechamento, foi criada a Unidade de Saúde Animal Victória, primeiro hospital veterinário público de Porto Alegre. O local continua funcionando atualmente e recebe, em média, 70 casos por dia.

As ONGs também possuem um papel fundamental na proteção e cuidado dos animais de rua. A Patas Dadas é um exemplo disso. A organização foi criada em 2009 após uma série de maus tratos que ocorreram em um Campus da UFRGS e que resultaram na morte de 10 cachorros. Em 2011, ela se tornou uma Ação de Extensão da Universidade e, em 2015, transformou-se em uma associação sem fins lucrativos. Esse ano, a instituição completa dez anos de funcionamento e comemora os mais de 1200 animais resgatados.

Festa de 10 anos da Patas Dadas — Imagem: Cusco Pics

A Patas Dadas se responsabiliza por recolher, tratar e encaminhar para adoção os animais que chegam até ela. Além disso, todos os pets são castrados e, quando necessário, recebem tratamento veterinário. Porém, só são recolhidos aqueles que são deixados no local de atuação da ONG. “Como nosso terreno é cedido por uma instituição, não temos permissão para recolher animais fora dessa zona e geralmente não divulgamos o local para evitar novos abandonos”, explica Vanessa Winger, veterinária e voluntária no projeto. Segundo a profissional, a instituição trabalha com um sistema de prioridades. Animais doentes, machucados, com risco de saúde e/ou vida, filhotes e fêmeas prenhas, são os que a ONG abriga.

Uma das principais campanhas que a instituição apoia é a de adotar e não comprar. Para divulgar seus ideais e incentivar as pessoas a levarem um amigo para casa, a Patas Dadas investe nas mídias digitais. “A partir de nossas redes sociais, falamos sobre a importância da castração, vacinação e principalmente de não abandonar, já que, infelizmente, isso é algo recorrente nessa época do ano”, afirmou Winger. O site da ONG mostra a paixão que os voluntários têm pelo trabalho, se torna praticamente impossível olhar ele e não ter vontade de adotar um pet. A página do Facebook reúne, atualmente, mais de 200 mil curtidas e se tornou a principal plataforma para divulgação de eventos e ações.

Comemoração dos 10 anos da Patas Dadas — Imagens: Cusco Pics

Segundo a Organização, o número de adoções aumentou esse ano. Até novembro, já foram mais de 100 cães e gatos que ganharam um lar. A aluna/professora afirma que a preferência sempre é por filhotes. “Os últimos a serem lembrados são os cães mais idosos e/ou com doenças crônicas, que estão em constante tratamento e controle pela ONG”, explica Winger. Atualmente, a instituição abriga 70 animais, porém nem todos estão para adoção. Segundo a voluntária, alguns cães e gatos ficam sobre tutela devido ao seu estado físico e de saúde. Pensando neles, a Patas criou o projeto Lar de Repouso. A campanha é voltada para os pets idosos e/ou com doenças crônicas e que, portanto, possuem chances praticamente nulas de serem adotados. Para que eles tenham um final feliz e longe do canil, a organização incentiva uma pessoa/família a ficar com o animal em sua residência e a ONG arca com todas as despesas.

Outro diferencial que a Patas possui é o acompanhamento do pet adotado. Um grupo de voluntários fica responsável apenas por esse setor. O contato com o adotante é feito por telefone e e-mail diversas vezes durante o primeiro ano após a adoção. Depois disso, ele é feito de forma anual. Segundo Winger, isso é realizado para ter um controle de como está sendo a adaptação do pet.

Amor à primeira vista: uma história de adoção

Conheça a história de Phoebe, uma das cachorras adotadas através da Patas.

Leia mais:

Adotar ou comprar: veja qual é a melhor opção para ter um pet novo na família

Me AUdota? Confira uma lista de ONGs do RS que disponibilizam um catálogo online dos pets

--

--