O que é uma Aceleradora de Startups?
Duas de cada três "aceleradoras" não são de fato aceleradoras
O modelo de aceleração surgiu entre 2005 e 2006, com a Y Combinator em Boston, seguida pela Techstars em Boulder. Desde então essas duas aceleradoras tem sido a referência para um programa de aceleração de excelência. Outros programas seguiram modelos similares e estão obtendo bons resultados, como a 500 Startups, AngelPad, Seedcamp e Wayra.
Nos últimos dois anos tivemos o surgimento de diversos programas focados em apoiar as startups aqui no Brasil, assim como em todo mundo. Muitos desses, inclusive programas de grandes empresas, estão se intitulando como Programa de Aceleração de Startups de forma equivocada.
O Brasil está passando por um momento parecido com o que aconteceu nos Estados Unidos alguns anos atrás. Na época, para gerar mais clareza sobre o assunto e apoiar as instituições interessadas em fazer um bom trabalho, a Techstars, em parceria com outras 16 aceleradoras, fundou a Global Accelerator Network (GAN).
Brad Feld, junto com David Cohen, foi o idealizador da GAN, e eis o que ele escreveu sobre esse assunto em seu blog, em 2013:
…aceleradoras estão surgindo em todo o mundo. Algumas aceleradoras são de altíssima qualidade. Outras não. Algumas são grandes contribuintes para suas comunidades de startups. Outras são prejudiciais. Como tudo que é novo e cresce rapidamente, é um sistema caótico com muita inovação, destruição criativa, e mudanças rápidas e aprendizados que — se feitos corretamente — são grandes exemplos do poder da abordagem da Startup Enxuta ao empreendedorismo.
Os critérios que a GAN utiliza para definir um programa de aceleração de qualidade são:
- Programa tem duração entre 3 e 6 meses.
- Proporciona investimento financeiro semente para os fundadores.
- Pega uma pequena parcela de equity (normalmente em torno de 6%) e em geral os termos são favoráveis aos empreendedores.
- Acelera não menos que 5 e não mais do que 12 empresas por programa.
- Fornece as empresas com 40–80 mentores.
- Tem fundo para pelo menos dois anos de execução do programa.
- Possui espaço físico aonde o programa é executado.
- Tem um time executivo forte que, normalmente, já foram empreendedores de sucesso.
Susan Cohen, professora da Universidade de Richmond e diretora do Seed Accelerator Rankings Project definiu aceleradoras como:
Um programa de prazo determinado, baseado em turmas, incluindo componentes de mentoria e educação que culmina em um evento público de apresentação ou demo day.
Um estudo da Brookings Institution, destacado na Harvard Business Review, analisou cerca de 700 organizações que se intitulam aceleradoras e com base na definição de Susan Cohen, menos de 1/3 desses programas preenchem esses requisitos mínimos. Ou seja, duas de cada três “aceleradoras” não são de fato aceleradoras.
Meu receio é que essas “aceleradoras” que não são aceleradoras, estejam deixando uma má impressão no ecossistema e criando uma cultura enviezada do que deveria ser um ambiente saudável para o empreendedorismo e a inovação.
Não tenho nada contra os programas de apoio a startups e empreendedores, são super importantes e valiosos, quando bem executados, mas é preciso separar bem o que é o que. Hoje é fácil encontrar startups que participaram de três ou quatro "programas de aceleração", mas ao analisar com calma, percebe-se que apenas um desses realmente foi aceleração.
Isso pode ser muito prejudicial ao próprio empreendedor e sua startup. Imagina uma startup levantando uma rodada de investimento e dizendo que participou de 5 programas de aceleração. A primeira impressão que o investidor vai ficar é que a startup não sabe escalar seu negócio (pra que participar de 5 programas?), sem contar a péssima imagem que o investidor deve ter ao imaginar a cap table daquela startup.
O que você acha? Concorda que nem tudo deveria se chamar de aceleração ou acha que qualquer programa que apoia o empreendedor/startup pode ser chamado de aceleração?
Link: http://seedrankings.com/pdf/seed-accelerator-phenomenon.pdf