A política também tem empatia
Não tem um momento da minha vida que eu não lembre de não ter sido uma sujeita ativa politicamente, ainda mais sendo mulher. Mas hoje o foco desse texto é diferente do gênero.
Quando eu era pequena, ia a muitas carreatas, comícios e adorava assistir propaganda eleitoral (uma criança estranha e com um hiperfoco em política sim). Sempre com a bandeirinha do PT com minha mãe e meu avô. Meu avô, inclusive, é a cara do Olívio Dutra. Meu pai, mesmo sendo militar, por quase toda a vida, até 4 anos atrás, votou sempre no PT. Eu cresci numa família progressista, teoricamente falando. Cresci acreditando que todos devem ter as mesmas condições de vida, os mesmos direitos a uma educação e saúde pública de maneira gratuita e de qualidade. Aprendendo a amar e respeitar os animais e a natureza, sempre vivi com muitos bichinhos.
No ponto que eu quero trazer hoje, a gente vive num sistema que desde sempre busca nos colocar numa posição de exploração cíclica, do nosso esforço humano e dos recursos naturais, que muitos bilionários acreditam ser infinitos.
Somos criados para sobreviver, vendo tudo que estimamos se esvaindo por conta da ganância humana, que não tem limites, por sinal. As queimadas, já recorrentes e descontroladas, frutos do latifúndio e da exploração como garimpo nos trazem o pior cenário mundial, mas mais impactante para o Brasil neste primeiro momento.
Quanto vale destruir o mundo sabendo que não se tem pra onde correr? Sabendo que muitas pessoas vão sofrer em decorrência da escolha de uma minoria, a escolha, para mim, é muito fora de órbita. Visto que aprendemos constantemente a amar ao próximo, mas focando na empatia, em entender que aquela dor não é minha, mas que eu entendo e sinto muito por isso. Acho que a política tem dessas. Enquanto um lado tenta consolidar uma política de destruição, de “empatia” com a destruição e a exploração, o outro lado tem empatia pelo prato de comida na mesa de quem não teve oportunidade, pela oportunidade de poder descansar e crescer em um mundo seguro e saudável ambientalmente.
Porém, o que vemos nos últimos anos é a venda de direitos, propriedades e valores em troco do lucro e do enriquecimento de uma minoria detentora do capital que nos insere num buraco cada vez mais. Quanto vale as nossas vidas e o futuro do planeta?
Agro é pop, agro é fogo, agro é destruição.