Desmistificando o famoso 1:1

Vanessa Gomes
4 min readSep 11, 2020

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Oi, sumida! Tudo bom? Rsrsrsrs… Voltei pra falar de um assunto massa! Segue o bonde!

Conversando com várias pessoas na área de tecnologia comecei a entender que conversas do tipo “1:1” tem sido uma prática cada vez mais buscada nas equipes. Tenho atuado como líder técnica nos últimos 3 anos e falo deste assunto porque essa é uma prática consistente nas equipes onde estive.

O famoso 1:1 pode servir para muitos objetivos. Por conta disso, surgem muitas dúvidas sobre:

  • O que é 1:1?
  • Quem deve marcar esse tipo de conversa?
  • Sobre o que eu devo falar?
  • Com que frequência devo marcar os 1:1s?
Imagem de duas pessoas conversando e olhando uma para a outra.

Tradicionalmente, reuniões 1:1 (leia "um a um" ou "one-on-one") são reuniões entre duas pessoas geralmente caracterizadas por serem momentos onde se compartilham avaliação de desempenho, feedbacks de melhoria ou devolutivas salariais.

Trago aqui um pouco da minha experiência e insights tanto como desenvolvedora (dev) quanto como líder técnica. Acredito que essas dicas podem ajudar tanto as pessoas que estão em empresas que encorajam esse tipo de troca dentro dos times quanto para quem quer começar.

Tá, Vanessa. Eu vou marcar um 1:1 mas não sei sobre o que vou conversar. Tem algum formato específico?

Você pode falar sobre qualquer coisa. Não existe um modelo ideal e tudo depende de como as pessoas se sentem mais à vontade em começar a conversar.

Converse sobre desempenho, troca de feedback, alinhamento de expectativas sobre a atuação e desenvolvimento pessoal tanto seu quanto da outra pessoa. Tente também trazer feedback sobre pontos positivos e construtivos para a pessoa com a qual você vai se reunir. Reforce bons comportamentos, boas práticas, boas entregas e converse sobre oportunidades/pontos de melhoria individuais.

O 1:1 pode mudar seu formato a depender de quanto tempo faz que as duas pessoas estão trabalhando juntas.

Insight: exponha para as pessoas as áreas onde você está procurando crescer, para onde quer ir em termos de carreira, que áreas você gostaria de receber feedback.

Quando juntas há um tempo na equipe, uma sugestão é trazer diversas áreas como:

  • Quais os seus desafios atuais?
  • O que está indo bem?
  • O que não está indo bem? Coisas chatas do projeto, na equipe, nas práticas…
  • Oportunidades de interesse
  • Troca de feedback
  • Brainstorm de qualquer tópico que a outra pessoa esteja interessada

Insight de líder técnica: marque 1:1s recorrentes com as pessoas do seu time. Converse sobre o desempenho das pessoas e compartilhe desafios no projeto e quais deles a pessoa gostaria de priorizar.

Ok, e quando estamos entrando na equipe?

Nesses casos a abordagem pode ser um pouco mais generalista:

  • Pergunto para a outra pessoa sobre as áreas de trabalho favoritas e o que ela menos gosta daquele contexto/equipe.
  • Tento entender quais os desafios atuais na visão da pessoa que são empolgantes, quais as áreas de melhoria do time e como essa pessoa está relacionada nesse processo de melhoria.
  • O que essa pessoa espera atingir naquele time no curto/médio prazo…
  • Sobre mim, trago como eu me encaixo no time, o que eu fiz anteriormente que se encaixa nos problemas do time em questão, etc.

Por fim, quando estou recebendo pessoas novas no time:

  • Pergunto como era o contexto da pessoa na equipe anterior
  • O que ela gostaria de aprender, desenvolver ou atingir no time?
  • Coisas que ela se preocupa pessoalmente ou tem medo no curto/médio prazo.

Insight: como você poderia ajudar a equipe dentro das áreas de melhoria?

Dá para perceber que o conteúdo é similar, apesar da diferença de contexto entre pessoas no time.

Vanessa, quem vai dar o primeiro passo e marcar esse tipo de conversa?

Idealmente, qualquer pessoa dentro da equipe deve marcar. Se essa não é uma prática difundida, experimente conversar com pessoas e dizer que você quer conversar com elas e dar uma prévia do assunto da reunião.

Além disso, tenha certeza de que 1:1s não são um evento especial marcados a cada 6 meses. Tente manter uma cadência saudável e converse com pessoas da sua equipe pelo menos uma vez por mês.

Tá, Vanessa. Parece lindo fazer 1:1. É uma prática infalível?

Não. Ter 1:1s dá trabalho, é cansativo manter um registro (físico e/ou mental) de cada pessoa no seu time. Requer tempo, dedicação, técnica, empatia e muitas outras habilidades. Quando dá certo os resultados são muito bons tanto para o crescimento da equipe quanto o fortalecimento nos relacionamentos. Contudo, nem todas as pessoas estão habituadas ou se sentem confortáveis em momentos como esse. Muita gente pode ficar nervosa, não se sentir segura para dar feedback entre tantos outros motivos.

O essencial é tentar encontrar formas de ter espaço para conversar com as outras pessoas do time. Se não for num formato de 1:1, que seja jogando algo online, um café (virtual ou não), durante um pareamento ou outra forma que você encontre.

Quero aprender mais sobre feedback, comunicação não-violenta, influência… O que eu faço?

Tem muito material disponível que podem ajudar em habilidades essenciais para conversas difíceis, momentos de feedback entre outros. Alguns materiais cujo conteúdo é interessante. Leia sempre com uma avaliação crítica pois nem todo conteúdo é verdade absoluta.

  • Obrigado pelo feedback: A ciência e a arte de receber bem o retorno de chefes, colegas, familiares e amigos. Por Sheila Heen (Autor), Douglas Stone (Autor), Renata Guerra (Tradutora).
  • Crucial Conversations. Tools for Talking When Stakes Are High, Second Edition. Por Kerry Patterson, Joseph Grenny, e outros.
  • Comunicação não-violenta: técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais. Por Marshall Rosenberg.

Eu acredito que por meio de conversas e troca de experiências podemos conseguir um relacionamento de trabalho muito saudável e com mais confiança entre as pessoas.

O que você acha? Vale a pena ter 1:1? Que outro material é interessante?

Mais para frente quem sabe não falamos sobre feedback? Nos vemos em algum outro texto!

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Vanessa Gomes

Entusiasta de percussões e desenvolvedora de software nas horas pagas.