O primeiro ano da Data Visualization Society (DVS) e a importância da visualização de dados

Vinícius Cassio Barqueiro
Datavizzing 📊💡
5 min readMar 31, 2020

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* also available in English

Em fevereiro de 2019, foi lançada a Data Visualization Society (DVS), uma comunidade virtual de profissionais e interessados em visualização de dados.

Para comemorar seu aniversário, em fevereiro de 2020 a DVS lançou um desafios: criar visualizações de dados sobre o primeiro ano, a partir da base de dados de membros.

A seguir, como aprendiz e entusiasta do assunto, compartilho minha tentativa de narrar com dados a história do primeiro ano da DVS.

Visualização de Dados

Visualização de dados é a arte de representar visualmente informações quantitativas, facilitando a compreensão por parte do cérebro humano.

Há vários exemplos na história que mostram o poder da visualização de dados. Em 1854, John Snow ajudou a entender a epidemia de cólera em Londres por meio de um mapa que mostrava a relação dos casos com uma bomba de água, ajudando o governo a conter a doença.

Mapa de John Snow mostra em 1854 que os casos de cólera em Londres se concentravam próximos a uma bomba de água. Essa solução visual ajudou a compreender e combater a epidemia.

Outro exemplo, muito mais recente, envolve o COVID-19. Muita gente não entendia por que adotar medidas extremas para conter o contágio, já que a taxa de letalidade não é muito alta. Até que o gráfico de Drew A. Harris, publicado na revista The Economist no começo de março, passou a ser usado como uma maneira eficaz de explicar o impacto da mitigação no sistema de saúde.

Gráfico de Drew A. Harris mostra que o número de pessoas contaminadas pode superar a capacidade do sistema de saúde se não forem tomadas medidas protetivas

O primeiro ano da Data Visualization Society (DVS)

Em um ano, a DVS passou e 2511 membros no primeiro mês a 11573 no final do primeiro ano.

1. Nível de proficiência dos membros

No momento da inscrição na DVS, os membros preenchem um questionário de autoavaliação sobre três quesitos.

  • Dados (Data): habilidades de coleta, sanitização e análise de dados
  • Visualização (Visualization): habilidades de design, narrativa (storytelling) e construção de gráficos
  • Sociedade (Society): liderança, gestão e engajamento nos fóruns e eventos sobre visualização de dados

Para cada quesito é atribuída uma nota de 0 a 5. Com base nessa nota, há três faixas de proficiência:

  • Novatos (Novice-Learning): 0 a 2
  • Intermediários (Beginning-Intermediate): 2 a 3,75
  • Especialistas (Advanced-Expert): 3,75 a 5

Ao final do primeiro ano, a distribuição dos 11573 membros em relação aos quesitos e faixas é a seguinte:

Com base nesses números, percebemos que:

  • Intermediários são maioria nos três quesitos. Visualização (visualization) concentra o maior percentual de intermediários (7191, 62%)
  • Especialistas são minoria nos três quesitos. Dados (data) concentra o maior percentual de especialistas (1860, 16%)
  • Há mais novatos do que especialistas nos três quesitos. Sociedade (society) concentra o maior percentual de novatos (1425, 33%)

Como cada quesito pode ter três faixas, são possíveis 27 combinações diferentes de membros.

As combinações mais frequentes são:

  • Intermediários nos três quesitos, com 3507 membros (30% do total)
  • Novatos nos três quesitos (1476, 13% do total)
  • Intermediários em dados e visualização, mas novatos em sociedade (1425, 12% do total)

Já as combinações mais raras são:

  • Especialistas em visualização, mas novatos em dados e sociedade (apenas dois membros)
  • Especialistas em visualização e sociedade, mas novatos em dados (apenas dois membros)
  • Especialistas em dados e sociedade, mas novatos em visualização (nenhum membro no primeiro ano).

Confira a seguir a distribuição completa. Se estiver usando celular, ou mesmo se preferir, acesse a tabela de distribuição das 27 possibilidades em nova janela para visualizar melhor.

Quanto à evolução da proficiência dos membros ao longo do primeiro ano, adotando como proficiência geral a média simples dos três quesitos, temos o seguinte:

Com exceção do “boom” de crescimento no primeiro mês, no primeiro ano o ritmo de crescimento foi estável nos três níveis.

Desde o início, cerca de um décimo dos membros são especialistas. Quanto aos demais níveis, houve mudança na proporção: o percentual de intermediários caiu de 68% para 62%, enquanto o percentual de novatos subiu de 20% para 27%. Com isso, notamos que DVS tem sido acessível e inclusiva também para o público mais leigo.

2. Geolocalização

A DVS também disponibilizou dados de geolocalização de seus membros.

Com base neles, percebemos que no primeiro mês os membros se concentravam principalmente na Europa e nos EUA.

Ao final do primeiro ano, aumentou levemente a distribuição ao redor do mundo, embora a DVS ainda tenha sua maioria de membros na Europa e nos EUA.

3. Próximos anos

Para os próximos anos, a DVS tem os desafios de seguir relevante — como na atuação voluntária diante do COVID-19 — e conseguir chegar a profissionais e interessados de outras partes do mundo, eventualmente com materiais não apenas em inglês. Acessibilidade e inclusão também são temas a serem aprofundados nos materiais e discussões.

Fontes e Créditos

Versão resumida no Flourish

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Vinícius Cassio Barqueiro
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Aqui, compartilho crônicas e materiais sobre futebol, educação, política, acessibilidade, design de informação e visualização de dados.