Análise de desempenho no esporte. Mas o que é isso?

Vitor Hugo Sarvas
3 min readJun 24, 2020

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De um tempo para cá ouvimos falar muito sobre uma tal de “análise de desempenho” que entrou no esporte. Equipes de expressão no futebol europeu, o rugby, a NBA, o futebol australiano e diversas outras ligas e modalidades em todo mundo tinham esse tal de “setor de análise de desempenho”. Mas afinal, o que é isso e todos eles são iguais?

Primeiro precisamos entender o conceito da análise de desempenho no esporte. O esporte tem influência de diversos fatores durante seus processos, fazendo com que ele deva ser encarado com uma visão sistêmica, ou seja, deve-se conhecer o conceito e as características do sistema para poder fazer uma análise ou inferência do mesmo. Isso não quer dizer que você deve conhecer todas as táticas possíveis, treinos, técnicas e decisões da modalidade, mesmo porque isto seria uma tarefa tão simples quanto fazer malabarismos com planetas. Mas diz que você deve entender como o jogo se comporta, suas restrições, o que os atletas podem realizar, as influências externas que se aplicam nela, etc.

Nesse momento você para e pensa “tá, mas isso te faria um treinador, assistente técnico ou qualquer coisa assim, não?” e a resposta é NÃO. Analistas de desempenho tem por definição uma função de controle enquanto treinadores e assistentes técnicos uma função executiva. Analistas fornecem informações para os treinadores tomarem decisões com mais precisão. Isso tem muito a ver com a natureza básica do fluxo de trabalho. Analistas de desempenho trabalham com dados para poderem gerar informações, enquanto os treinadores trabalham com informações para gerar decisões. Atletas, em um grau diferente, também trabalham com informações para gerarem decisões.

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Então chegamos a mais um ponto delicado das funções do analista de desempenho. Somos então cientistas de dados (ou o agora popular termo data scientist)? E a resposta é sim. Mas e os vídeos que todo mundo fala que vocês tem, vocês não são editores deles? E a resposta também é sim. Como já escrevi neste artigo, nosso material básico de trabalho são dados e eles podem vir de diversas formas e de diversas fontes. Um analista de desempenho deve entender sobre o jogo, mas também deve entender sobre a preparação física, sobre a nutrição, sobre a fisioterapia, sobre edição de vídeo, sobre o campeonato e tudo que o envolve. Porém o essencial é que ele tenha a capacidade de captar esses dados e os transformar em informações relevantes para técnicos, preparadores físicos, nutricionistas, fisioterapeutas e todos os envolvidos nos processos da equipe. Um preparador físico e um treinador possuem necessidades diferentes de informações mas que podem, muitas vezes, ser retirados dos mesmos dados. Costumo dizer que somos os “patos”: nós nadamos, voamos e andamos. Sabemos um pouco de cada área que envolve a modalidade para poder obter informações que fazem diferença no dia-a-dia e nas competições.

Podem ser utilizados como fonte de dados desde os complexos analytics da NBA até o vídeo gravado da arquibancada no meio da torcida na final do campeonato sub-12, mas o que você faz com eles é o que faz a diferença. As premissas, os tratamentos e como você expõe essas informações para cada interessado é o que de fato faz a diferença. E uma baita diferença.

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Sugestão de livros que foram usados para escrever este texto:

  • Teoria Geral de Sistemas: Fundamentos, desenvolvimento e aplicações -Ludwig Von Bertalanffy
  • Basketball on Paper: Rules and Tools for Performance Analysis — Dean Oliver
  • Moneyball: The Art of Winning an Unfair Game — Michael Lewis

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Vitor Hugo Sarvas

Analista de desempenho esportivo querendo ajudar o mundo a entender o que é isso.