Governança corporativa: princípios, meio, mas sem fim
Os princípios e práticas da boa governança corporativa aplicam-se a qualquer tipo de organização, independentemente do seu tamanho ou natureza jurídica. Governança corporativa é o sistema pelo qual as organizações são dirigidas e monitoradas. Acima de tudo, é um conceito que visa converter princípios em recomendações objetivas, alinhando interesses de todas as partes relacionadas — acionistas, clientes, colaboradores, fornecedores, governo e sociedade. Sua finalidade é maximizar o valor das organizações, contribuindo para a sua longevidade. O atual momento é propício à discussão do tema, e o principal questionamento é quanto à validade desse modelo.
Governança corporativa é o sistema pelo qual as organizações são dirigidas e monitoradas.
A governança é construída por princípios básicos. A transparência aborda a disponibilização de todas as informações relevantes para as partes relacionadas, e não apenas as impostas pela lei. Já a equidade defende o tratamento justo e equânime a todos, sem qualquer discriminação. A prestação de contas indica que os agentes de governança assumam integralmente as consequências de seus atos e também de suas omissões. E por último, a responsabilidade corporativa zela pela sustentabilidade social e ambiental, visando à perenidade das organizações.
O que há de errado nesses princípios? Não há o que suscite questionamentos, pois são princípios fiéis aos modelos democráticos que buscam relacionamentos longevos. Porém, estruturas de governança sozinhas não fazem milagres, pois não basta apenas aderir ao modelo. É necessário focar-se na adoção de tais conceitos e implementá-los nas diversas instâncias de uma corporação por seus administradores e colaboradores, que serão seguidos pelos stakeholders, que se familiarizam com as boas práticas.
Empresas familiares, segundo o IFC (International Finance Group), braço do Banco Mundial, são responsáveis por 60% a 65% do PIB de diversos países desenvolvidos. Entretanto, 95% dessas organizações não sobrevivem à transferência de bastão à terceira geração das famílias, segundo a mesma instituição. Empresas familiares são, em grande maioria, estruturas fusionadas, em que propriedade, gestão e família se misturam.
Muitas são as motivações que levam empresas familiares a adotarem boas práticas de governança corporativa. Entre elas estão tornar a companhia perene, profissionalizar a gestão, facilitar o acesso a recursos financeiros, reter talentos, melhorar relacionamentos com clientes e fornecedores, mitigar riscos, administrar conflitos de forma mais eficiente e revisar constantemente e estrategicamente seu propósito.
A equidade defende o tratamento justo e equânime a todos, sem qualquer discriminação.
Certamente é um caminho árduo, que requer muita comunicação entre os envolvidos, sejam eles irmãos, sejam pais e filhos, tios e sobrinhos, avós e netos, primos. O que é explicado por um é exatamente o que é entendido pelo outro, e, principalmente, vice-versa. Os que se aventurarem nesse caminho serão recompensados. Não com um final feliz, mas com uma jornada feliz. Governança corporativa não é o fim, mas o meio.