Preservação do Patrimônio Familiar
Muitas famílias focam-se em encontrar bons investimentos com bons retornos, mas com objetivos puramente voltados ao seu capital financeiro. Será que estas famílias realmente sabem o que estão buscando, quais são os seus verdadeiros objetivos? O que realmente necessitam?
Temos excelentes empreendedores, com grande capacidade de gerenciar suas empresas de forma profissional. Métricas gerenciais, planejamento estratégico, bons executivos e muitas vezes inclusive com certo nível de Governança Corporativa. Por que estes empreendedores não conseguem ter esta mesma diligência que é dada para suas empresas ao tratamento de seus patrimônios pessoais? Sendo que muitas vezes este patrimônio pessoal pode ser maior, ou significativo quando comparado aos seus próprios negócios.
Famílias empresárias, através de seu conselho de família, deveriam se concentrar no planejamento estratégico de seu principal ativo, a família. Elas deveriam olhar para o futuro, para o longo prazo, planejar. Querem manter o poder de compra de seu Capital Financeiro para as gerações futuras ou se pautarão por consumi-lo ainda em vida? Tendo esta resposta, fica o trabalho diário de buscar tais objetivos para profissionais habilitados, familiares ou não, através da criação de uma estrutura segregada e dedica a estas tarefas — um Family Office ou Escritório de Família.
Elas deveriam olhar para o futuro, para o longo prazo, planejar.
Numa analogia entre estruturas de Governança Corporativa e Governança Familiar, poderíamos dizer que a família, ou o Conselho de Família, está para o Conselho de Administração, assim como o Escritório de Família (Family Office) está para a diretoria executiva. A família deve ter sempre a visão estratégica do patrimônio, ficando a busca diária do cumprimento de tais objetivos, de cruto e médio prazo, ao Family Office. A Família dirige de faróis altos e o Family Office de faróis baixos.
Assim, o Family Office é uma estrutura independente, segregada da companhia familiar. É o responsável pela administração do patrimônio familiar acumulado ao longo das gerações, sejam recursos financeiros, intelectuais ou sociais. Por tratar-se de uma estrutura, ela deve ser perene às gerações. Esta administração deve ser feita de forma profissional, com metas e objetivos, que foram traçados pelo Conselho de Família.
A Família dirige de faróis altos e o Family Office de faróis baixos.
Em estruturas de Governança Familiar modernas, as famílias empresárias aceitam a ideia de que o principal ativo é a própria família. A família é o ”negócio”. Assim, a realização pessoal de cada membro é imprescindível para que se atinja um equilíbrio familiar e, por conseguinte, a integridade da família. Esta integridade, por consequência, levará à preservação da empresa familiar.
Capital financeiro, podemos ganhar ou perder, em parte devido a nossas habilidades, mas também devido a conjunturas, sejam políticas ou econômicas. Já capital intelectual, uma vez adquirido, nunca mais se perde. É ele o principal responsável pela possibilidade de criação e geração de mais capital financeiro e pelo sucesso daqueles que perderam tudo, mas “deram a volta por cima”, na grande maioria dos casos. Neste sentido, é a melhor herança que se pode deixar para as gerações futuras.