Linguagem Cinematográfica — Conceitos Básicos
Como parte do estudo da matéria de produção de vídeo no último ano da graduação, foi proposto para que nós alunos, criássemos alguma mídia para compartilharmos os conhecimentos absorvidos em aula. Nesta primeira publicação, tendo trazer um pouco dos conceitos básicos da linguagem cinematográfica que aprendi em aula, e claro tento trazer com as minhas próprias palavras e com algumas referências minhas, já que costumo acompanhar muitas séries e filmes. Chega de papo introdutório e vamos ao que interessa.
A linguagem cinematográfica trabalha de forma estruturada como toda comunicação, explora a subjetividade, o olhar do espectador e sua percepção.
As imagens são organizadas para produzir um sentido, e estas imagens podem ser uma representação do real ou uma imagem imaginária, como vemos principalmente em filmes de ficção. Vale lembrar que a subjetividade será sempre diferente para cada espectador, pois ela é moldada a partir das experiências culturais vividas por cada um, e é exatamente isso que forma o seu olhar e percepção.
Mas afinal, o que é imagem? Imagem nada mais é do que a luz que é refletida em nossos olhos e faz com que sejamos capazes de enxergar o mundo como ele é. A imagem pode ser formada como uma forma de lembrança através das nossas memórias ou uma representação do presente, e são um registro da relação espaço/tempo.
Imagem - Tempo
Imagem tempo é a relação do exato momento da captura da imagem com o tempo, ou seja, é o instante em que a imagem a imagem é registrada em um tempo de exposição da câmera, como se fizesse um recorte do real no tempo.
Estas imagens são vistas através das fotografias, onde conseguimos capturar uma imagem dentro um exato momento.
Imagem - Movimento
É através da imagem movimento que surge o cinema, ao contrário da image tempo, a imagem movimente possui uma relação horizontal com o tempo, onde apresenta uma continuidade do momento registrado. A ideia de imagem movimento surgiu a partir do momento que descobriram que se fossem tiradas 24 fotos seguidas, as imagens capturadas quando expostas apresentariam um sequência de movimentos registrados. O primeiro registro histórico de imagem movimento é o filme dos irmãos Lumiére, em 1895.
A partir destes conceitos, a linguagem cinematográfica começou a ser moldada e usada em diversos momentos históricos ao redor do mundo.
A partir da primeira guerra mundial, a produção de conteúdo visual e de comunicação desempenharam um papel fundamental na formação da opinião pública. Com a inclusão da narrativa nas produções do cinema e na comunicação como um todo, os governante passaram a ter poder e controle sobre as massas com seus discursos.
A narrativa no cinema é construída por diversos elementos, falaremos neste primeiro momento de apenas 3 deles, que serão: os planos, movimentos de câmera e captação das imagens.
Planos
Os planos são os distanciamentos da câmera em relação ao objeto e a organização destes objetos dentro de um enquadramento. Podemos definir os planos em 3 grupos: Plano Geral, Médio e Detalhe.
Plano Geral
No plano geral o objeto gravado e principal elemento da cena é o ambiente.
O plano geral dentro do cinema normalmente tem caráter descritivo, ou seja, mostrar ao espectador o ambiente onde está se desenvolvendo a narrativa.
Veja um exemplo abaixo, que se passa no filme O Hobbit — A Batalha dos Cinco Exércitos, o objetivo do diretor nesta cena é justamento mostrar o ambiente lotado pelo imenso exército.
Plano Médio
No plano médio o principal elemento torna-se o sujeito ou algum assunto específico que o diretor tem a propor ao expectador. Os planos médios também podem ser usados de forma descritiva da cena, mas podem trazer as sensações ou sentimentos do objeto gravado para perto do espectador.
Quero trazer como exemplo uma das cenas mais empolgantes que vi recentemente, que vem da séria original Marvel/Netflix — O Demolidor, a cena do corredor, que muitos devem ter visto ou ao menos ouvido(lido) a respeito. Nesta cena além de descrever o ambiente em que se desenrola toda ação (muito bem coreografada, diga-se de passagem), como passa toda a adrenalina do personagem na cena.
Plano Detalhe
O plano detalhe tem por objetivo dramatizar a cena gravada, trazer emoção, dar destaque aos gestos ou fisionomia do objeto gravado. Como exemplo eu trago uma cena da série original HBO — Game of Thrones. A cena traz o sofrimento do personagem Joffrey enquanto o mesmo estava prestes a falecer. (Acredito que esta cena foi uma das mais aguardadas da série! Hehehe)
Cortes
Os cortes são usados para estabelecer uma relação entre os planos e dar continuidade a narrativa, e servem tanto para descrever quanto para dramatizar os planos gravados. Existem três tipos de cortes, o corte seco, o plano sequência e as transições. Nos cortes secos temos três variações, sendo uma delas o Cut-In, que é usado para mostrar um detalhe do plano “A” em um enquadramento mais fechado, resultando em um plano “B”.
O Pull-Back é a segunda variação do corte seco, ele é usado de forma contrário ao Cut-in, onde o plano “B” está em um enquadramento mais aberto que o plano “A”, criando um efeito como se fosse um salto da imagem para trás.
E a terceira variação é o Cut Away, que é usado para apresentar imagens em planos distintos um do outro, não havendo um continuidade direta entre os planos.
Neste vídeo podemos ver como funcionam os corte na prática, o que as vezes não percebemos enquanto somos espectadores de uma produção cinematográfica.
Plano sequência
O plano sequência ou movimentos de câmera é a gravação através de um movimento contínuo da câmera, geralmente mais longos e sem a presença dos cortes secos ou transições. O Plano sequência tem uma grande importância na narrativa, pois dependendo do plano gravado e do que foi planejado, ele traz a descrição do ambiente gravado quanto traz uma dramatização para narrativa, dependo do movimento e velocidade em que é usado. Existem diversos movimentos de câmera, sendo eles:
• Panorâmica: Movimento descritivo de uma cena de forma horizontal;
• Travelling: Literalmente um movimento da câmera, onde a câmera se movimenta em direção ao objeto gravado ou se afasta dele, seja da direita para a esquerda ou de cima para baixo e vice e versa;
• Zoom-In e Zoom-Out: Recurso da lente da câmera que permite aproximar (In) ou afastar (Out) o objeto gravado sem a necessidade de movimentar a câmera;
• Câmera alta: Enquadramento do objeto gravado de cima para baixo, geralmente usado para transmitir a sensação de inferioridade.
• Câmera baixa: Ao contrário da câmera alta, geralmente é usada para dar a sensação de superioridade.
• Câmera na diagonal: Usada para gerar um desequilíbrio na imagem e criar tensão.
• Câmera subjetiva: São as câmeras que permitem ao espectador assistir a cena em primeira pessoa, como se fosse os olhos dos atores. Deixarei um belo exemplo de câmera subjetiva em um vídeo abaixo.
Neste vídeo podemos ver como o plano sequência é usado nos filmes:
E este vídeo abaixo, é o exemplo específico para a câmera subjetiva, este vídeo na verdade é um teaser de um filme que será lançado agora em Abril/2016, chamado Hardcore Henry, e prometo trazer uma experiência totalmente diferente para o cinema.
Transição
A transição é o efeito de mesclar a imagem uma a outra, ou um plano ao outro, também é conhecido com o termo em inglês Fade (In/Out) para as transições que mesclam a imagem como se uma estivesse “apagando” e a outra “aparecendo”, e também conhecido como Fusão, onde as imagens são sobrepostas umas das outras de forma mais “seca” apenas deslizando de um canto da tela ao centro.
Nesta minha primeira experiência com publicação de conteúdo, tentei trazer a forma como eu entendi a linguagem cinematográfica apresentando os conceitos básicos, nas próximas publicações trarei mais análises específicas de um trabalho. A ideia era apresentar os conceitos básicos para que nas publicações seguintes, àqueles que leem este humilde texto, saiba quais são os termos usados e os significados de cada um.
Um abraço e bons filmes/séries. Até a próxima.
