Mark ficará à frente da presidência do Sindiverde pelos próximos três anos (FOTO: Reprodução/Fiec | ARTE: William Barros)

#CEARÁRECICLA

Sindiverde: “O que uns chamam de lixo pode ser matéria prima para outros”

Para encerrar a série #CearáRecicla, Mark Augusto Lara Pereira, que lidera o empresariado da reciclagem no Ceará, fala sobre avanços e desafios do setor

William Barros
William Barros
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5 min readApr 3, 2020

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Entrevista que encerrar a série #CearáRecicla, produzida para o portal Tribuna do Ceará em 2019. Ganhadora do 1º lugar na categoria “Webjornalismo”, do Prêmio ExpoRecicla 2019.

Mark Augusto Lara Pereira é presidente do Sindicato das Empresas de Reciclagem de Resíduos Sólidos Domésticos e Industriais do Estado do Ceará (Sindiverde) desde 2018. Em entrevista ao Tribuna do Ceará, o empresário falou sobre a situação das empresas de reciclagem no estado, destacou o papel da Política Nacional de Resíduos Sólidos, e reafirmou a importância da entidade que representa.

Nascido no Mato Grosso, Mark mora em Fortaleza há 23 anos. Atualmente, é ele quem administra a Limptudo, empresa de propriedade da sua família. O empreendimento atua na coleta, transporte e tratamento de resíduos sólidos.

Graduado em Administração, Geologia e Direito, Pereira estará à frente da presidência do sindicato até 2022.

Confira abaixo a conversa com o presidente do Sindiverde, na última matéria da série “Ceará Recicla”, sobre empresas que estão inovando no setor da reciclagem no estado.

Tribuna do Ceará Como surgiu a proposta para presidir o Sindiverde?
Mark Augusto Lara Pereira — Em 2015, houve uma lei que nos impedia de trabalhar aqui em Fortaleza. Lá na Fiec (Federação das Indústrias do Estado do Ceará), tem o setor jurídico, de coisas legislativas. Eu fui lá, procurando a melhor resposta para intermediar (a situação com a prefeitura). Conclusão: fui perceber que eu era a única empresa que estava realmente credenciada em Fortaleza. Os demais estavam pior que eu.

Fui participando das missões nacionais e internacionais, fui me interessando, fui me metendo mais. Em uma época, peguei alguns contratos no Cariri e fui nomeado diretor delegado da regional do Cariri pelo Sindiverde. Em sete meses, eu fiz 11 novos associados. Meu nome foi aparecendo.

Quando chegou a época de fazer uma chapa para presidir o Sindiverde, Doutor Marcos (Albuquerque, ex-presidente do Sindiverde) já estava fazendo o segundo mandato e precisava sair. Mostrei meu interesse e eles apoiaram meu nome. Foi chapa única.

À época da eleição, Mark afirmou que pretendia dar continuidade ao trabalho de Marcos Albuquerque (à direita da imagem) (FOTO: Reprodução/FIEC)

Tribuna Qual é a importância do trabalho desenvolvido pelo Sindiverde?
Mark — O Sindiverde é um sindicato patronal. Por ele, passam todas as formas de transformações de resíduos no estado do Ceará. Tem empresa de tudo, de reciclagem de entulho, de plástico.

O que uns chamam de lixo, para outros, pode ser a matéria prima para fazer sacolas, brinquedos. Nós temos um associado que transforma lixo em brinquedo, é a única do Norte-Nordeste.

O sindicato serve para aconselhar, intermediar. A prefeitura nos consulta antes de criar leis relacionadas a essas empresas, para saber se vai afetar no segmento. Pelo sindicato, a gente consegue envolver os associados em inovação, na busca por editais.

(O associado) sai do foco de só administrar sua empresa, pensando em importação, exportação e capacitação tanto dos funcionários quanto do próprio empresário. O associado que souber aproveitar essas oportunidades que aparecem terá grande enriquecimento para sua empresa.

Tribuna — A Lei Nacional de Resíduos Sólidos é uma das principais defesas do Sindiverde…
Mark — Positivo.

Tribuna Por que ela é tão importante?
Mark — Ela é importante para o setor porque hoje está no momento de tratar a logística reversa e a sustentabilidade, ou seja, reutilizando o lixo como matéria-prima. Mas ela é uma proteção, é o que nos proporciona trabalhar. Mas ela não é muito aplicada. A Lei Nacional de Resíduos Sólidos fala que os lixões vão ser extintos, com melhor controle, passando para os aterros sanitários. Só que nossos associados fazem isso pela lei. Essa lei é essencial para nós e nós somos essenciais para a comunidade, porque estamos tratando os resíduos. Antes, todos eram descartados em lixões. Estamos tirando do meio ambiente centenas ou toneladas de resíduos.

Tribuna Como é que você avalia esse seu início de trabalho?
Mark — Vejo bastante envolvimento. Os empresários estão procurando o sindicato para uma melhor orientação. Então, nesse engajamento, nós lançamos o Plano de Desenvolvimento Associativo. O pessoal está chegando, gostando, se envolvendo, fazendo os cursos que ofertamos. O elo associativo está muito maior. O engajamento de empresários está sendo muito maior nessa fase. Acho que também é pela crise nacional. Há um maior número de empresários chegando.

Mark e a nova diretoria foram empossados em 2018 (FOTO: Reprodução/FIEC)

Tribuna À época da posse, você e a nova diretoria elencaram algumas metas, como ampliar associados, levar a educação ambiental para escolas e prestar consultoria para as empresas. Você considera que elas foram atingidas?
Mark — A meta de novos associados foi completamente atingida. Nós incrementamos o Plano de Desenvolvimento Associativo. Só no mês passado, associamos mais sete empresas. Nossa base de associados está crescendo.

A consultoria para empresas está sendo prestada. Falamos sobre a Reforma da Previdência e do eSocial (plataforma para prestação das informações referentes às obrigações fiscais), que agora foi implantado pelo governo.

A educação ambiental nas escolas já ocorre. Estávamos fazendo na cidade de Uruburetama (a 110 quilômetros de Fortaleza). Este ano, levamos para empresas privadas e condomínios também. Mudamos a estratégia, porque existem condomínios que são verdadeiras cidades.

Tribuna E quais são as expectativas para os próximos três anos de gestão?
Mark — É a de que a gente consiga ajudar Fortaleza a melhorar essas leis, cessar essa cobrança da taxa do alvará, para que ajude os empresários a investirem no segmento de reciclagem em Fortaleza. Não é muito nossa função, porque não somos legisladores, mas é uma luta que nós temos que travar.

Confira as reportagens da série “Ceará Recicla”:

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William Barros
William Barros

Cearense, repórter na Folha de S.Paulo. Criativo, curioso e interessado em contar boas histórias.