Parábolas (ou o real motivo de eu contar histórias e não ser objetivo)

William Rouver
4 min readMay 7, 2019

Desde pequeno, assim como Jesus (olha a polêmica) eu gostava de explicar as coisas através de histórias.
Isso pra tudo.
Desde um pequeno ocorrido do dia, até uma fórmula de física (e eu odiava física).

A fórmula era algo como isso:

Através de histórias eu encontrava uma forma fácil de explicar onde eu queria chegar.

Olha, fulano, pensa comigo, ok? João, tava tranquilão, andando e decidiu olhar no gps, qual era a distância da sua casa pra chegar até o restaurante Prato Fino, e teve a informação de que eram apenas 120m. Do lado né? Daí ele olhou a hora que saiu, era 10 da manhã[…]

E de fato, as pessoas que escutavam histórias, conseguiam entender melhor o que o professor (ou eu) queria passar.

Isso me fez pensar.
Por que temos tanta falha na captação de mensagens? O problema está no receptor, em sua maioria, ou no emissor da mensagem?

A resposta é, a culpa é de ambos.

Culpa do receptor por não querer se esforçar quando recebe a mensagem para interpretar, e culpa do emissor por não tornar o ambiente confortável (ou familiar) para o receptor receber de forma agradável.

Só come metade.

O storytelling tenta fazer o encontro do conforto das duas partes.
Do emissor, pois ele terá como se guiar através de "Steps", e contar de forma mais descontraída, sem focar tanto em aspectos técnicos.
E do receptor, por estar familiarizado com uma espécie de "situação" cotidiana, ele se sente menos coagido, pois é um ambiente conhecido, e o que acontecer de novo, é apenas consequência.

E isso me fez lembrar Monteiro Lobato.

Contexto familiar de storytelling para crianças (ou adultos, vai saber né)

Quem nunca se deparou com uma fábula enquanto era criança? A que mais marcou minha vida foi a da lebre e tartaruga. Onde conta a história de quando uma tartaruga e uma lebre decidiram bater um racha que ia do Ibirapuera até a Paulista.

Mas o que de fato essa história queria trazer?
Era apenas para entreter?
Pra fazer criança dormir?
Ensinar a criançada que racha é uma coisa errada? (Pode ser hein)

Nada disso. A história, que prendia tanto as crianças, com início, meio e fim, tinha um objetivo maior.

Educar.

Educar a criança de que tudo tem o seu tempo, não adianta se apressar e "encostar" por mero comodismo.

O que passou na cabeça de Monteiro Lobato ao trazer algo tão pertinente em nossas vidas pra uma história infantil? Como ele pensou nisso?

A minha maior teoria é que ele se inspirou em Jesus.

Daí tava eu e meus manos, no Rio Nilo e pegamo um peixão desse tamanho aqui ó[…]

E isso não é um papo religioso, muito pelo contrário. Jesus era um exemplo nato de Storytelling.

Todos conhecem a clássica parábola do "bom samaritano", na qual Jesus dizia para os seus seguidores a amarem o próximo como amavam a eles mesmos. Através de uma história com narrativa. Início, meio e fim. Caso não conheça, vou deixar o link aqui.

E isso não apenas nessa, mas sim em várias outras parábolas, onde cada uma tinha um significado.

E assim, Jesus ia espalhando sua mensagem de forma clara e contextualizada.

Eu vi isso como um reflexo das fábulas que Monteiro Lobato escrevia.

Todas tinham início, meio e fim. Mas elas tinham um objetivo por trás.

Educar.

Cada um desses exemplos, foi de uma importância absurda pro meu desenvolvimento interpessoal.

E o mais importante:

Me educou.

Além de me educar com o real sentido de cada fábula, me educou sobre comunicação.

A maioria das vezes, tentamos ser objetivos por falta de tempo, ausência de interesse, ou coisas do tipo. Mas precisamos ter como exemplos, esses dois gigantes do storytelling.

Se você tem problema de comunicação em seu ambiente, tente contar histórias.

Tente mostrar a pessoa que você se importa com o como ela se sente ao receber a informação, que você entende do cotidiano dela e que se sente incomodado ao ver que ela não entende seu lado.

E como você faz pra montar uma história bem contada e com um fechamento impactante ou memorável?

Isso fica pro meu próximo artigo no medium. 😂

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William Rouver

Free talker de uber, analista de performance, designer, content, severino etc. Aqui exponho meus pensamentos diários e falo literalmente o que der na telha.