Marco Aurélio: 5 lições para aprender com as Meditações

Willian Melo
6 min readMar 21, 2019

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Marco Aurélio foi o chamado “último bom Imperador de Roma”. Apesar de ser o comandante de todo um Império, Marco Aurélio nunca abandonou o caminho da virtude e da sabedoria. Sempre, mesmo em meio a conspirações e tentativas de deposição, ele buscou ser uma pessoa virtuosa. E isso pode ser deduzido de seu diário, que chegou a nós em forma de livro, conhecido como Meditações. No texto de hoje, vamos ver 5 coisas que podemos aprender com o imperador filósofo.

Você tem as forças para manter o equilíbrio emocional

Quando a força das circunstâncias te deixar como que transtornado, volta depressa a ti mesmo; não fiques fora do ritmo além do necessário, porque serás tanto mais senhor da harmonia quanto mais frequentemente voltares a ela.

Você já se sentiu irritado com alguma coisa e, por conta disso, se trancou no quarto e se deitou? O que aconteceu quando você fez isso pela última vez? Você ficou com mais raiva ou se sentiu mais tranquila?

A vida possui seus momentos, mas somos nós que somos abalados por eles. Uma pessoa não te irrita: você se deixou irritar. Dessa maneira, se você se deixa levar pelas emoções, você também tem a capacidade de voltar à harmonia e ao ritmo padrão.

O que Marco Aurélio procura dizer a si mesmo na frase acima é, em suma, o seguinte: a capacidade de se manter emocionalmente estável é uma prática. Quanto mais você retornar à harmonia, mais será seu senhor.

Portanto, busque formas de se manter tranquila: quando se sentir irritada, respire e sinta as sensações do corpo. Quando se sentir triste, entenda que a tristeza é uma emoção natural, que está parcialmente sob seu controle e é passageira. Retorne, intencionalmente, à harmonia.

Um hábito simples para manter a alegria

Quando quiseres alegrar-te, põe-te a pensar nos méritos das pessoas de teu convívio; por exemplo, a eficiência desta, o decoro daquela e a liberalidade daquela outra e outras serventias de outras mais. Nada nos alegra tanto como os exemplos de virtudes manifestados nos costumes dos conviventes, reunidos em número tão grande quanto é possível. Por isso, devem ser mantidos à mão.

Você costuma admirar as pessoas que estão em seu dia a dia? Quantas vezes você pensa algo positivo sobre elas? Talvez você seja do tipo de pessoa que busca mais defeitos do que virtudes. Sendo assim, você pode alegrar a si mesmo com um hábito simples: perceba os méritos daqueles em teu convívio.

Sua amiga talvez seja a pessoa mais inteligente que conhece, enquanto seu amigo é uma pessoa engraçada e espontânea. Você também pode observar os feitos dessas pessoas. Pense em certa competição que seu amigo ganhou, ou na nota boa que eles conseguiram na prova.

Pare de sentir inveja e ficar triste com as conquistas dos outros. Ao contrário, utilize-as como fonte de alegria para sua vida.

Pratique ativamente a empatia

Habitua-te a dar plena atenção ao que outrem diz e, quanto possível, penetrar na alma de quem fala.

Marco Aurélio era imperador de Roma, um dos maiores impérios existentes na história da humanidade. Nem por isso, ele abandonava as pessoas que precisavam de sua ajuda. E o primeiro passo para que você possa ajudar alguém é, simplesmente, ouvir.

Na época de informação, vídeos em redes sociais e possibilidade de exposição de opiniões, falta uma coisa básica para cada um de nós: ouvir ativamente, sem julgamentos e sem pré concepções.

Se você deseja ser uma pessoa melhor, busque dar plena atenção às palavras das outras pessoas e se coloque em seus lugares. Quando um amigo estiver triste por conta de algo que você considera banal, ouça-o e entenda seu ponto de vista. Você não é obrigado a concordar, mas tente penetrar em sua alma e sentir o que ele sente.

Esse simples hábito pode fazer uma diferença enorme na sua vida e nas vidas de seus amigos.

Tudo muda, então não tenha medo da mudança

As mudanças assustam? Mas pode alguma coisa ocorrer sem que haja mudança? Que há de mais caro e familiar à natureza universal? Tu próprio podes tomar banho sem que a lenha seja transformada? Podes comer sem que sejam transformados os alimentos? Não vês, então, que as mudanças em ti mesmo são fatos semelhantes e semelhantemente necessários à natureza universal?

Marco Aurélio foi um praticante do estoicismo, filosofia que já abordei anteriormente por aqui, em um texto sobre o filósofo Sêneca. Clique no link abaixo, se ainda não leu:

Como um bom estoico, Marco Aurélio sempre mantinha em mente os seguintes pensamentos:

  1. Tudo muda, a mudança é parte da natureza
  2. Todos morrem, e morrerei em breve

Em certo ponto de suas Meditações, o imperador conta um exercício que praticava para se lembrar da morte: ele imaginava seu filho e sua esposa sendo assassinados a facadas.

Cruel, realmente.

Porém, Marco Aurélio possui suas razões para fazer esse exercício: é importante que você se lembre de sua morte e da morte daqueles que ama. A perda é inevitável ao ser humano, e ela estará presente pelo simples fato de você estar vivo.

E o outro lado da moeda é a mudança. Tudo muda. Você só consegue se alimentar porque houve transformação dos alimentos. Você só consegue tomar banho porque houve transformação do ambiente.

Sendo assim, não tenha medo da mudança. Quando mudar de faculdade ou de escola, não tenha medo. Quando precisar mudar de emprego, não tenha medo.

A mudança é a mãe de toda a nossa vida e, como tal, não deve ser temida. Ela é um fato, e não um vilão buscando destruir sua paz.

Não se apegue a seus confortos

Não considerar presentes as coisas ausentes; das presentes, computar as que são mais propícias e, por isso, imaginar como seriam procuradas, se não estivessem presentes. Ao mesmo tempo, contudo, toma cautela para não te acostumares, pela satisfação que experimentas, a dar-lhes tão subido valor que sua falta eventual possa conturbar-te.

Todos os dias, você dorme em uma cama macia, com um aparelho de ar-condicionado que deixa o ambiente em uma temperatura agradável. Você pega um carro para ir ao trabalho ou para a aula, e come uma comida gostosa, que fica pronta em questão de minutos.

Tudo isso é conforto. E, Marco Aurélio, por ser imperador de Roma, tinha conforto de sobra. Contudo, ele sabia de uma coisa que muitas vezes nos esquecemos: quando nos acostumamos com o conforto, nos tornamos dependentes dele; quando o perdermos, sofreremos muito.

Basta se lembrar da última vez que faltou energia em sua casa. Ou quando a internet caiu. Quando o celular parou de funcionar. Quando a máquina de lavar roupas quebrou.

Todas essas situações são excelentes em nos tirar a paz. Porém, não são elas que tiram nossa paz: somos nós mesmos, que nos tornamos dependentes do conforto.

Portanto, siga o conselho de Marco Aurélio e imagine como seria se você não tivesse todo esse conforto. O que você mais sentiria falta? Sendo assim, tome cautela para que não dê um valor exagerado a essas coisas, porque talvez um dia elas sumam, e você não quer ser muito afetado por isso.

Gostou? Compartilhe com um amigo especial para que ele aprenda as preciosas lições de Marco Aurélio!

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Willian Melo

Apenas um curioso procurando aprender mais. Se quiser ser mais produtivo e aprender melhor, veio ao lugar certo.