Vai que é suuua Taffarel.

Weverson Mamédio
7 min readNov 1, 2016

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Eu amo aprender. Acredito que toda experiência tem um aprendizado importante e vivo fazendo cursos, treinamentos e testando novas formas de fazer as coisas, sempre buscando aprender algo novo.

E eu sempre tive um sonho: compartilhar o que aprendo com outras pessoas, para trocar ideias e evoluir ainda mais.

Meu sonho é evoluir ajudando as pessoas a evoluírem também.

Mas eu tinha um medo, maior que meu sonho, que me paralisava: o medo de críticas e rejeição.

Como poderia ajudar os outros se me criticassem ou se rejeitassem o que tinha a dizer? E se não gostarem? E se me criticarem? E se me mostrassem algum erro que não vi? E se der algum problema? E se não ajudar? E se não for importante? E se… E se… E se fudeu.

Por muitos anos, esse medo me travou.

E sabe quem sempre foi a pessoa que mais me criticava? A pessoa que mais cortava minhas idéias? A pessoa que me impedia de realizar meu sonho?

Eu mesmo.

Descobrir isso foi um processo de muita evolução. Fiz treinamentos, estudei inteligência emocional, faço cinesiologia aplicada como terapia e tudo que posso para aprender mais sobre mim mesmo. Auto conhecimento.

Faz um tempo que descobri que as críticas e a rejeição eram meus maiores medos, que me paralisavam quando que tinha que expor algo que ainda era um pouco desconfortável para mim.

Isso também significa que eu sempre faço o melhor que posso em tudo. Penso em cada detalhe, em todas as possibilidade que podem dar errado ou gerar críticas e faço um exercício para evitar que isso aconteça, para criar uma experiência fantástica. Esse, talvez, seja o lado bom.

Só que, às vezes, por um detalhe que não sabia resolver, ou tinha medo que acontecesse, deixava de fazer coisas importantes.

Deixava.

Isso acontecia até o início de Outubro, antes de fazer mais um treinamento. Dessa vez, para me tornar um treinador comportamental, num instituto chamado IFT: Instituto de Formação de Treinadores.

"Ninguém transforma ninguém se não estiver transformado. Ninguém cura ninguém se não estiver curado."

Ouvi essa frase do professor Massaru Ogata, o mestre que conduziu o treinamento e nos fez reviver emoções intensas durante uma semana.

Logo no segundo dia de treinamento, tivemos que contar, em dois minutos, a história de um objeto especial da nossa infância.

Quando ainda estava em casa, arrumando as malas para a viagem, me lembrei da minha coleção de mini craques da Coca-Cola, que fiz na época da copa de 1998.

Mais especificamente, me lembrei da casa da minha avó e da mercearia do seu Edival, onde geralmente trocava as tampinhas da coca pelos bonecos, que vinham num saquinho vermelho, todo lacrado. Tinha que adivinhar qual era o jogador pelo formato do boneco, para não ficar com jogadores repetidos.

Fiz a apresentação com empolgação, contei os detalhes e no final até arrisquei um grito que todos conhecem. Saca só:

Fiquei feliz com minha apresentação. Falar do que a gente viveu é sempre mais fácil, mais gostoso.

No dia seguinte, a avaliação das apresentações de cada um dos participantes seria feita em forma de apreciação.

Achei isso fantástico.

Éramos 18 participantes. Cada um seria apreciado por dois colegas. A ideia era ressaltar o que estava legal, nada de críticas.

Era isso que precisava, pensei.

Quando assisti, no telão, o vídeo da minha apresentação, me surpreendi. Foi até melhor do que tinha imaginado. Valeu a pena ter ensaiado e praticado a apresentação antes.

Duas pessoas que me identifiquei logo de cara foram escolhidas para me avaliar: a Ana, de Goiás, e o Marcelo, de São Paulo. Os dois elogiaram a apresentação, disseram que estava pronto para me apresentar e que gostaram da história.

Só que, antes disso, sem conhecer o meu objetivo ali no treinamento, o Marcelo fez um comentário sobre a história que contei. Sobre um detalhe bem importante dessa história:

“O Taffarel não ganhou a copa de 2002.”

Pois é.

Eu me confundi. Achei que ele tinha ganhado as copas de 94 e 2002. Cheguei a digitar o nome dele no Google antes, pra confirmar. Mas como a página estava demorando a carregar, acabei deixando pra lá.

O Taffarel da minha coleção.

Era só um detalhe.

Um detalhe.

Naquele momento, todo o meu medo veio à tona e a sensação de prazer com a boa apresentação que tinha feito se misturou com aquele incômodo por ter errado e ter sido criticado. Por causa de um detalhe.

Eu fiquei bem puto.

Aquilo ficou na minha mente durante toda a semana do treinamento. Aos poucos, fui trabalhando o medo e a raiva e me libertando do que causava aquilo tudo. Fui colocando pra fora.

Quando você está disposto a se permitir, a evolução que esses treinamentos podem gerar é fantástica.

O sábado já estava chegando, último dia de treinamento.

Já era dia de fazer mais um discurso, de dois minutos, na formatura da turma. A proposta era agradecer, falar das nossas expectativas quando chegamos ao treinamento, quais foram os aprendizados que tivemos e dizer o que estávamos levando dali.

Era a minha chance, o meu momento.

Era a hora e o local ideal para enfrentar tudo que estava sentindo.

Na sexta-feira, cheguei no quarto após o treinamento e comecei a escrever meu discurso. Fiquei pelo mais de duas horas me dedicando ao texto. Escrevi, li, reli, ouvi, reduzi e fiz vários ajustes para conseguir passar a mensagem que queria no tempo que precisava.

Sábado chegou voando, pensei.

Começaram as apresentações, com a ordem definida por sorteio.

O medo também começava a me atormentar: você vai fazer isso mesmo? As pessoas estão fazendo discursos diferentes. Será que você não devia mudar? E se te criticarem? O frio na barriga só aumentava.

Foda-se.

Vou fazer o que acredito. Vou fazer o que eu preciso fazer.

Subi no palco e fiz o meu discurso:

Apresentação de formatura — IFT 33

Sim, eu realmente estava puto. Puto comigo mesmo.

Essa apresentação, pra mim, foi o momento mais marcante do treinamento. Com certeza, um dos momentos mais marcantes da minha vida.

O som dos aplausos foi muito gratificante.

Mas ainda mais gratificante foram os aplausos internos. Eu estava muito, muito feliz por ter feito aquilo. Regra de ouro:

Conquiste um objetivo e se faça feliz.

Naquele dia, eu usei toda a minha raiva para fazer o meu melhor, para destruir o meu medo de criticas e rejeição.

Valeu a pena. Logo depois, vieram os reconhecimentos.

Assim que desci do palco, tive o prazer de ouvir o professor Massaru dizer:

“Arrepiei até o cabelo do relógio.”

Depois que acabaram as apresentações, o comentário do meu companheiro Fábio foi marcante:

“Cara, quando você começou eu achei que você era louco. O que esse cara tá fazendo? Tá maluco? Aí, quando você terminou, eu pensei: esse cara é um gênio. Parabéns!”

Se com genialidade ele quis dizer determinado, com um desejo insaciável de evoluir, com coragem para criar e compartilhar ideias e enfrentar o que vier, então, sim, eu sou.

Agora eu tô aqui, realizando meu sonho.

Estou compartilhando o que aprendi com vocês, porque eu acredito que é possível deixar pessoas melhores para o mundo, acredito que é possível viver de forma mais leve, evoluindo e construindo juntos o mundo em que queremos viver.

E se hoje eu tô aqui, é porque pessoas muito especiais na minha vida acreditaram em mim. E agora também é hora de agradecer.

Sim, eu geralmente pulo essa parte nos livros, mas descobri que a sensação de escrever esses agradecimentos é muito gratificante. Então, agradeço:

Ao professor Massaru, toda sua equipe e amigos do IFT, pelo inesquecível treinamento que me deu ferramentas para jogar esse medo fora.

Ao filho da puta do Marcelo, que me ensinou mais do que pode imaginar. Você é um exemplo de cara fóda, com seu jeito brincalhão e uma preocupação genuína pelos outros.

Ao meu parceiro de treinamento, Rodrigão. A gente só enxerga no outro o que temos dentro de nós, correto? ;)

Ao meu companheiro de quarto, João Manuel, que me encantou com sua alegria genuína em ajudar os outros e o seu cuidado com cada detalhe. Você vai alcançar todos os seus sonhos, meu amigo.

Ao meu amigo Douglas, que acreditou em mim e alguns anos atrás me convidou para fazer parte da equipe do treinamento Garra, para ajudarmos outras pessoas a evoluírem e aprenderem a ter inteligência para lidar com suas emoções. Obrigado por me indicar o IFT. Você é um exemplo de resiliência e um grande líder.

À minha amiga Áurea, que me ajudou a descobrir meus medos, trabalhar minhas forças e ser um homem cada vez mais corajoso. É muito bom ter alguém para me ouvir sem julgamentos.

À incrível equipe que temos e as pessoas que já passaram na Taquilla, dentro e fora do nosso escritório, que me proporcionou a tranquilidade necessária para aproveitar cada minuto do treinamento sabendo que tudo correria bem. Quando você trabalha com pessoas melhores que você, o resultado é incrível. Vocês são MUITO fóda.

Aos meus melhores amigos. Independente do tempo que às vezes passamos longe, a admiração e o carinho por vocês sempre aumenta. E vocês sabem exatamente quem são. ;)

À todas as pessoas que contribuíram, talvez com uma pequena ideia ou muitas conversas, para o meu crescimento. Pode ter certeza: se você passou na minha vida, aprendi algo com você e sou muito grato por isso.

Aos meus primos e primas, que sempre me ensinam uma forma diferente e especial de viver a vida, cada um da sua maneira peculiar. É lindo apreciar essas diferenças.

Aos meus tios, tias, padrinhos e madrinha, que sempre, sempre (!), me apoiam, me dão muito amor e me mostram que a vida tem mais significado quando estamos juntos das pessoas que amamos. Ter vocês me dá uma segurança indescritível em tudo que faço.

À minha namorada, Carol, que com seu jeito doce e sua dedicação para encantar as pessoas me mostra, todos os dias, o quanto é bom amar e ser amado. Crescer junto com seu você é sensacional, vamos conhecer o mundo inteiro juntos. ;)

À minha irmã, Allana, a pessoa mais determinada que conheço, que vai ser uma das médicas mais brilhantes do mundo, pela paixão que tem pela medicina e pela vontade sincera de ajudar as pessoas. Você é linda.

E, claro, aos meus pais, Edson e Marisa, que sempre acreditam em mim e nas minhas ideias. Trabalhar junto com vocês é um privilégio. Ser filho de vocês é uma honra. Eu sou muito grato por todo o amor, toda a dedicação, todo o carinho, toda a confiança que vocês sempre me deram. Vocês são a minha base, meus maiores exemplos, sempre.

Eu amo muito todos vocês.

Eu sou barra de ferro.
E barra de ferro não enverga.

É isso.

Vamos evoluir juntos? ;)

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Weverson Mamédio

Um cara que ama contribuir para a evolução das pessoas. Bóra?