Personagens da LBF — A Competitiva Gil Justino

WNBA Cast Brasil
4 min readApr 11, 2018
Gil em ação no Jogo das Estrelas. Foto: LBF

Com o crescimento iminente da Liga de Basquete Feminino, chegou a hora de dar mais espaço às personagens do torneio. Começa agora a série “personagens da LBF”, que vai retratar um pouco da biografia das jogadoras e sua visão sobre a liga e o basquete como um todo. Começamos hoje com a jogadora mais votada do jogo das estrelas da LBF em 2018, a pivô Gil Justino do Uninassau Basquete.

Por Renan Ronchi

Dentro da psicologia esportiva, existe uma metodologia chamada “desenvolvimento da mentalidade competitiva vantajosa”. Trata-se de um conjunto de recursos psicológicos e emocionais que são desenvolvidos junto com a parte física e técnica em um atleta, de forma que estes consigam superar momentos de pressão com maior facilidade no decorrer dos jogos. Esse recurso definitivamente não é necessário quando falamos de Gil Justino, talvez a jogadora mais competitiva da Liga de Basquete Feminino.

“Minha filha e meus sobrinhos até brigam comigo” brincou a atleta. “Quando eu jogo vídeo game com eles eu não deixo eles ganharem. Não importa se são pequenos. Vão ter que treinar pra ganhar de mim”. Essa competitividade certamente é fundamental para explicar o momento que vive a pivô do Uninassau Basquete. A jogadora tem o seu melhor torneio em números — 15.2 pontos e 6.9 rebotes por partida — e foi a atleta mais votada para participar do festivo jogo das estrelas contra as atletas da Argentina. É peça crucial no time que ocupa o 3º lugar na tabela de classificação e mira o título do torneio. Tudo isso aos 37 anos.

A experiência em grandes escolas de basquete também contribui para que ela sobre hoje. Natural de Piracicaba, Gil praticava outros esportes quando um professor a chamou para completar o time pelo seu tamanho. Não demorou muito para que se apaixonasse pelo jogo e largasse os outros esportes. Participou de uma seletiva e começou sua carreira profissional no BCN/Osasco, aos 15 anos de idade. Para os mais novos que desconhecem a grandiosidade dessa equipe, foi o último time de Magic Paula em sua carreira e foi tetracampeã paulista, campeã mundial e chegou a vencer um amistoso contra uma seleção de jogadoras da WNBA.

“Eu completava elenco. Foi ótimo jogar com a Paula, Claudinha, Roseli. A Macau (ex-jogadora que passou a trabalhar na base e revelou atletas como Érika e Iziane) também teve uma importância gigante na minha vida. Ela pegava muito no meu pé. Eu era preguiçosa pra treinar”.

Com o fim do time adulto em Osasco, Gil foi para Guarulhos e posteriormente começou uma fase da vida muito comum no basquete feminino; durante seis anos, jogou parte da temporada no Brasil, em São Bernardo, e outra parte na Europa, defendendo clubes de Portugal e Espanha. Prática normal entre as mulheres que vivem do basquete (mesmo as grandes estrelas da WNBA). “Na Europa o jogo é mais dinâmico” — conta a pivô. “O jogo é menos físico, a bola se movimenta muito. Aqui as jogadoras não sabem jogar sem a bola”.

Foto: LBF

De lá para cá, passou a se dedicar mais na LBF, onde atuou por Catanduva e Americana antes de chegar em seu clube atual. “Acho que a liga está crescendo bastante. As pessoas tem mais facilidade em acompanhar os jogos, as datas são mais flexíveis. E isso tudo ajuda os clubes a receberem mais patrocínio, porque é difícil arcar com isso tudo sozinhos”.

Gil usa o número 34 por conta de um dos seus grandes ídolos e inspirações: Shaquille O’Neal. “Ele era demais no Lakers. Meu sonho da vida é conhecê-lo” contou a jogadora, que também tem como inspiração a ex-jogadora Rute, a qual compartilhava o espírito competitivo de Gil. A atleta também não deixa de demonstrar admiração por algumas rivais na LBF; “A Silvinha é uma jogadora muito difícil de marcar. É uma ala-pivô que joga de frente, joga de costas. A Jaqueline também é muito difícil. A Ariadna também, agora que está jogando na posição 4 em Campinas”.

Gil é competitiva e comprometida. Até por isso, não pensa em parar tão cedo. “Eu ainda não penso em parar. Eu amo essa adrenalina dos jogos, ela me move. Vou até onde der”. Quem ganha com isso é a LBF.

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