Como começou

wonderfool
3 min readDec 22, 2015

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Sou meio que uma entusiasta dos anos 80, mas não por se tratar do “som da minha infância”. Pelo contrário, a maioria das coisas da época que hoje acho geniais só fui ter acesso graças à internet, há menos de uma década. Mas, sim, foi graças às coisas que gostava desde criança que resolvi me aprofundar: na minha cabeça, uma década que tinha XTC, B-52’s e Devo (dentre várias outras coisas que eu já gostava, sendo esses os meus favoritos) só podia ter mais coisa legal prestes a ser desbravada por mim. Daí, a internet, a last.fm, os blogs de música tiveram papel fundamental.

Em dezembro de 2014 (ou seja, ano passado), botei na cabeça que deveria criar uma ~ultimate playlist dos anos 80~. Não que já não tivessem várias do tema por aí, mas imaginava que o diferencial da minha era não ser apenas uma playlist baseada em nostalgia — e sim de forma a justificar que os anos 80 eram realmente mais interessantes do que a maioria imagina. Convidei pessoas para participar, de forma que a playlist não ficasse tão… idiossincrática. Pessoas acharam a ideia legal, falaram que queriam participar sim e… nada aconteceu. Fiz sozinha a playlist que viria a se chamar “This is radio wonderfoool”, seguindo os critérios:

  1. teria músicas do período de 1978 a 1989, que mesmo não sendo a década redondinha, é a época que captura essa ~vibe específica oitentista~
  2. seria uma música por banda apenas. afinal, a ideia era ser tipo uma rádio, sem repetição de artista.

Virou isso aqui

https://open.spotify.com/user/wonderfoool/playlist/1L8OomQzp1M1gjRjiQEzVI

Esta playlist virou a minha zona de conforto quando queria ouvir alguma coisa mas estava com preguiça de escolher. Tinha o jeito randômico das rádios streaming mas com a certeza de que só tocaria músicas que eu realmente gosto e que não pularia nenhuma.

Considerei a playlist completa quando tive aquela sensação de que não tinha ninguém faltando e, curiosamente, reparei que tinha 154 músicas. Limite-homenagem ao disco do Wire :) Mesmo assim, ainda era uma playlist que era a minha cara — e não exatamente a cara dos ’80s.

Já em 2015, não lembro quando, a vontade de fazer uma playlist com opiniões variadas voltou ao me deparar com mais uma dessas listas de melhores da década feito por algum site conhecido. A lista era óbvia e sem graça, com algumas pitadas de vou-botar-um-treco-que-ninguém-conhece-pra-mostrar-que-sei-muito-sobre-a-época. Pensei que se juntasse no mínimo uns 3 conhecidos devidamente empenhados na tarefa faríamos uma lista que seria mais empolgante: uniria contexto histórico, bizarrices, fanfarrices e, claro, obviedades. Mas sem a esnobice padrão dos ditos “entendidos de música”. A única diferença é que desta vez incluiria músicas lançadas em 1990 também. Porque sim.

O que começou quietinho com uns gatos pingados votando num limite de 50 músicas (com gente dizendo que 50 já era muita coisa), virou um documento imenso com votos ilimitados (porque logo percebemos que 50 não era nada) no melhor estilo “vamos ver até onde vai a cabeça das pessoas na hora de lembrar de músicas favoritas”. Virou a playlist “Ultimate ’80s segundo um povo ae” na falta de um nome melhor e visto que os envolvidos não eram todos de um grupo em comum pra facilitar as coisas (o spotify nem tem espaço pra nomes homéricos tipo “segundo um pessoal que é meu amigo na internet” ou “segundo umas feministas radicais, uns jornalistas, um pessoal aí que tem banda também e o povo da nostalgia etc etc”) :v

Chegamos ao fim com 30 eleitores, discussões engraçadas e, creio, cumprindo o objetivo de selecionar um “top 200+” e gerar uma playlist que atira pra tudo quanto é lado, com escolhas óbvias, idiossincráticas e também grandes zebras. Não posso dizer que é uma lista que me representa (a que me representa só tem os meus votos, ora), mas acho que ilustra bem porque tanta gente gosta da música da época.

Divirtam -se.

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