Ah essa Ansiedade Generalizada!

David Ruiz
4 min readOct 18, 2015

--

Eu sempre me considerei alguém de muita sorte por trabalhar com aquilo que eu sempre amei: tecnologia e internet. Esta combinação (até que perigosa) pode fazer com que você trabalhe mais do que deveria e passar a ser reconhecido pela sua família e roda de amigos como um "workaholic" (viciado em trabalho).

Ser "Viciado em Trabalho" para mim era muito natural, afinal, eu faço o que eu gosto, trabalho em uma empresa legal, participo de eventos, dou palestras e dedico tempo para ajudar os outros. E tudo isso é muito divertido.

Mas nem tudo eram flores: Entre 2013 e 2014 comecei a notar uma série de sentimentos e reações que começaram a não fazer muito sentido. Como qualquer pessoa conectada e que não gosta de consultórios médicos, comecei a procurar mais sobre o assunto e encontrei algo que poderia fazer sentido para tudo aquilo (obrigado Google!): Eu estava com Sindrome de Burnout:

A síndrome de burnout, ou síndrome do esgotamento profissional, é um distúrbio psíquico descrito em 1974 por Freudenberger, um médico americano. O transtorno está registrado no Grupo V da CID-10 (Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde). Sua principal característica é o estado de tensão emocional e estresse crônicos provocado por condições de trabalho físicas, emocionais e psicológicas desgastantes. A síndrome se manifesta especialmente em pessoas cuja profissão exige envolvimento interpessoal direto e intenso. Fonte: Dr. Drauzio Varella.

Agora que eu estava devidamente diagnosticado, tudo o que eu estava sentindo passou a fazer muito mais sentido, afinal, o profissional de TI está entre as 10 profissões mais estressantes do mundo juntamente com Medicina. Por quase um ano me policiei em relação ao trabalho (ou ao menos achava que estava) e passei a incluir mais atividades de diversão para me distrair.

O mais estranho começava: Sempre que eu estava fazendo algo que não era relacionado ao trabalho (leia-se "entregar resultado") eu sentia uma tristeza e uma sensação de que eu estava sendo um completo inútil. Ao invés de melhorar, as preocupações e sentimentos ruins começaram a piorar. A forma que eu encontrei de "compensar" isso foi buscando uma forma de dormir menos (e olha que fazia sentido na época). Foi quando encontrei o artigo falando sobre Sono Polifásico:

O sono polifásico é um padrão de sono alternativo no qual o tempo dedicado ao descanso pode ser reduzido em até duas horas por dia sem causar danos a saúde. Ele é atingido pela separação do período de sono em momentos mais curtos e espaçados. Fonte: Wikipedia.

Na época eu trabalhava em São Paulo e morava em Santos. Era perfeito. Eu passei a dormir em três momentos: Um pouco pela noite, mais um pouco na ida para São Paulo e o restante na volta para Santos. O sentimento de "inutilidade" foi deixado de lado, ao menos durante a semana. Quando chegava o final de semana o sentimento de ser inútil bem como a tristeza passou a ser acompanhada de uma leve depressão e pequenas "palpitações".

Como sempre fui uma pessoa nervosa, ficar irritado com qualquer coisa não era algo muito novo, portanto, a minha família e meus amigos não sentiam isso como algo diferente, afinal, este já era um comportamento existente.

Devido uma série de acontecimentos, acabei mudando de Santos para São Paulo. Toda a janela maluca de dormir pouco começou a ficar confusa e de difícil manutenção. Os sentimentos ruins começaram a aumentar e tudo começou a não fazer mais sentido. Algo estava acontecendo e eu não tinha mais controle da minha vida. Não conseguia mais me concentrar no trabalho, estava mais irritado e comecei a notar que realmente algo estava errado.

Não tinha mais como fugir. Foi necessário eu procurar um médico que, após uma longa conversa, ele foi muito claro e incisivo: Você sofre de Ansiedade Generalizada e precisa começar o tratamento imediatamente.

O transtorno da ansiedade generalizada (TAG), segundo o manual de classificação de doenças mentais (DSM.IV), é um distúrbio caracterizado pela “preocupação excessiva ou expectativa apreensiva”, persistente e de difícil controle, que perdura por seis meses no mínimo e vem acompanhado por três ou mais dos seguintes sintomas: inquietação, fadiga, irritabilidade, dificuldade de concentração, tensão muscular e perturbação do sono. Fonte: Dr. Dráuzio Varella.

Os primeiros medicamentos receitados faziam com que eu me sentisse em marcha lenta, sem contar uma série de tremeiras. Como um bom geek, minha definição sobre estes medicamentos:

Tente jogar Battlefield 4 em um Arduino. Impossível. É a mesma coisa que eu tentar trabalhar tomando estes medicamentos.

Tentei por mais um tempo seguir com o tratamento (que estava dando resultado) mas infelizmente parei. Motivo? Vários, afinal, já estava curado!

Engano meu. Ansiedade Generalizada não tem cura! Eu tenho que seguir o tratamento, caso contrário, vou perder o controle da minha vida novamente. Eu realmente não quero mais tomar medicamentos e estou em busca de uma forma "mais natural" de controla-la.

Recentemente descobri que funciona bem para mim a prática de exercícios, em especial caminhar. Eu sou uma pessoa sedentária. Quem me acompanha sabe (principalmente pelo Instagram) que além de não fazer exercícios eu gosto de um bom Bacon!

Eu cheguei em um momento em que isso precisa mudar. Você acompanha aqui o resultado desta mudança ;) Até semana que vem (ou o próximo post!).

--

--

David Ruiz

CTO | APIs | Open Banking | Inovação Aberta | Transformação Digital | Analytics | BigData