O violento pornô snuff assistido por Peter Madsen contribuiu diretamente para a morte de Kim Wall

Yatahaze
Anti Pornografia
Published in
4 min readApr 26, 2018

Este artigo inclui descrições gráficas de violência sexual

*Filmes snuff são filmes que mostram mortes ou assassinatos reais de uma ou mais pessoas, sem a ajuda de efeitos especiais, para o propósito de distribuição e entretenimento ou exploração financeira.

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O dia em que Peter Madsen, um necrófilo sádico, é condenado à prisão perpétua por assassinato premeditado, profanação de um cadáver e agressão sexual agravada parece ser o momento apropriado para falar sobre os danos da pornografia.

Madsen assassinou Kim Wall, uma jornalista, por prazer sexual. Vamos pensar sobre isso — um homem, torturando, desmembrando, estuprando e extinguindo a vida de uma mulher por prazer sexual. No mesmo dia em que Madsen conheceu Wall, ele procurou na internet por “garota sofrendo decapitada”, e assistiu a um filme de uma mulher tendo sua garganta cortada.

Há pessoas lendo isso que nunca encontraram pornografia extrema, e a maioria delas é mulher. O tipo de pornografia agora disponível de graça envolve engasgos, asfixia, tapas e espancamento, e atos terrivelmente dolorosos, como penetrar um orifício, como uma boca, vagina ou ânus, com múltiplos pênis e armas.

A pornografia que os garotos da minha escola olhavam no começo dos anos 70 é agora o que vemos na MTV. O material popular e de fácil acesso que posso encontrar on-line em segundos é muitas vezes sádico, brutal e misógino ao extremo.

Eu vi o tipo de pornografia que Madsen gostava. Na década de 1980 assisti a um filme com outros ativistas anti-pornografia, jornalistas e especialistas em efeitos especiais de filmes. Um dos ativistas entrou em uma loja pornô na Inglaterra e perguntou se o dono tinha algo “realmente extremo”. O dono da loja deu a ela um filme de uma mulher na América do Sul sendo estuprada, torturada e assassinada. Nós vimos a mão dela serrada enquanto ela ainda estava viva. Até mesmo os mais endurecidos repórteres policiais saiam do quarto pois não aguentaram. As feministas ficaram. Nós sabíamos o que esperar, porque tínhamos ouvido falar sobre vídeos snuff de ativistas nos EUA que estavam fazendo campanha contra a tortura e assassinato de mulheres para o prazer sexual dos homens.

Antes dessa exibição, muitos apologistas da pornografia alegaram que o snuff não existia, e que as feministas, junto com os moralistas religiosos, haviam inventado isso para adicionar peso às nossas campanhas anti-pornografia. Nós provamos que os céticos estavam errados. Os especialistas em filmes verificaram que não havia truques de câmera envolvidos. Um jornalista local escreveu sobre a exibição e instaurou um inquérito. Os apologistas não fizeram nada.

Isso tudo aconteceu antes da internet. Agora, homens como Madsen, que gostam da mulheres agonizando, podem se filmar abusando de mulheres e crianças, e distribuir para outros sádicos, ou para pessoas que são simplesmente “curiosas”.

Durante todo o julgamento, os promotores apresentaram evidências irrefutáveis ​​do uso prolífico de Madsen de pornografia violenta. A polícia descobriu um disco rígido na oficina de Madsen que incluía filmes snuff de mulheres sendo decapitadas, torturadas e empaladas em pontas de metal. O motivo de Madsen, disseram os promotores, era que o assassino buscava prazer sexual pela morte e tortura de mulheres. O júri aceitou que isso foi o que aconteceu, e a sentença do juiz — prisão perpétua sem a possibilidade de condicional.

Madsen e outros homens que consomem pornografia com tortura sabem que, para que possam acessá-la, as mulheres são estupradas, abusadas, machucadas e às vezes até mortas. Mulheres reais. As mulheres que sobrevivem têm que viver com o conhecimento de que um registro do abuso existirá por muito tempo depois que eles estiverem mortas, e que os homens estarão se masturbando para sua dor e humilhação.

Por que a maioria dos liberais parece defender pornografia? Eles têm medo de serem rotulados como “anti-sexo”? Em 2013, foi lançada a revista acadêmica Porn Studies, editada por duas acadêmicas que parecem ser totalmente descritivas da indústria pornográfica. Eles publicaram críticas à posição feminista anti-pornográfica e têm um conselho editorial formado por ativistas pró-pornografia .

Eu e outros ativistas anti-pornografia são frequentemente solicitados a “provar” um nexo causal direto entre ver pornografia e violência sexual. Sério? Eles querem “provas” de que ver o nível de ódio e abuso dirigido às mulheres pelos homens no pornô é tanto uma causa quanto uma consequência do ódio das mulheres?

Sem misoginia, o pornô não existiria. A pornografia que alimentou e validou as fantasias sádicas de Madsen é criada ao abusar das mulheres diante das câmeras. Negar que ver constantemente a tortura das mulheres por prazer sexual não tenha efeito material e não leve os homens a tentar “experimentar” as cenas que vêem online é tão ilógico quanto alegar que a publicidade de qualquer tipo não funcione.

Precisamos aceitar que a pornografia legitima a horrível depreciação sexual das mulheres e que não serve a nenhum propósito, exceto associar violência e abuso sexual às mentes dos meninos e dos homens. Kim Wall é uma vítima de Peter Madsen e da pornografia.

Saiba mais sobre o caso aqui:
https://g1.globo.com/mundo/noticia/justica-condena-inventor-de-submarino-por-morte-de-jornalista-na-dinamarca.ghtml

Leia o texto em inglês aqui. Tradução Yatahaze.

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