2024 à vista: o que esperar da eleição municipal em Fortaleza?
O cenário que se desenha para a cidade é o de uma disputa bastante acirrada entre atores políticos conhecidos da população fortalezense
Faltando pouco mais de um ano para as eleições municipais, o desenho político da cidade de Fortaleza é incerto. Partidos como PT, PL, União Brasil e PDT já se organizam para lançar candidaturas. O prefeito José Sarto (PDT) tem expectativas de disputar a reeleição, mas os conflitos internos no partido a nível estadual geram incerteza. O diretório municipal do PDT é comandado por Roberto Cláudio, o ex-prefeito compõe ala a qual Sarto pertence, o núcleo é mais próximo a Ciro Gomes e André Figueiredo.
Mas a situação não é simples, o diretório estadual do partido é comandado agora pelo senador Cid Gomes, após longas tratativas de acordo que precisaram de intervenção da executiva nacional dos trabalhistas. O senador é entusiasta da aliança construída por ele junto ao PT e busca alternativas para consolidar ela a nível municipal. Um possível beneficiado dessa união seria Evandro Leitão (PDT), próximo a Cid e ao grupo governista comandado por Camilo e Elmano.
A esquerda fortalezense vê a atual gestão municipal com desapreço, o PT e o PSOL são oposição ao governo na Câmara Municipal e podem lançar candidatura própria. No PT, o nome que desponta como favorito é o da ex-prefeita Luizianne Lins. Com capital político consolidado, ela foi a deputada federal mais votada na cidade nas eleições de 2022. Junto a esses números, outro dado animador para Luizianne é a última consulta eleitoral do instituto Paraná Pesquisas, onde ela aparece na segunda colocação, com 26,5% das intenções de voto. Já o PSOL ainda não tem definição sobre lançamento de candidatura, mas há quem defenda a tese internamente.
Na direita, um fator novo, Capitão Wagner (UB) deve ter uma candidatura competitiva no seu campo político. O PL tem pretensões de lançar candidato, André Fernandes desponta como favorito, mas Carmelo Neto e Priscila Costa também devem buscar condições para serem candidatos. Outro nome ventilado é o do senador Eduardo Girão (NOVO), que tem posições ideológicas bastante próximas dos bolsonaristas do PL, mas busca se apresentar como independente. A possibilidade de enfrentar fortes concorrentes à direita é um grande desafio para Wagner, que sempre angariou os votos dos conservadores fortalezenses sem muito esforço.
Outros nomes ainda “correm por fora”, como o do deputado federal Célio Studart (PSD), que tem capital político considerável na capital. UP e PCB devem lançar candidaturas, os partidos seguem com o objetivo de se colocarem como opção para alavancar suas pautas e engajar mais pessoas em torno das siglas. PSTU e PCO são outros partidos que possivelmente terão candidatos.
PDT e o racha interno
Em meio às disputas internas do Partido Democrático Trabalhista, dois nomes são os preferidos das alas que se opõem. José Sarto, atual prefeito da capital cearense é o candidato defendido por Ciro Gomes, André Figueiredo e Roberto Cláudio. Tem o apoio também de grande parte dos vereadores do partido. Ainda que com desaprovação de 50,9% da população, segundo o instituo Paraná Pesquisas, o prefeito mantém boas chances de reeleição por ter a máquina pública e uma considerável base de vereadores a seu favor.
Do outro lado do partido, Evandro Leitão é quem desponta como favorito da ala alinhada a Cid, Camilo e Elmano. O deputado estadual presidiu a assembleia nas gestões do ex-governador Camilo Santana e se aproximou de parte do PT. Ele conta também com o apoio de 10 dos 13 deputados estaduais do PDT e é tido como um candidato do consenso para uma aliança entre os trabalhistas e o PT.
A candidatura própria do PT
A ex-prefeita é sempre uma opção ventilada por se tratar de uma liderança consolidada na cidade e por contar com um vasto capital político. Dos mais de 182 mil votos de Luizianne nas eleições de 2022, 119.326 vieram da capital cearense, foi a deputada federal mais votada na cidade. Números como esses não podem ser dispensados na hora da escolha de uma candidatura.
Com o PT governando o País e o Estado, o ânimo dentro do partido para conseguir retomar o comando da capital é grande. Luizianne vê na sua longa relação com o governador Elmano de Freitas uma possibilidade de chegar ainda mais forte como possível candidata. Larissa Gaspar e Guilherme Sampaio são outras possibilidades levantadas dentro do Partido dos Trabalhadores.
Capitão Wagner e Eduardo Girão de lados opostos?
Aliados em 2020 e 2022 Capitão Wagner e Eduardo Girão podem se enfrentar em 2024. O ex-deputado tenta pela terceira vez o cargo de prefeito e afirmou recentemente em suas redes sociais, ao lado da esposa Dayany, que o seu sonho é “cuidar do povo de Fortaleza”. Wagner é hoje secretário de saúde de Maracanaú e deve enfrentar oposição de candidatos do seu espectro político nas eleições.
Como é o caso do Senador Eduardo Girão, eleito em 2018 como independente e que se alinhou ao longo do mandato ao bolsonarismo. Girão tem o apoio do seu partido, o Novo, para disputar a prefeitura e deve ser mais um a rivalizar o eleitorado de direita na capital.
O PL e suas novas caras
Os jovens André Fernandes e Carmelo Neto, de 25 e 21 anos respectivamente, são as apostas do PL e da extrema-direita para as eleições em Fortaleza. Os dois foram os deputados federal e estadual mais votados do Ceará e contam com uma militância engajada nas ruas e nas redes sociais. A aposta do PL é que o candidato do partido possa desbancar Wagner e chegar ao segundo turno.
André desponta como favorito, ele afirmou recentemente que “o povo está pedindo” a sua candidatura e tem se cacifado para ser o nome do bolsonarismo em 2024. Carmelo tem tentado se moderar para ter chance de ser o candidato do PL. Priscila Costa é outra que aparece como pré-candidata, mas sem muito favoritismo.
Consulta eleitoral do instituto Paraná Pesquisas
No cenário mais provável apresentado pelo instituto Paraná Pesquisas, o ex-deputado Capitão Wagner aparece a frente, com 38,1% das intenções de voto. Luizianne Lins vem em seguida com 26,5%. O prefeito Sarto aparece em terceiro na sondagem, com 13,9%. André Fernandes é quarto com 3,1% das intenções de voto.
O cenário mostra os nomes mais consolidados largando na frente, mas ainda é cedo para dizer se essa perspectiva deve se manter. O tempo de televisão, redes sociais e a campanha de rua devem mudar bastante os rumos da eleição. Resta aguardar 2024 e o que o jogo político cearense nos proporcionará.
