Como o jornalismo colaborativo e as tecnologias digitais afetam o jornalismo tradicional

Yuri Schuab
2 min readAug 31, 2019

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Foto por John Schnobrich.

Na palma da mão, com os smartphones, somos capazes de receber uma quantidade absurda de informações diárias. O crescimento e desenvolvimento da tecnologia são os principais “culpados” por isso, mas uma pergunta se abre: afinal, isso é bom ou ruim? Há quem diga que seja ruim, entretanto precisa-se levar em conta que isso reforçou também o avanço da comunicação. O jornalismo colaborativo é o maior exemplo disso.

Apesar de acarretar uma facilidade de obtenção de informações, o jornalismo e fotojornalismo colaborativos também são motivos de questionamento por supostamente estarem tomando a frente do jornalismo tradicional. Ocorrido um acidente, por exemplo, qualquer pessoa que testemunhou o ocorrido, e que nem mesmo seja jornalista, pode levantar a câmera de seu aparelho celular e registrar o momento. Isso atrapalha a função de um fotógrafo ou jornalista? Talvez.

O jornalista ou fotógrafo, os quais muitas vezes perdem seu lugar para uma pessoa comum que espalhou uma informação, têm mais conhecimento e sabem a forma mais correta de vincular uma notícia. Contudo, na “era da informação” a rapidez é vital e também seu principal atributo. No presente, o aceleramento no momento de difundir uma notícia, informações ou imagens, acaba substituindo todo resto. As redes sociais ajudam esse processo, como o Twitter e o WhatsApp, fontes rápidas de mensagens instantâneas.

Mas com a facilidade e velocidade de obtenção e disseminação de informação, os maiores princípios do jornalismo tradicional acabam sendo ignorados: a objetividade, a veracidade e o chamado fact-checking (verificação de fato em português). Nos tempos de “fake news” é imprescindível checar a genuinidade da informação. É por esse motivo que o tradicional e o atual devem se complementar.

Tendo como exemplo, enquanto uma notícia ou fotografia chega de forma extremamente rápida na redação de um jornal, a equipe pode fazer a verificação das informações e transmiti-las corretamente ao público. Isso é essencial para que o jornalismo colaborativo seja um aliado e não uma ameaça.

Alguns grandes veículos de comunicação já implementam o jornalismo colaborativo em suas notícias, como a Band News, que disponibiliza um número de telefone para as pessoas entrarem em contato pelo WhatsApp e enviarem flagrantes, denúncias, reclamações, etc. Apenas alguns outros exemplos pelo mundo incluem o CNN iReport, Global Voices Online e Wikinews.

Em conclusão, o melhor jeito de conciliar o jornalismo colaborativo sem interferir nos profissionais da área, causando as temidas demissões, entre outros impactos, é transformá-lo numa ferramenta. Afinal, apesar da rapidez, o chamado “jornalismo cidadão” não substitui de forma alguma o jornalismo tradicional, mesmo que muitas vezes seja visto como uma forma mais “humanizada” e “social” de comunicação, ambos podem e devem fazer parte do formato clássico de informar as notícias.

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Yuri Schuab

Redator e produtor de conteúdo. Graduado em jornalismo e pós-graduado em marketing e branding. Falo sobre comunicação e cultura pop, principalmente.