EXPECTATIVAS

Yvana Savedra
2 min readSep 18, 2020

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Este ano tem sido especialmente difícil. Muitas mudanças e uma nova rotina forçada pela pandemia de Covid 19. Foi preciso mudar muitos hábitos e viver de um modo totalmente inusitado e anormal. Para mim, particularmente, que nada teve de bom. Acho que perdi até um pouco da vaidade (coisa difícil para mim)… Minha maquilagem envelheceu e minhas roupas estão cheirando a guardadas. Fiquei grisalha e me vi fisicamente envelhecer, mas acredite, não foi só a pandemia que fez isso comigo. Tive que mudar projetos, rever valores e expectativas. Acho que meu futuro será muito diferente do que sempre imaginei e está a léguas de distância até dos meus planos mais recentes, de poucos anos atrás. Tudo mudou, tudo está mais melancólico. Fui abatida pela resiliência (uma palavra que nunca combinou comigo). Vi sonhos e paixões se desfazendo como velas queimando. Tudo perdeu um pouco da cor e do brilho, e o que era importante já não é mais. Não sou mais a mesma pessoa, não tenho mais os mesmos sonhos nem os mesmos desejos. O pouco de entusiasmo que ainda me movia, converteu-se num belo balde de água fria. Restou uma mulher velha, que não crê mais no amor, nem na sorte. Também não resta bom humor nem vontade de interagir com a maioria das pessoas. Apesar disso, eu sinto falta de conversar. Nada me causa vazio maior. E é difícil, porque realmente não tenho interlocutores com quem possa dialogar com o nível de profundidade que eu gostaria. Conversa é sintonia, não é debate, não é cólera, não é divergência e tem que ter paridade intelectual. Então, converso apenas com minha alma. E assim vou envelhecendo e me reinventando. O que espero da vida? Nem eu sei. Muitas vezes, acho que só a morte.

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Yvana Savedra

Jornalista, escritora, advogada, articulista e apaixonada por arte. Siga meu Instagram: @yvanasavedra