Moça, não beije este homem, ele ainda usa gráfico de pizza — Parte 1

Se vocês estão lendo esse texto em 2020, essa piada do título ainda não tem graça por aqui, mas eu acredito em um futuro melhor e luto para construí-lo, por isso resolvi escrever esse artigo pra explicar essa piada, dividido em duas partes.

A primeira parte deste artigo esta focada em explicar qual a função dos gráficos e como eles são constituídos. Já a segunda parte é focada em explicar quais são os diferentes tipos de gráficos e suas aplicações ideais.

Mas afinal qual a função dos gráficos?

A partir de meados do século XX matemáticos, estatísticos, cientistas da computação e outros profissionais da área começaram a estudar o ciclo de vida da informação, como ela nasce, cresce, reproduz e não morre. A imagem a seguir ilustra bem esse processo:

Como tudo no universo, o conhecimento também surge do caos e da aleatoriedade, no caso da unidade básica da matéria temos os átomos que se organizam para formar estruturas mais complexas, já para a informação temos os dados. Dados são a menor estrutura de informação possível, a organização do mesmo é o que gera as estruturas básicas de informação que possibilitarão o conhecimento, daí então a sabedoria. Daí vem o nome da pirâmide DICS: Dados →Informação → Conhecimento → Sabedoria.

Os gráficos estão localizados na camada de informação, através deles é possível desenvolver conhecimento, por isso a importância de trabalhar bem essas estruturas, pois elas podem definir se um conhecimento de valor será extraído ou não dos dados coletados.

Todo os dias somos confrontados com inúmeros gráficos de várias formas, tamanhos e cores, em livros, revistas, artigos, provas, relatórios, apresentações de trabalho e em outras inúmeras situações.

Contudo, mesmo com toda essa exposição, nem sempre a gente consegue entender bem o que aquele gráfico quer comunicar, isso se deve a dois problemas, o primeiro é realmente sobre a falta de preparação para interpretações de gráficos e o segundo é que às vezes quem prepara esses materiais e utiliza essas representações visuais não utiliza o gráfico correto pra o tipo de dado que está apresentando.

Alguns gráficos realmente são mais simples de entender, como o gráfico de pizza, mas nem sempre eles vão gerar a informação ideal para a construção do conhecimento que seus dados podem proporcionar. E é isso mesmo, gráficos são ferramentas que devem simplificar a apresentação de informações, mas nem sempre é o que acontece, justamente pela falta de cuidado na hora de exibir essas informações.

E como saber qual o melhor tipo de gráfico para cada tipo de dado? Bem, no livro “Data Visualisation — A Handbook for data driven design” escrito por Andry Kirk, que infelizmente só está disponível em inglês, o autor dedica o capítulo Data Representation a explicar como você pode escolher o melhor gráfico de acordo com o tipo de dado que você deseja exibir. A seguir, apresentarei alguns conceitos para compreender melhor a construção de um gráfico e preparar o terreno para o próximo artigo, mais focado na escolha dos gráficos.

Atributos dos gráficos

Abaixo listarei alguns dos principais atributos dos gráficos mais comuns que utilizamos diariamente, agrupando de acordo com formas e cores/textura.

1 — Atributos de forma

Os atributos de forma estão diretamente ligados com o tipo de dado que você deseja representar. Podemos classificar em três principais atributos:

Pontos: Indicados para demonstrar correlações entre duas variáveis. No exemplo abaixo, temos a correlação entre a quantidade de vendas e o período, apresentada no gráfico de linha.

Tamanho: Utilizados para representar diferenças de quantidades entre duas ou mais categorias distintas. Na representação abaixo temos a comparação do desempenho de diferentes lojas, utilizando um gráfico de barras.

Ângulo: Também utilizados para representar diferenças de quantidades entre diversas categorias. Aqui foi escolhido a porcentagem que cada produto representa no total de vendas, representado no gráfico de pizza.

2 — Atributo de cores/textura

Os atributos de cores e texturas estão mais relacionados com a quantidade que você deseja representar, mas também são comumente utilizados para representar categorias distintas.

Matiz: Diferentes matizes geralmente são utilizados para representar diferentes categorias.

Saturação e brilho: Ideal para representar uma escala de intensidade, geralmente saturação sendo utilizadas para valores ordinais e brilho para valores contínuos. Pra o caso da saturação quanto maior a intensidade, mais forte a saturação, já para o brilho, quanto maior a intensidade, menor o brilho.

Bem é isto, por horas ficamos por aqui e continuamos no próximo artigo, para entrar em mais detalhes sobre os tipos de gráficos utilizados. Até lá! Ah e não esquece de compartilhar com seus amigos e deixar suas palminhas na publicação.