Elogio X Crítica construtiva: o que trás mais impacto positivo em uma equipe?

Luana Reis
A arte de fazer dar tempo
6 min readMay 26, 2019

Dentre algumas experiências de liderança que tive ao longo do meu percurso acadêmico, pude vivenciar uma série de situações e, a partir delas, acredito que alguns aprendizados foram marcantes. Um dos mais elementares deles, pretendo aprofundar um pouco mais hoje.

Contextualizando, como sempre, sou estudante de Medicina da UFMG, hoje no 10ºP e, a partir do 5º período, pude fazer parte de um grupo chamado GEDAAM (Instagram @gedaam_) na faculdade. Essa sigla significa Grupo de Estudos em Didática aplicada ao Aprendizado da Medicina, mas o que de fato representa este grupo para mim, e acredito eu, para muitos colegas, é algo que transcende em muito este nome tão técnico, ou qualquer descrição breve que eu venha a fazer. Basicamente, a principal atividade do GEDAAM são os grupos de estudos, formados por 8–15 pessoas cada, coordenado por uma dupla dentre os próprios alunos, a partir de nossos três pilares: aprendizado de técnicas de estudos e gestão do tempo; suporte social e saúde mental; discussão de casos clínicos por meio de metodologias ativas. Dessa forma, prezamos por aprender habilidades que nos permitam enfrentar o percurso acadêmico com mais recursos, buscando a excelência sim, mas respeitando também nossa saúde mental e nossos limites.

Em minha jornada neste grupo, além de coordenar grupos de estudos a cada semestre desde o início de 2017, pude vivenciar alguns cargos de liderança, são eles: presidência do grupo em 2018 e diretoria de marketing (atual). Ao gerir equipes de alunos sempre sobrecarregados de tarefas (como todos nós) e, muitas vezes, submetidos a fortes cobranças, eu tenho uma pergunta importante para nos fazer:

O que promove um maior engajamento no grupo? O que traz mais melhorias? O elogio e o reforço positivo do trabalho bem feito ou a crítica construtiva daquilo que ainda precisa ser melhorado?

É possível que você tenha pensado: o elogio é muito bom, quando as coisas vão bem, mas quando não está, a crítica construtiva pode ajudar a melhorar um ponto específico de falha. Será mesmo?

Bem, eu já pensei muito assim, e não estou aqui para dizer que a crítica não tem seu espaço, ela tem, no momento certo.

Mas quanto a promover engajamento, pertencimento, envolvimento e desejo de dar o seu melhor? Qual das duas estratégias transforma mais?

Para exemplificar, vou citar minha experiência como Diretora de Marketing do GEDAAM (a principal tarefa é gestão do Instagram do grupo). Para organizar a equipe, dividir as tarefas, definir quem fica responsável pelas postagens, qual tipo, conteúdo, em qual dia/horário, não é uma tarefa fácil.

Deu certo de primeira? Não exatamente. No início eu despendia mais tempo e mais energia com as postagens, tanto em pensar no conteúdo quanto em garantir que os posts fossem realizados. Algumas vezes eu precisava até mesmo de criar alguns posts, sendo que esse não seria o ideal, pois gerenciar a equipe já é um tarefa árdua. Até que tudo foi se harmonizando, ficando mais fácil, produtivo, e meu papel foi ficando cada vez mais leve. Quais foram os principais fatores responsáveis por esse progresso? Vou listar os 5 principais pontos que observei:

  1. Ao dividir e delegar as tarefas, percebi que respeitar a individualidade e o tempo de cada pessoa tem grande valor. Sim, os prazos e combinados devem ser seguidos, mas alguma flexibilidade, diálogo podem ser peça chave. A cobrança excessiva pode causar desconforto e desmotivação. Assim, pode ser interessante, antes de presumir que a pessoa foi irresponsável, perguntar sobre o que aconteceu, procurar entender o outro lado.
  2. Após a tarefa ser delegada, ainda que não estivesse exatamente como eu faria, a menos que estivesse muito inadequado, procuro evitar fazer todo tipo de alteração ou intervenção. Percebi que a valorização da liberdade criativa dos membros pode ter muito benefício na autoconfiança de cada um, tanto a curto quanto a longo prazo, deixando-os mais criativos e motivados a fazer um bom trabalho.
  3. A cada tarefa que um membro concluía, sempre procurei elogiar e reforçar positivamente, em público, quando possível, e no privado, quando pertinente, ou até ambos! Ao destacar cada detalhe positivo, desde entregar a tarefa no prazo, até fazer um bom trabalho de fato, há boas chances da pessoa sentir que seu trabalho foi reconhecido. Algumas vezes, as tarefas eram realizadas de forma tão excelente, melhor do que eu mesma faria ou pensaria, que eu não podia deixar de mostrar minha satisfação! Observei que esse reconhecimento promovia grande impacto, principalmente no engajamento para as próximas tarefas.
  4. E quando não ficava tão legal e algumas alterações seriam necessárias? Primeiramente, percebi que a valorização do esforço e o tempo gasto com cada tarefa é uma conduta muito importante. Pois de fato algumas tarefas podem ser trabalhosas. Antes de pontuar as possíveis alterações, eu procuro destacar, de forma clara, as partes positivas e, ao expressar as mudanças desejadas, evito ao máximo fazer em tom de ordem! Pelo contrário, procuro fazer em tom de pergunta, de sugestão, por exemplo: “Da forma como está já está muito bom, principalmente “tal” parte. Contudo, devido a “tal” motivo, o que você acha se fizermos “tal” alteração?”
  5. Este último ponto promoveu um salto na produtividade e qualidade da equipe como um todo! Eu busco estar atenta às características e potencialidades de cada um, percebi que poderia explorá-las e adaptar a divisão das tarefas a isso. Por exemplo, em minha equipe tinha a pessoa boa de fazer stories, a pessoa boa de fazer sorteios, a pessoa boa de fazer certo tipo de interação ou certo tipo de arte, enfim! Percebi que buscar conhecer minha equipe e elencar as pessoas em tarefas em que elas poderiam brilhar mais, tem vários pontos positivos! Seja na autoconfiança, no engajamento e, até mesmo, no resultado final do trabalho como um todo!

Recapitulando, o que eu acredito ser mais importante baseado nessas vivências?

Quando se trata de inspirar, estimular e engajar membros em uma equipe a darem o seu melhor, nada mais valioso do que o elogio e o feedback positivo! Elogie todo esforço e cada progresso, por mínimo que seja. O elogio deve ser até público, quando convier!

E a crítica quando for necessária? A crítica deve ser no privado, mas não sem antes fazer algum apontamento positivo sobre aquela pessoa e o esforço por ela empregado até então. Seja empático e respeitoso, há diferentes formas de falar a mesma coisa, sempre que pudermos escolher uma forma mais doce e mais amena, haverá mais chances de nossa fala ser bem recebida.

Em seu livro “Como fazer amigos e influenciar pessoas” (um dos livros mais marcantes que já li, recomendo muito), Dale Carnegie nos traz um aprendizado valioso:

“Deixemos de pensar em nossas qualidades e em nossos desejos. Experimentemos descobrir as qualidades boas de um outro homem. Esqueçamos a bajulação. Façamos um honesto e sincero elogio. Seja sincero na sua aprovação e pródigo no seu elogio, e as pessoas prezarão pelas suas palavras, aguardando-as e repetindo-as durante toda a vida — repetindo-as anos depois, quando você já as tiver esquecido.”

A verdade é que todos nós ansiamos por valorização e reconhecimento do nosso trabalho. E quando somos percebidos, isso poderá ser um grande estímulo para que continuemos nos esforçamos, despertar nossa criatividade, nossas potencialidades.

“Cada homem que encontro é superior a mim em alguma coisa. E nisto posso aprender com ele.” Dale Carnegie

O conteúdo desse texto também foi publicado na forma de áudio, no Episódio 55 no Podcast Insights Universitários do Pedro Caldeira Peu, gostaria de fazer parte? Segue o link: https://linktr.ee/peu_caldeira.

O que você acha dessas reflexões? Deixe aqui seu comentário! Seria amável poder trocar algumas ideias sobre! Você pode também me contactar diretamente em: @luana_reis_m (Instagram) e luanareism@gmail.com.

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Luana Reis
A arte de fazer dar tempo

Releituras da vida. A arte da busca pelo equilíbrio entre o que importa e o que é necessário.