Ler é como pegar um pedacinho de cada autor pra construir quem você é.
Sobre o hábito de leitura, a paixão pelos livros e os principais livros que impactaram minha vida.
Você aprecia o hábito de leitura? Você é desses que devora alguns livros por ano? Ou está mais para aqueles que até aprecia ler, mas nunca foi um leitor frequente, do tipo que vê os livros novos na estante e acha o máximo, mas daí pra chegar a lê-los de fato, fica só na expectativa?
Bem, hoje em dia, posso dizer que o hábito de leitura é frequente e consistente para mim. Sou quase aquilo que podemos chamar de “devoradora de livros” ou portadora de Livrofagia (tá, essa eu inventei haha! Eu acho)! Leio 2–3 ao mesmo tempo… acabo um, começo outro, e por aí vai!
Bem… mas nem sempre fui assim.
Houve uma época, na infância, que eu era uma leitora intensa de Harry Potter, haha, dessas que virava noites nas férias lendo os livros dessa série.
Depois disso, de tempos em tempos, aparecia um livro ou outro que me chamava muito a atenção, lia, gostava muito e… fim. Haha parava por aí mesmo.
Ao longo do tempo, após alguns livros mais marcantes que eu li, percebi que a leitura poderia ser uma fonte inimaginável de conhecimentos, aprendizados e, claro, de entretenimento!
Ao final desse texto, irei mencionar 4 livros que foram de grande impacto positivo para mim e um pouquinho do porquê.
Decidi, portanto,transformar essa prática esporádica em um hábito consistente.
Como todo novo hábito: não foi simples. Certo esforço e foco foram necessários.
No início, oscilei bastante, havia algum desconforto em mim, principalmente no momento de iniciar a leitura. Vale relembrar também que, na primeira metade do curso de medicina (hoje estou no início do sexto, e último, ano do curso), eu alegava não ter tempo para leituras e que as demandas da faculdades impossibilitavam essa prática. Assim, eu deixava para ler, predominantemente, no período de férias.
Até que eu parei e me perguntei:
Será mesmo que não tenho tempo para leituras durante meu dia-a-dia?
Essa indagação surgiu principalmente após uma conversa profunda com um professor da faculdade, entre o 5º e o 6º período. Esse dia me marcou tanto que escrevi sobre ele, com mais detalhes, no texto: “A história de um conselho que fez tudo mudar”.
A partir disso, decidi tentar, e lancei mão de uma estratégia refinadíssima, haha: comecei do jeito que deu, escolhi um livro que tinha boas chances de me agradar e simplesmente iniciei sua leitura.
Estruturei minha motivação inicial na crença de que ainda colheria bons frutos daquela busca. E persisti.
Ao longo desse percurso, descobri algumas estratégias e práticas que foram me ajudando muito! Até que, quando me vi, já não precisava me esforçar tanto mais! Estava em mim o desejo espontâneo de simplesmente ler, todos os dias, aqueles livros incríveis!
Gostaria, portanto, de compartilhar com você um pouco desse processo, destacando vivências e estratégias que foram boas para mim. E, caso você também esteja nessa busca (ou já a alcançou, mas se interessa em se aprimorar ainda mais), quem sabe não possa lhe ser útil!
1. Buscar por livros que verdadeiramente me interessem
A escolha do livro, principalmente quando se está iniciando este hábito, é um fator que considero muito importante. Assim, nesse momento, optei por livros que estavam na minha zona de conforto, de modo que fosse mais fácil manter a tenacidade na leitura.
Acredito que, quando este hábito já está mais consolidado, é possível se aventurar em livros que estão um pouco fora da “zona de conforto”, a fim de expandir nossos horizontes.
Outro fator que influenciou minhas escolhas foi: além do entretenimento, esse livro me trará algum aprendizado?
Sei que essa busca possa nem sempre ser um atrativo para todo mundo. Há quem prefira apenas ler para se divertir ou para conhecer boas histórias. E não há qualquer inferioridade nisso, pois acredito que boas histórias também têm muito a nos ensinar.
Contudo, eu confesso que, por questão de estilo, além de boas histórias, também aprecio bastante livros que me agreguem ou me ensinem algo mais (sim, isso inclui autoajuda e desenvolvimento pessoal – sem julgamentos hein haha). Geralmente, eu alterno entre livros mais “de estudo e de conteúdo” e livros mais “de história e de entretenimento”.
2. Estabelecer uma meta mínima diária
Principalmente quando eu estava iniciando esse hábito, a meta mínima diária me auxiliou de duas principais formas:
- A meta era pequena e alcançável, assim não teria desculpa para não cumprí-la. Por exemplo: 5–10 minutos; 2–5 páginas; 1 capítulo apenas.
- Era possível acompanhar meu progresso. A medida que eu conseguia ler mais tempo, mais páginas ou mais vezes por dia. E isso me motivava a continuar nesse caminho.
3. Reservar 1 a 2 momentos por dia protegidos para leitura
Introduzir um novo hábito, tão importante quanto a “meta mínima diária”, consiste em pensar: quando irei cumprir essa tarefa?
Assim como toda tarefa importante, ao tratá-la como prioridade e reservar um momento para que ela realmente ocorra, aumentamos exponencialmente nossas chances de executá-la de forma consistente.
Por que isso acontece? Eu acredito que nosso tempo é modulável, até mesmo expansível. Dessa forma, tento construir minha rotina selecionando itens que sejam realmente relevantes para mim.
De fato, não se pode ter tudo, é preciso fazer escolhas. Logo, as demais atividades, que não são tão importantes assim, tendem a ficar de fora.
Em meu caso, os meus momentos protegidos para leitura são dois:
- Durante os trajetos de ônibus de ida e volta da faculdade. Nossa! Essa prática certamente ressignificou minha experiência de deslocamento! Leio a maior parte do caminho e não sinto mais aquele estresse da “perda de tempo no trânsito”, pelo contrário, sinto a satisfação de poder ler durante tanto tempo haha.
- Antes de dormir, para relaxar e desacelerar a mente. A leitura faz parte do meu ritual noturno (tema para um próximo texto, em breve). Com as luzes do quarto já apagadas, e apenas a luz suave do meu Kindle ou um pequeno abajur (em caso de livro físico), deito-me, pronta para adormecer. Assim, leio por alguns minutos até sentir aquele desejo espontâneo fisiológico de dormir. Coloco o livro no criado-mudo ao lado e já me viro para o lado, quase sonhando haha. Sei que algumas pessoas alegam que, para elas, isso não funciona tão bem, pois elas ficam entretidas no livro e demoram ainda mais a dormir. Nesses casos, sugiro alterar o tipo de livro deste momento para um que não causa esse tipo de efeito em você (não seja tão envolvente haha), talvez possa resolver o problema.
4. Interagir com pessoas que também apreciem ler
A partilha de experiências, vivências e interesses em comum, pode ser muito benéfica em diversas aspectos! Podemos incluir, até mesmo, cuidados com nossa saúde mental.
Acredito que sentimentos como pertencimento, poder compartilhar nossas ideias ou “saber que não estou sozinho” fazem toda a diferença em nosso enfrentamento diante das adversidades da vida.
Na construção de uma nova prática diária, isso não costuma ser diferente.
Quando comecei a ler mais, inevitavelmente, passei a falar dos livros e das histórias que eu estava lendo para pessoas próximas. Isso teve duas consequências interessantes:
- Aqueles(as) que já eram leitores, passaram a compartilhar suas leituras comigo também. A partir de indicações de livros e até reflexões mais profundas sobre os temas lidos, senti-me impulsionada a ler mais e mais.
- Amigos(as) que já foram leitores, mas tinham deixado esse hábito de lado há algum tempo (devido à faculdade principalmente), voltaram a despertar o desejo de ler regularmente, gerando, em alguns casos, um impacto positivo em seu bem estar.
5. Ter um diário de leituras (sim, isso depende do seu estilo)
Essa última sugestão pode variar com sua personalidade se você irá apreciar ou não. Para mim, no início, foi importante ter um diário de leitura. Nele eu coloco, basicamente, o nome do livro, autor, alguma nota mais marcante, o ano em que eu li, enfim, informações desse tipo.
É algo simples, mas vejo alguns benefícios nessa estratégia, por três motivos:
- Eu posso anotar os livros já lidos. Isso me permite ter um controle maior dos livros que já tive contato, assim como um panorama geral do tipo de conteúdo que mais tenho me aprofundado.
- Permite-me acompanhar o meu progresso: quantos livros já li este ano? Claro que esse número avaliado de forma isolada não diz muita coisa, pois há livros e livros (grandes/pequenos, simples/complexos), mas pode me auxiliar na percepção do quanto eu estou lendo.
- Satisfação com a conclusão de uma tarefa! É como dar um check em uma lista de tarefas. Se você é desse estilo, como eu sou, pode ser que aprecie usar essa estratégia.
Os 4 livros que mais me impactaram positivamente nos últimos tempos
Ao ler livros que possuem conteúdos relevantes para mim, eu não apenas leio. A medida que faço a leitura, eu anoto as frases e elementos-chave que mais me marcam ao longo da leitura no Google Keep (um aplicativo amável que dá para organizar as notas em pastas e caixinhas, com cores e tudo mais).
No caso do Kindle (isso não é uma propaganda, mas preciso dizer, melhor aquisição da vida haha), não é necessário ficar digitando os destaques, posso marcar nele mesmo enquanto leio e depois exportar as notas para meu e-mail, em formato de pdf.
Dessa forma, eu consigo estruturar meu processo de leitura e de consolidação desse hábito, de fato como uma forma de crescimento e de aprendizado. Inclusive, algumas palestras e estudos ministrados por mim em grupos que faço parte, foram elaborados usando essa estratégias.
Sem mais delongas (adoro falar isso), vou contar pra você, 4 livros que me marcaram muito! Geraram mudanças de mentalidade, de atitudes e, até mesmo, de rotina diária.
1. Como fazer amigos e influenciar pessoas – Dale Carnegie
Neste livro incrível, aprendi estratégias preciosas relativas às habilidades de comunicação. Precisei ler duas vezes, com postura de estudo, fazendo anotações, para iniciar um processo de reflexão e aprendizado mais profundo.
A partir desse estudo, destaco aqui os 4 principais aprendizados, os quais relato com mais detalhes na palestra “GEDAAM: Como transformar nosso aprendizado e nossas relações”, ministrada no II Simpósio GEDAAM: Medicina da/na Arte (Clique para do assistir):
- Elogie! Faça uma apreciação sincera e honesta
- Ouça mais! Seja respeitoso e receptivo às ideias e aos desejos das outras pessoas
- Conheça e memorize os nomes das pessoas
- Sorria
2. O milagre da manhã – para quem quer ser um milionário – Hal Elrod
Esse livro promoveu em mim profunda mudança de perspectiva! Tanto em questões de hábitos (consolidando minha própria rotina matinal personalizado) quanto mentalidade (finanças, sucesso, busca por metas).
Após 6 meses me empenhando em estabelecer uma rotina matinal que se adequasse ao meu contexto e às minhas necessidades, a partir da leitura desse livro, obtive os ensinamentos úteis para poder caminhar um pouco mais!
Essas mudanças impactaram todo o restante do meu dia, em diversos aspectos, e não apenas a manhã. Optei, dessa forma, por relatar um pouco mais desse processo no texto “Disciplina é liberdade! A mudança de hábito que fez tudo mudar!”. Assim, aqueles que, eventualmente, também estivessem nessa busca, poderiam, quem sabe, beneficiar-se dessa história.
3. O poder do Agora – Eckhart Tolle
Esse livro certamente foi um divisor de águas no que diz respeito à minha postura mental diante da vida. Trouxe-me reflexões relativas ao esforço de trazer mais consciência e mais presença para este instante, o momento de AGORA.
A leitura desse livro (já li duas vezes e ainda acho que precisarei ler algumas vezes mais para absorver tantos insights transcendentais) resultou em uma palestra dada por mim no I Simpósio do Departamento Acadêmico da Associação Médico-Espírita de MG: Você está vivendo no AGORA ou sob o poder da sua MENTE? (Clique para assistir)
Claro que o fato de eu ter feito um breve estudo sobre isso não representa, de forma nenhuma, que eu já domino esses conhecimentos! Nem perto disso, haha! Talvez eu apenas esteja nessa busca, por acreditar que esse movimento de mindfulness (atenção plena) e de viver no AGORA, possa promover em termos de crescimento pessoal para mim.
4. Comunicação não violenta – Marshall Rosenberg
Por fim, finalizo com esta última sugestão amável de leitura. Este livro iniciou uma transformação em minha forma de me comunicar, especialmente em situações de discordâncias e possíveis desavenças. Mas claro! Há muitos desses ensinamentos que já comecei a absorver e ainda não se tornaram prática. Há também tantos desses ensinamentos que eu nem ao menos absorvi. Assim, já estou planejando a próxima leitura deste livro!
De fato, talvez esse seja o passo mais difícil: colocar em ação os aprendizados teóricos de tantos estudos maravilhosos!
Assim, em um brevíssimo resumo, o processo de comunicação não violenta se resume, essencialmente, em 4 etapas:
- Observação (sem avaliar e sem julgar)
- Sentimentos (identificar e expressar os sentimentos)
- Necessidades (quais necessidades estão vinculadas a esse sentimento?)
- Pedido específico (com sinceridade e empatia)
Deixo aqui um pouquinho do porquê a leitura é um hábito tão transformador para mim! Que eu possa, cada vez mais, trazer esses aprendizados para a prática. Ler é como pegar um pedacinho de cada autor pra construir quem você é.
E você? Também curte ler? Já leu algum livro que impactou grandemente sua vida? Deixe sua sugestão nos comentários ou entre em contato em: Instagram @luana_reis_m ou luanareism@gmail.com.
