Você é uma pessoa com muitas convicções?

As minhas verdades X as suas verdades. Elas se chocam? Ou será que elas podem coexistir?

Luana Reis
A arte de fazer dar tempo
5 min readNov 3, 2019

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Tenho 3 perguntas sobre o tema para você (Alerta! Isso não é um teste de personalidade haha):

Quando alguém discorda de você, como você se sente?

Em discussões (potencialmente) polêmicas, como você se posiciona em geral? Como você reage?

Para você, para que uma discussão acabe bem, é preciso que haja concordância ou está tudo bem se as duas partes permanecerem com ideias distintas sobre algum tema?

Bem, sobre isso, tenho algumas histórias para contar…

Essa semana estava fazendo uma viagem breve com alguns amigos e, sem perceber, o assunto esbarrou em temas relacionados à política.

Como bem sabido nesse nosso Brasil, falar de política, futebol e religião, pode… não dar tão certo algumas vezes.

Nesse dia, a conversa foi desde tons mais amenos e pacíficos até tons mais intensos e determinados. O respeito foi sempre mantido, mesmo com as divergências, contudo, houve sim momentos mais calorosos.

Em dado momento da conversa, percebi que poderia ser interessante conduzir a conversa ao fim, não chegaríamos a uma concordância completa. Assim, busquei identificar (me esforcei pelo menos haha) alguns pontos em comum e me dei por satisfeita, mesmo que as ideologias e opiniões permanecessem distintas entre os participantes.

Então a calmaria foi se chegando… aos poucos.

Curioso foi que, nessa mesma semana, com esses mesmos amigos, nós quase tivemos uma discussão sobre religião. Mas não chegou a progredir para uma discussão de fato. Apenas apresentamos crenças distintas.

Ps: não discutimos futebol pois boa parte do grupo (2/3) não tem conhecimento ou estrutura pra isso haha.

Acredito que, possivelmente, esse papo sobre religiões não foi pra frente (diferente do de política e de muitos outros contextos envolvendo conversas sobre esse tema), porque todos os membros da mesa estavam tranquilos em não precisar mudar a mente e a crença do outro.

Nessa mesma semana (por alguma potencial “ironia do destino” ou um “convite a reflexão”), em meio às minhas leituras habituais, deparei-me com um texto do (incrível) Rubem Alves, chamado “Convicções”, que dizia:

“É preciso que aquele que pensa não se esforce em persuadir os outros a aceitar sua verdade… (Esse é) o lamentável caminho do “homem de convicções”; os homens políticos gostam de se qualificar assim.

Mas o que é uma convicção?

É um pensamento que parou, que se imobilizou, e o “homem de convicções” é um homem tacanho; o pensamento experimental não deseja persuadir, mas inspirar, inspirar um outro pensamento, por em movimento o pensar.”

Então parei e me perguntei:

“Eu sou uma pessoa de convicções?”

Convido-lhe a fazer essa mesma pergunta para você mesmo também.

Agora vamos cada um guardar a sua resposta para si mesmo.

Acredito que essa pergunta possa ser renovada sempre que entrarmos em uma “conversa estranha (com gente esquisita, eu não to legal…)”.

“E a Mônica riu e quis saber um pouco mais sobre o boyzinho que tentava impressionar…” — Eduardo e Mônica, Renato Russo.

Pode ser muito natural sentirmos que nossa ideia é a certa, não é mesmo? Faz todo o sentido do mundo para nós. Existe uma racionalidade, uma sequência lógica! Que até pode trazer aquele de sentimento de: “Como o outro não vê isso! Está claro para mim!”

Você já se sentiu assim perante alguma convicção pessoal?

Bem, na sequência desse mesmo livro de Rubem Alves, ele dizia:

“Bernardo Soares diz que aquilo que vemos é aquilo que somos.”

Lá vou eu de novo e me pergunto:

“Sou aquilo que vejo? Então o que é real? Como distinguir entre a minha verdade e a sua? O que você vê e o que eu vejo?”

Difícil dizer… talvez não precisemos encontrar essa resposta. Talvez esse não precise ser o foco.

No ponto alto de minhas elucubrações filosóficas, chega em minha mente, como uma intrusa musical, a música do nosso histórico Raul Seixas:

“Prefiro ser essa metamorfose ambulante

Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante

Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo”

Veio como um insight. Um clique.

E se eu me permitir não precisar fechar algumas ideias, algumas opiniões?

Abrir-me ao novo… à outras perspectivas diferentes daquelas pensadas inicialmente. Como uma metamorfose ambulante. Pensante. Ativa. Por em movimento o pensar.

Há quem diga que onde há concordância entre todos, aqueles que discordam se silenciaram.

Essa postura de aceitar o diferente, o avesso, o estranho, com tranquilidade. Quem sabe não possa ser mais interessante? É essa a postura que venho buscando hoje.

Olhar o exótico com interesse, um interesse respeitoso, de quem deseja aprender algo novo.

Há quem diga também que quem está tranquilo com sua própria crença, não sente necessidade de impô-la ao outro.

Por fim, convido Nietzsche para participar desses devaneios reflexivos, acrescentando:

Friedrich Nietzsche

“A maneira mais simples de corromper um jovem é ensiná-lo a respeitar mais aqueles que têm opiniões iguais às suas que aqueles que têm opiniões diferentes das suas.”

Então fica meu convite para você (e para mim mesma):

Vamos por o pensar em movimento?

Pois eu prefiro ser uma metamorfose ambulante…

E você? O que prefere ser?

O que você achou dessas reflexões? Deixe nos comentários abaixo ou entre em contato!

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Luana Reis
A arte de fazer dar tempo

Releituras da vida. A arte da busca pelo equilíbrio entre o que importa e o que é necessário.