Como a Bicicleta Quebrou um Paradigma na Minha Vida!

Aprender a andar de bicicleta me mostrou que nunca somos velhos demais pra nada.

Gui Grazziotin
A Caverna
3 min readOct 31, 2018

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Várias vezes já

Essa história é sobre a jornada de como eu aprendi a andar de bicicleta aos 23 anos.

Acredito que eu tinha entre 4 e 7 anos de idade. Eu morava numa pequena cidade no interior do Rio Grande do Sul chamada Bom Jesus. Uma cidadezinha pequena, pacata e muuuito fria onde moravam parte da minha família paterna.

Eu era a única criança da turma que não sabia andar de bicicleta. Enquanto todo mundo saía pra desbravar os limites não tão grandes da cidade, eu me conformava a achar outra coisa pra fazer enquanto eles não voltavam

Por inúmeras vezes, Miguel, meu irmão mais velho, tentou me ensinar e, por inúmeras vezes, eu caí. Não conseguia relacionar a velocidade da bicicleta com o equilíbrio, a coordenação das pedaladas, os gritos de pavor e as estateladas no chão.

Eu desisti.

Me convenci de que bicicleta não era pra mim e passei anos evitando uma nova tentativa. Andava a pé, pegava ônibus ou táxi, mas não arriscava pedalar. Na minha cabeça, eu era incapaz daquilo.

Quando me mudei para Porto Alegre, já adulto, encontrei um ambiente muito diferente do que eu estava acostumado. Naquele ano, a bicicleta ensaiava um crescimento como forma de transporte da população.

O Miguel, já acostumado a andar de bicicleta no trânsito, me chamou mais uma vez:

Vâmo, cara. Agora vai dá certo. Tu vai ver.

Passados alguns bons 18 anos depois, tomei coragem novamente e encarei a magrela.

Fomos para um corredor de ônibus que era fechado nos domingos para recreação. Me senti uma criança na bicicleta sendo empurrado pelo irmão, a diferença é que eu tinha 50 quilos a mais.

Eu estava envergonhado. Um marmanjo tentando aprender enquanto pequenos projetos de gente passavam por mim com uma segurança que eu não sei se conseguiria ter.

Mas eu me concentrei. Me dediquei. Sabia que aquilo seria benéfico pra mim.

Sem notar, eu estava andando de bicicleta.

Não sei explicar. Foi como se uma chave tivesse sido ativada no cérebro. Em 1h de tentativa eu estava andando. Não sabia onde guardar tanta felicidade. Deixei os mesmos pivetes pra trás desta vez. Comam minha poeira.

Percebi que, com convicção, empenho e trabalho em equipe, podemos derrubar barreiras e descobrir capacidades que nunca imaginamos ter.

Com a bike eu já fui pro trabalho, pra faculdade, pra casa da mãe, pra casa dos amigos, pro parque, pro bar, pra lugar nenhum. Com a bike eu tenho liberdade, economia e saúde.

Com a bike, eu aprendi que nunca é tarde pra aprender algo novo.

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E eu não uso capacete. Tô nem aí.

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