O iogue

Natalia Traldi Bezerra
A ciência do sono
Published in
1 min readMar 28, 2014

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Estava viajando e cheguei a uma cidade no interior de Rondônia. Ela era conhecida por um paredão de pedra de 15 metros com uma pequena corrente de água ininterrupta, como um fio de cachoeira. Nasciam samambaias incrustadas nas pedras.

Ao pé do paredão havia uma arquibancada, também de pedra, onde algumas pessoas praticavam ioga ou meditavam.

Eu estava com alguém que não conhecia, mas que concluí ser jornalista. Ele quis conversar com um iogue muito magro e um pouco velho. O iogue tinha uma careca redonda e brilhante e as bochechas encovadas e caídas, como se um dia tivesse sido gordo. Usava óculos redondos e roupas largas laranja-vivo que fechavam na frente como um envelope mole. Parecia o Gandhi misturado com o Pyat Pree.

Ele estava muito concentrado quando o jornalista o interrompeu para perguntar se ele praticava ioga. Diante da pergunta, o iogue abriu os olhos devagar e assumiu uma expressão de antipatia e enfado, retesando todo o corpo e deixando à mostra os tendões sob a pele mole e rugosa. Pareceu uma tartaruga.

Não lembro o que ele respondeu; sei apenas que foi ríspido.

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