#AColunaIndica: Assistindo Sex and the City pela primeira vez e algumas reflexões.

maria
a coluna
Published in
4 min readJun 21, 2024

Pode se indicar algo que acabou há 20 anos? Não sei dizer se isso que escrevo seria uma indicação ou um review — acredito que se enquadre no que posso chamar de: minha experiência assistindo Sex and the City pela primeira vez, em 2024, com 26 anos de idade.

Veja bem, eu já tinha ouvido falar da série, obviamente, mas o que eu sabia era: Sarah Jessica Parker vivendo em Nova york. Mas, para chegar no momento em que assisti (ou engoli) a série, volto em alguns pontos anos atrás.

Eu tive meu momento de negar a feminilidade, um período (que durou bastante até) entre a pré adolescência e adolescência; nada no feminino me cativava muito: as cores, o jeito de se vestir, os papos das meninas e tudo que envolvia o universo. Quando tive minha grande paixão pelo universo Crepúsculo (twilighter aqui), sentia muita vergonha de admitir minha paixão pelo enredo romântico e piegas da saga, muita coisa reprimida por anos e, bum!, a fase da adolescência passou e eu pude finalmente assumir meu amor pelo romance! Tem coisa melhor?

Após assumir meu amor incondicional por Crepúsculo, me joguei nos clássicos que nunca tinha aproveitado abertamente durante minha adolescência: The O.C., Gilmores Girls, e os milhares de filmes românticos dos anos 90 que, enfim, consegui apreciar. Ai, a beleza e simplicidade da vida quando o seu maior problema é: “será que ele gosta de mim?”

Dito isso, pulamos pra 2024 e finalmente comecei a assistir Sex and the City — no momento em que escrevo isso, estou na segunda temporada de And Just Like That. Como foi minha experiência? Ótima!

Quatro mulheres sem grandes problemas (inicialmente) andando por Nova York, tomando Cosmopolitan e indo a brunchs, vivendo num universo onde poderia encontrar sempre minhas amigas e a pauta seria (quase) sempre a mesma: homens. Meu sonho?

Acho que superficialmente poderia dizer que sim, mas entendendo o contexto do “tema” central da série (sexo e a cidade), falar que o único assunto que envolve a vida delas são homens é, na verdade, bem raso da minha parte.

Me diverti muito assistindo aos problemas fúteis, questões rasas e pouco complexas. Acho que a vida real é muito “real” as vezes, e se largar num romance e drama fácil de assistir é muito bom. Porém, ao mesmo tempo, me pergunto: por que questões de amor e sexo dentro da realidade de mulheres 30, 40+ são fúteis?

Existem milhares de análises mais profundas sobre a série na internet, principalmente agora que, recentemente, foi incluída no catálogo de séries e filmes da Netflix, mas é impossível não falar de como ela é importante dentro do contexto em que se encontra como entretenimento: uma série lançada nos 90 que fala (e mostra) tão abertamente a vida sexual de mulheres que já passaram dos 20 e poucos anos.

Sendo a pessoa um pouco passional que sou, me irritei em muitos momentos e, agora que já declarei aqui minha paixão pela série, deixo minhas considerações negativas.

1 — Meu deus, mulheres maduras com mais de 30 anos se comportando como adolescentes.

2 — Como uma mulher 30+ consegue escrever com o computador na cama de qualquer jeito? Não me espanta o problema no quadril anos depois.

3 — A falta de diálogo (!!!!) entre os relacionamentos românticos, nas amizades, em tudo!

4 — Carrie Bradshawn — como pode ser tão egoísta e insuportável?

Mesmo com algumas problemáticas e opiniões negativas em relação à série (principalmente a protagonista), acredito que o que cativa no enredo é as coisas serem do jeito que são, os erros e as decisões que impulsionam a história. Estas decisões, por muitas vezes julgo imaturas para a idade das personagens, mas este pensamento vem parcialmente embasado em alguns preconceitos da minha parte — de acreditar que após os 30 não se possa sofrer por amor ou por qualquer problema “pequeno”; de um lugar em que achamos que depois dos 30 as inseguranças são menores, não deveríamos nos abalar tanto, deveríamos saber o que fazer, como fazer, o que falar. Seria justo? Achar que enquanto envelhecemos perdemos a paixão na nossa vida? Termino esse texto dizendo que definitivamente não.

Pra mim, o amor chega com um pouco de sorte: sorte de encontrar alguém que te ama de volta na mesma sintonia; que além de amar, te respeita, cuida e ampara. Então, não me parece justo julgar aquela mulher com quase 50 anos sofrendo por amor, porque ela talvez não teve a sorte de esbarrar nele aos 20 e poucos.

Eu ainda não cheguei nos 30 e muito menos nos 40 ou 50, mas acredito que seja certo dizer que sofrer por amor não é algo datado. Sex and the City, afinal, chegou pra mim “tarde” e na minha melhor fase: mais apaixonada do que nunca.

--

--

maria
a coluna
Editor for

textinhos, pintura, reflexões e algumas cositas mais