Aquele sobre o amor

Eloisa Capraro
a coluna
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3 min readMay 28, 2021

Será que muitas pessoas são como eu, que não sei falar sobre o amor? Pelo menos eu sempre pensei que não sabia. Mas se prestarmos atenção aos detalhes, às pequenas falas cotidianas, enfim, ao próprio dia a dia, muito embora seja (eu não consigo lembrar a palavra, mas é aquela palavra que significa que tá todo mundo cansado de saber. Aquela, que eu uso pra dizer que vou dizer novidade nenhuma) “piegas”, de fato, o bichinho está nas entrelinhas.

Imagem de design.meliora, por Pixabay

Às vezes, a gente olha para as pessoas e, mesmo havendo certa convivência, demora para conhecer aspectos da personalidade que são tão importantes, e que se materializam em pequenos atos. Prestar atenção, falar menos e ouvir mais, fez-me um tanto — que eu não sei o quanto — mais feliz.

Assistimos àqueles filmes que sempre contam as mesmas histórias e que nos fazem pensar que alguém precisa ir à lua para mostrar que gosta de você. Mas a verdade (a minha verdade, porque a coluna é minha hahaha), é que algumas coisas significam muito mais, embora de proporções menores (quer dizer, quem disse que são menores?).

O cara que acompanha a esposa todo dia até à frente do trabalho, após mais de 25 anos de casamento. Aquele seu amigo que sai antes da esposa de casa e, perto da hora em que ela acorda, manda mensagem de bom dia. Ou talvez o companheiro que acorda às 04h da matina para fazer bolo de milho para a pessoa que ama (sim, parece que isso existe). Fofos.

De repente, aquele outro amigo que sai para comprar um presente de aniversário para o chefe e não esquece de levar o vinho que ela gosta. A sua amiga que fala o que você precisa ouvir ou, quando o momento pede, aquilo que queres ouvir. E lá se vão os gestos de amor pela vida… o ato de cozinhar para você; de cuidar do seu filho; de se preocupar mais com você do que consigo; de perguntar se estás bem ou de só te ouvir mesmo.

O Capitão, meu cachorro, mostra o amor dele quando sai correndo em disparada ao ouvir de longe o carro/moto de alguém da família. É engraçado porque ele vai correndo que nem doido (ouvido muito afiado) e começa a latir para o lado contrário. A impressão que eu tenho é que ele está avisando para o mundo que alguém que ele ama chegou em casa.

Eu, por exemplo, provo o meu amor de filha por esperar o cafezinho do meu pai todo dia (desculpa, pai). Ele faz muito forte e fica com gosto de queimado, só que ele levanta mais cedo que a gente para fazer o pretinho e a gente tomar antes de sair, ou seja, é a prova dele. Fofo.

Tem gente que deixa de ganhar dinheiro por ti, ou que te ajuda a ganhar, que te coloca em um pedestal ou que ri de qualquer “bobiça” que tu falas. Tem gente que mostra que te ama porque te dá esporro, e aquele que te defende para os outros mesmo quando sabe que estás errado. Será que aquele papo que és alguém para o mundo e o mundo de alguém é verdade?

Sei lá eu. Só que pelo que eu percebi e escrevi, você há de concordar comigo que o amor é muito mais que uma flor roxa que nasce no coração do trouxa, né?

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Eloisa Capraro
a coluna

Há algum tempo tentando não ser uma sem-noção.