Cardápio de pessoas?

Eloisa Capraro
a coluna
Published in
3 min readAug 19, 2022

Vamos falar sobre o Tinder. Segue uma breve explicação para quem não sabe o que é (penso que é um número considerável de pessoas).

Pois bem. É uma rede social para namoro — nem de longe tão legal como o Instagram ou o Facebook, mas o conceito é mais ou menos isso aí. Você baixa o negócio, cria o seu perfil, escreve as bobagens — ops, as suas qualidades — que quer que as pessoas vejam, joga umas fotografias e, voalá, espera.

É como se fosse um livro de fotos, a gente vira a página para a direita se gosta da pessoa e para a esquerda se não gosta. Se duas pessoas virarem para o mesmo lado, ou seja, se duas pessoas apertarem o botão verde uma para a outra, temos um “Match”.

Ali tem de tudo. E quando eu digo tudo, eu estou dizendo tudo mesmo. Gente legal, gente boba, gente bonita, gente sarada, gente engraçada e, pasmem, tem do tipo que tem um perfil no Tinder dizendo: Não gosto do Tinder, parece um cardápio de pessoas. Lembrando, a pessoa fala mal do Tinder, no Tinder.

Certo. Conheci o aplicativo lá por 2012 e, acreditem, aquilo nunca me rendeu nada. É um caso de amor e ódio. Uso, desuso, uso de novo, desuso de novo. Mas ele serve, ao menos, para divertir.

Não sei outro lugar onde homens escreveriam: “Em resumo, não me resumo, sou completo”; “Sou escravo do meu gato”; “O tipo certo de cara errado”; e, a melhor descrição que eu vi até agora: “Dize não para mim, tudo bem. Mas tem coragem de dizer não para a coxinha?” Por Deus! Tive vontade de curtir só por isso.

Uma vez, isso faz tempo, eu dei match com um perfil um pouco diferente do estilo que eu costumo curtir. Não só dei um “like”, eu dei um “superlike”, ou seja, eu não só curti, eu super curti. O cara, quando veio puxar assunto, disse o seguinte: — Supercurtida? Foi sem querer, né? Hahaha.

Bem, eu achei engraçado e, como sou espontânea, disse: — Simmm, foi sem querer. Hahaha. Resultado: o cara me bloqueou. Oxe. Tudo bem que sou meio sem-noção às vezes, mas ali eu estava sendo espontânea e achei que seria um bom início de papo. Enganei-me.

É. Pensando bem. Fui uma tosca mesmo, mereci o bloqueio.

Mas tem gente bem pior. Mas infinitamente pior. Eu falo e provo. Guardei até printscreen. Um cara começou a conversa comigo mais ou menos assim:

Oi, tudo bem? Olha só, teu pai te vê tomando banho? Porque minha mãe me vê.

Oiiii????? Aí fui eu que bloqueei.

Resumo da ópera? Tem para todo gosto. Sinceramente, acho que é um bom indício de que, de fato, toda tampa tem sua panela. E isso é verdade mesmo, basta ouvir as histórias de amor das pessoas conhecidas — são as mais inusitadas e talvez até improváveis.

--

--

Eloisa Capraro
a coluna

Há algum tempo tentando não ser uma sem-noção.