E então é fim de ano, de novo e de novo.

Eloisa Capraro
a coluna
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3 min readDec 16, 2022

Sou só eu ou a época — geralmente — mais esperada do ano não está tão esperada? Não só quando criança, sempre gostei muito de coisas de Natal, ainda que tenha sido uma criança consciente sobre o tal velhinho que se veste de vermelho, mas não vou escrever o que estou pensando porque-vai-que-alguém-vê-na-internet-por-acidente-que-outro-alguém-não-existe.

Deus me livre. Destruir sonho de criancinha jamais seria uma meta do ano. Bem, estou com medo de olhar meu caderninho de metas. Sim, sou covarde mesmo. Mas é que tenho certeza que várias coisas que estão lá não foram cumpridas.

Eu estava falando que gosto de coisas de Natal. Enfeites, boneco de neve, pisca-pisca. Mas na minha casa não tem sequer uma bola perdida. Na minha porta tem um coelho — não é por causa da Páscoa, é que a guirlanda que ganhei da chefa é de um casal de coelhos e é linda.

Sobre as metas não cumpridas… Ai, ai. Uma respirada. Emagrecer é sempre a primeira delas. Estive na farmácia ontem e olhei a balança. Não tive coragem. Hoje estive lá de novo e olhei a bendita/maldita, de novo sem coragem de enfrentá-la. Cara, ontem lá na farmácia estava comprando um chocolate e hoje um picolé.

É o que eu sempre digo, na maioria das vezes a gente tem o que merece.

Lembro vagamente de ter feito uma meta literária. Também não cumpri. Ler é uma coisa que eu gosto muito de fazer, vivo dizendo que sou apaixonada por literatura, mas fui um fracasso como leitora este ano e não existe licença poética para isso.

Poderia dizer que como nunca acreditei em Papai-Noel, não cumprir as metas não fazem muita diferença? Poderia. Mas não há piadinha nesse mundo que compense a sensação de fracasso. Mesmo assim eu tento, ainda que no fundo me sinta uma derrotada.

Sequer vou terminar o ano com o mesmo número de plantas que comecei. Bem verdade que me desfiz de algumas e tal, mas a sensação é que falhei nisso também. Não adianta, nada compensa a realidade de pilhas de livros não lidos e quilos que chegaram.

Há uns 28/29 anos ganhei um lego. Vinha um encarte para montar uma casa que tinha janelinha de banheiro. Demorei muito tempo para conseguir construir a casa igual à foto. Quando consegui, perdeu a graça.

Mas quando emagreci bastante há um tempo não perdeu a graça não. Eu só quis comer mais mesmo. Estar acima do peso é ruim, mas almoçar picolé tem seus encantos (que a irmã nutri não leia A Coluna dessa semana).

Não adianta. Vou anotar aqui no google agenda um dia para olhar o caderninho velho e escrever um novo. Para falar bem a verdade, muito embora algumas bobiças — que sempre têm — até que acho que fui uma boa menina.

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Eloisa Capraro
a coluna

Há algum tempo tentando não ser uma sem-noção.