Faça o que eu digo!
Há algumas semanas, fiz uma enquete no meu perfil do Instagram pedindo aos estimados seguidores que, se quisessem, sugerissem temas para A Coluna. Pois bem. Surgiram vários muito bons mesmo — muito além da minha capacidade de imaginar.
Um deles era sobre produtividade/improdutividade. Oxe. Sem querer, essa pessoa, um professor que foi muito importante para o meu aprendizado, tocou naquela ferida. Sabe aquela que dói? Sem dúvidas eu poderia dizer que é o meu calcanhar de Aquiles.
O problema é que eu não sei como mensurar. Quando alguém é produtivo e quando não é? Não faço ideia, como praticamente todas as lebres que levantei até hoje por aqui. Nunca sei a resposta e sofro para descobrir qual é o equilíbrio, o ideal.
E é por isso que eu joguei de volta a pergunta, pedindo para que ele escrevesse sobre. Eu sempre dizia nas aulas que ele era extremamente metódico, então talvez tenha algum método para medir a produtividade de alguém. Mas não rolou.
O que posso dizer sobre o assunto é que eu nunca acho que é suficiente. Não lembro — e não lembro mesmo — de qualquer dia que eu tenha pensado: “Bom trabalho, Eloísa.”
Nunca.
Todos os dias eu acordo dizendo que vai ser um dia extraordinário e escrevo mil metas: ler a Bíblia; ler literatura; ler sobre Direito; fazer exercícios; escrever 20 pareceres; fazer atendimento e me alimentar bem. Algo sempre fica para trás.
Acredite, eu já fiz de tudo. Já li todos os artigos do mundo sobre ser mais produtivo; fiz todos aqueles desafios que a gente tinha que acordar às 05h03 para assistir lives; muitos livros já escritos quanto a estes temas e aqueles em torno de ser mais feliz e blá blá blá (talvez por isso faça tanta piadinha).
Estou sempre comparando. No estágio, por exemplo — quejáacabougraçasaDeus, eu disse isso? — toda semana era aquela tortura psicológica:
— Só fiz uma peça, tinha que ter dado tempo de fazer duas.
A sensação, ao fim do dia, é sempre de frustração. Podia ter feito mais. Precisava ter feito mais. E o meu coração nunca fica em paz.
Até poderia escrever um livro com um título mais ou menos assim: “05 passos para ser a pessoa mais produtiva do condomínio e da roça”; “como transformar preguiça em hectare de plantação de mandioca”; “trabalhe enquanto eles desmaiam e blá blá”; e por aí vai.
Poderia me aventurar? Poderia. Quantos coachs de nutrição que não estudaram nutrição você vê por aí? E quantos empreendedores — coachs — famosos que nunca empreenderam nada? Só que o pulo do gato é que eles vêm de longe e ninguém sabe desses pequenos detalhes. Já essa que vos fala não consegue segurar a língua e já está aqui de novo falando que não sabe é nada.
Espera. Piora. Piora? Piora. Eu me pego dando conselho às pessoas de que elas já fazem o bastante — podem dar uma relaxada. Irônico, né, não? Em relação à mim sei nem se sou mais produtiva quando tenho prazo ou quanto sou livre.
Vou aproveitar aqui e usar a ideia da minha chefa em outro texto:
— Sei nem o que eu vou fazer com essa tal liberdade.