Hormônio do amor

Eloisa Capraro
a coluna
Published in
3 min readMar 3, 2023

Assisti um vídeo hoje em que o cara disse mais ou menos o seguinte:

— Quando fazemos um ato de serviço para alguém sem esperar nada em troca, ficamos ocitocinados. Ocitocina, segundo o tio Google, é o hormônio do amor.

Parece que é o hormônio estimulado no parto, na amamentação, por meio das atividades físicas e da meditação. Sobre esses exemplos eu só posso falar da atividade física, muito embora eu ainda siga reclamando.

Mas se parar para pensar, de fato, às vezes me sinto ocitocinada. É como se o meu coração se enchesse, que nem colocar água em um copo mesmo. Senti exatamente isso ontem quando vi um vídeo do meu sobrinho, gravado há uns 05 anos quando ouvia ele explicar sobre os carros da SWAT (acho que é algo a ver com videogames).

Mas preciso ser sincera e dizer que, na verdade, costumo sentir o inverso em grande parte do tempo. Qual seria o hormônio do desamor? Não seria do ódio, também não vamos exagerar; mas tipo uma irritação constante e chata para dois carambas (eu queria escrever outro palavrão aqui, na real, mas pode ser que meu sobrinho um dia leia e me mande colocar uma moeda em um pote por ser desbocada).

Certo. Em vez de hormônio do ódio vamos usar hormônio do ranço, acho que é mais apropriado. Eu fico ocitocinada quando cuido das minhas plantas, mas tenho feito isso pouco, ultimamente. E, além do mais, sempre tenho a impressão que elas me odeiam, justamente por essa falta de atenção. Enquanto eu sinto amor, elas sentem ranço. Ai, ai.

Também sinto ranço de tomar o tal do shot pela manhã, que é uma mistura sem-vergonha e descarada de gengibre, cúrcuma, limão e própolis. Ruim para dois hormônios do desamor. Mas, tenho que admitir, minha rinite parece que melhorou uns 80%, ao menos não tenho mais tossido e meu nariz, que é podre, tem se mantido livre para respirar (e voar, voar — brincadeira).

Essas frases aleatórias assim não são pensadas, é exatamente assim que a minha mente funciona — essa oblíqua e dissimulada.

Bem, voltando aos hormônios. Deve ser isso mesmo. Se parar para pensar, é dois tempos a gente ficar bravo e ficar bom de novo (meu pai sempre dizia isso: tá de cara feia? é dois trabalhos, ficar e “desficar” hahah); ficar feliz e triste, às vezes, é mesmo tipo um botãozinho. Liga e desliga.

Estava super chateada e, agora, estou contente. É porque estou escrevendo A Coluna. Isso aqui me deixa ocitocinada mesmo. Lembrei que vou para a academia daqui a pouco: desocitocinada. E depois tem salada e frango: desocitocinada ao quadrado.

Rapaz. Complicado. Ops, acabei de ver que esse tal de hormônio do amor também vende em spray na internet. Hahahaha. Eu amo a internet, meu Deus! Será que substitui a atividade física? É o quê?

Imagina eu meditando. Impossível. Eu ficaria desocitocinada assim que transcorressem os primeiros 15 segundos. Não tenho paciência. Será que o hormônio diminui porque eu sou reclamona ou sou reclamona porque o hormônio diminui? Rá! Boa pergunta, hein?

Por hoje é isso, pessoal. Um abraço para ti deixar ocitocinado.

--

--

Eloisa Capraro
a coluna

Há algum tempo tentando não ser uma sem-noção.