Medalha, medalha.

Eloisa Capraro
a coluna
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3 min readAug 9, 2024

Não sei vocês, mas já estou totalmente envolvida com as Olimpíadas. Já bisbilhotei e segui um monte de atleta no Instagram; chorei umas três vezes só vendo os vídeos da Beatriz Souza — ouro no Judô; fora o resto.

Ilustração de Sasha Sviridova

Até a semana que começou o negócio eu estava alienada. É, pois é, parece que vai ter Olimpíadas e vai ser em Paris — por isso a Netflix fez um filme de uns tubarões que invadiram o rio Sena e comeram um bocado de gente (só conseguia pensar nisso quando via as fotos das imagens das delegações descendo ali de barco).

Olha os tubarões aí, gente. Lembrando que no Rio não tinha tubarão, embora esse bichinho não seja tão ruim assim — cobra é pior.

Bem. O que acontece é que o negócio foi acontecendo e eu não consegui me manter desconexa por muito mais tempo — acabei me rendendo e logo me peguei olhando os horários das provas em que o Brasil participava; puta dos cornos pela nota do Medina e da Tati havaiana/brasileira; torcendo para a Biles pisar fora do quadrado e achando a apresentação da Espanha bem meia-boca no nado sincronizado, ainda que o Brasil não estivesse.

Na maior parte do tempo estou que nem o Mutley:

— Medalha, medalha.

O esporte é um negócio interessante mesmo. Faz algumas pessoas viverem em sua função, afetam a família e os amigos e, nestas épocas, envolvem o país inteiro. É daora, vai.

E não só. Alguns meio que parecem uma seita. Gosto de praticar corrida. Sim, quase morro que nem doida, mas o contexto é legal. Fazer parte de um grupo, por exemplo. Nunca levei tão a sério, como muitas outras coisas, mas já participei de corridas legais e fiz até a caçula ir correr em Itajaí — 10km.

Mas ainda estou engatinhando, meio que na vibe do Dr. Drauzio Varela, que toma um suco de laranja e vai correr 15km todo dia. Não, claro que não, estava me referindo à parte do suco de laranja, é claro, embora no meu caso seja o café.

Não comprei tênis específico ainda; não comprei o tal do relógio do Garmin e nem nunca tomei gel energizante — mesmo porque para as minhas distâncias nem precisa desse último.

O fato é que o corpo — danado ele — se acostuma. Já são 09h15 de uma quinta-feira e hoje ainda não corri e nem fui para a academia — e ouço ele gritar o tempo todo que precisa se movimentar. Meu cérebro está desde às 06h dizendo que sou malandra e que ele precisa de um cansaço para o corpo liberar endorfina, dopamina e serotonina.

Tudo bem, tudo bem. Daqui a pouco estou indo — confia, filho. Daqui a pouco não, mais tarde, no final da tarde, porque agora preciso trabalhar para guardar um dinheirinho para comprar remedinho para quando você precisar, seu moço. Porque, sim, sabemos que precisará.

Acho que essas substâncias são meio que iguais às medalhas olímpicas. Quem não quer, né não? Ah, tenho que contar mais uma das minhas maluquices recentes, talvez se tivesse corrido mais e deixado o cérebro no lugar não fazia tanta bobagem. Hahahha. Mas vai ficar para depois, porque esgotamos os caracteres de hoje.

Beijo para quem é de beijo e abraço para quem é de abraço.

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Eloisa Capraro
a coluna

Há algum tempo tentando não ser uma sem-noção.