Modelo-padrão

Eloisa Capraro
a coluna
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2 min readMar 31, 2023

Parâmetro talvez fosse uma estratégia resolutiva para muita coisa nesse mundão de Deus. Será? Eu acho, adianto e justifico. Hahaha.

Se existisse um modelo-padrão de perfeição, mas que fosse aceito dessa forma por unanimidade, seria daora. A gente poderia se comparar, ué. Um exemplo simples: ser convidada para jantar na casa em que já almocei, no mesmo dia. Em alguns momentos esses convites são feitos apenas por educação, não porque a pessoa não gosta da gente, mas porque é uma situação específica, oras. E aí? Ir é ser folgado; não ir é ser ingrato?

Com algumas pessoas é bem tranquilo, depende do tamanho da intimidade. Intimidade costuma ser uma droga, porque a gente perde os limites. Mas na maioria das vezes é bom. Continuando, quando a chefa Rose me chama para tomar café, por exemplo, nunca me deixa pagar. Então, às vezes eu quero dizer que não, porque me acho uma aproveitadora. Ela responde:

E eu lá sou do tipo que se deixa aproveitar?

E é verdade. Ela não é.

Quando você usa seus amigos de terapeuta, qual é o limite entre abusar dos ouvidos alheios e atualizá-los sobre a sua vida? É que as pessoas entendem as coisas de uma forma diferente, né. Tudo é muito peculiar. Cada um com sua idiossincrasia, já diria a professora Maria Augusta. Eu adoro essa palavra, aprendi e nunca mais esqueci.

Enfim. É tudo tão bagunçado que há quem ouse dizer que “evidências” não é a melhor música brasileira. Mas que abuso.

Está bem, eu sei o que você está pensando. “Mas Eloísa, se todo mundo fosse igual e blá blá blá; e se todo mundo gostasse do sol, coitadinha da chuva, e blá blá blá.” Gente, seria mais fácil. Já temos tantos acordos sociais, por que não mais um? Tudo que é modelinho, facilita. Imagina se cada vez que alguém fosse tirar uma certidão de nascimento/casamento no Cartório pudesse escolher a cor? Não. Não. Tudo modelinho; padrãozinho; uma beleza. Nada pedir uma certidão azul ou uma rosa. Apenas certidão. Quero uma certidão, senhora. Pronto.

Não me levem a mal. Penso até que já escrevi aqui em algum momento que as diferenças são legais e provavelmente usei alguma frase de efeito. Eu revirei os olhos agora. Talvez esteja um pouco mais rabugenta hoje. Mas assim, se só existisse maçã ou só banana. Se eu nem soubesse o que seria melancia, eu comeria o que teria e pronto.

Fala a verdade, você também não está com a impressão de que tudo anda meio ou muito bagunçado? Parece que o mundo inteiro é a Babilônia na época que foi destruída.

Até gosto de bagunça, mas tem que ter gerência.

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Eloisa Capraro
a coluna

Há algum tempo tentando não ser uma sem-noção.