No talento

Eloisa Capraro
a coluna
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3 min readJul 5, 2024

Bom dia, Eloísa, a caranga não está precisando de um talento? Mensagem que recebi hoje ou ontem de manhã, nem lembro. Isso importa? Não necessariamente, mas vocês sabem que falo com vocês sobre as coisas que acontecem — e, é lógico, praticamente no meu mundinho.

Caranga não é lá coisa de outro mundo, dá para bem entender que ele estava falando do Lolomóvel. Mas no “precisando de um talento” eu confesso que dei uma bugada. Não que precise de muita coisa para essa que vos fala ter uma panezinha, não, não; não raro o sistema precisa reiniciar, já que tem não tem uma tecla para destrave.

Olha, querido, a caranga de lata até que tá talentosa, já não sei se posso dizer o mesmo da caranga da pele. Uns procedimentozinhos não iriam mal não. Um botox aqui, um acidozinho ali.

Mas parece que quando a gente começa a mexer não para mais. E é assim sobre tudo na vida, caramba. Tipo o carro. Bem, antes de tudo, preciso dizer que tenho um Fiat Uno, e essa informação automaticamente entra na sua cabeça mais ou menos assim: “Só falta colocar a escada em cima que ele voa.”

Só deixa eu esclarecer que a fala não é minha — é de um dos novos pensadores da atualidade — o Uber. Já parou para pensar que os caras aprendem mais coisas em 30 minutos com duas corridas que a gente lendo 2 livros, por horas? A pessoa que vai de carona — e principalmente aquela que fala bastante — é tipo uma barsa em áudio.

Pois bem. Voltamos ao fato que tenho um Fiat Uno. Agora vamos para outro fato: sou mulher. Isso quer dizer o quê? Que meu carro serve de guarda-roupas também. Todas são assim? Não, mas chutaria que a maioria.

Se a gente compra um guarda-roupas e usa durante anos, ele serve para quê? Isso mesmooooo, para ser um guarda-roupas. Então entro no carro, jogo dentro o que tiver que jogar — provavelmente coisas que sentirei falta no futuro mas não saberei onde estão — e sigo meu caminho.

Corta para algum dia em que eu estava indo para algum lugar. “Moça do céu, teu carro tá sem água”. Pensei uns 3 segundos e respondi o que para mim era óbvio: “Isso deve significar alguma coisa pela tua cara. Mas posso ir assim até Brusque?”

Calibrar pneus? Acho que já devo ter feito, assim, alguma vez nesses anos. Não tenho certeza mas também não descarto.

Entendo que ele precisa de mais carinho. Por outro lado, não ajeito nem a minha carcaça, vou dar um talento no carro? Claro, quando chega um daqueles dias que a gente suja a roupa quando entra, aí tá na hora, mesmo porque não tenho máquina de lavar.

Eu brinco mas sei que tudo precisa de um talento, inclusive a gente. Comecei isso tudo para dizer que quando comecei a querer deixá-lo bonitinho, não parou mais de aparecer coisas — então suspendi o negócio. E essa história vai ter que ficar para outro dia já que cheguei no limite dos caracteres.

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Eloisa Capraro
a coluna

Há algum tempo tentando não ser uma sem-noção.