Pois não faz mal
Ontem fui levar meu carro para trocar o retrovisor. Alguém bateu, quebrou, passamos fita isolante e assim ele ficou por uns 02 anos.
Acionei o seguro e troquei. Na verdade, percebi que ele estava quebrado, mas funcionava. Claro que isso só foi percebido depois que acionei o seguro, senão não gastaria 100 pila à toa desse jeito. O que é um retrovisor com fita isolante em volta? Tudo certo.
Então fui para o trabalho à pé. E é claro que choveu. E choveu bastante, hein. Não tenho muita frescura, embora ache sacanagem sair na chuva depois de lavar o cabelo. Mas aquela chuva estava um pouco incômoda, e como disse um tio meu há uns 20 anos:
— Não sou de açúcar mas também não sou repolho.
Tudo bem. Esperei um pouco e, quando deu uma diminuída na água fui assim mesmo. Eu até tinha um guarda-chuva, e diga-se de passagem — um guarda-chuva DAORA. AMARELO. É, copiei de uma série aí que a galera da minha idade — que não é mais a nova geração — conhece.
Mas ele foi pego emprestado sem pedir e voltou uma carcaça. Mas uma carcaça! Todo furado, quebrado, já estava sem cabo, então dei adeus e deixei subir ao reino dos guardas-chuvas para encontrar seus antepassados.
Então é claro que ia chover no dia que precisei ir à pé ao trabalho e não tinha guarda-chuva. Tudo bem, São Pedro, engraçadinho. Só não te coloco de cabeça para baixo de castigo porque não tenho uma estatueta.
É assim mesmo.
Hoje resolvi ir à pé almoçar. Uma que preciso emagrecer, duas que preciso economizar. Lá fui, de saltinho. Até pensei em ir com o chinelo que eu tinha na bolsa, mas certo, sapato mesmo.
Na volta, resolvi vir de chinelo. Sei lá, vai que o sapato faz calo. Então logicamente todo mundo que eu conheço passou por mim já que estava toda de alfaiataria e de chinelo. Normal. O pior é que os chinelos me deram calos e fiquei o resto do dia andando descalça.
É isso? É. O sapato não deu calo, mas o chinelo deu. Tudo bem que não eram assim “Havaianas”, mas fala sério, desde quando chinelo velho dá calo em alguém?
O que importa é que esse final de semana vou no Festival do Café. Ano passado tomei tanto que me deu dor de barriga. Pois não faz mal. Nessa edição vou tomar tudo de novo — e mais um pouco.
Sou obrigada a dizer que nem gosto mais tanto assim de café. Meio que perdi o costume. Mas aquele primeiro — na primeira hora da manhã — ah, esse sim é essencial.
Mas para São Pedro aprender, não tem café para ele. E meu chinelo, para aprender, vai ficar em casa — não vai na mala, não, porque se for para ter calo, que seja em casa.
Chuva para quem é de chuva, sapato para quem é de sapato.
E claro, café para quem é de café.
