Que eu melhore também!

Eloisa Capraro
a coluna
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3 min readJul 15, 2022

Decidi sobre o que escreveria ontem, no trânsito. Estava no caminho de uma consulta e estava atrasada. Eu nunca me atraso. Então, quando isso acontece, eu fico extremamente irritada. Sim, engraçadinho, mais que o normal. Hahaha.

Parece que quando as coisas vão dar errado, dão. Não é incomum ouvirmos as pessoas dizendo:

— Hoje foi o dia para dar tudo errado.

Não sei se essa frase tem tipo um efeito confortante, porque nos exime da culpa, mas ela parece trazer um certo alento na hora em que é dita.

Penso que o negócio é que, quando alguma coisa não sai como o esperado e nós não estamos em um bom momento, isso ocasiona uma série de fatos, como se fossem aquelas espirais de dominós.

Então sair de casa atrasado já é o primeiro tiro, ou melhor, a derrubada do primeiro dominó. Aí todo mundo quer se meter na tua frente no trânsito e, muito embora você procure ser sempre gentil e dar a vez, naquela hora o sangue sobe. Logo, todos os caminhões que transportam madeira e andam a 20k/h resolvem fazer aquele percurso.

Todas as “sinaleiras” fecham e, quando abrem, alguns esquecem de andar porque estão mexendo no telefone celular. Aí, despretensiosamente, ou não, você chama todos de antas — na sua cabeça.

Mas aí, lá, p*** porque pegou o segundo fechamento do sinal, você olha para o lado e vê o senhor do carro ao lado cantando super empolgado. E ele nem tinha cabelo. E lembra que é exatamente isso que você faz quando está empolgada também. E pode vir uma centena de caminhões de madeira, que está tudo certo.

Ao mesmo tempo, um fato que Wanda não me deixaria chamar de coincidência, começa a tocar no rádio “Dias melhores”, do Jota Quest. Cara, quanto tempo que não ouço essa música. Nem precisei mais pensar em dias, foram minutos mesmo. Os minutos seguintes já foram melhores.

O cantor tinha um “filtro dos sonhos” no carro dele. Uma vez eu também tinha e alguém me perguntou: “Tu dorme no carro? Porque filtro dos sonhos é para filtrar sonhos — quando se dorme.” Hahahaha. Gênio.

Dias melhores sempre vêm. O meu nome é Eloisa Helena e, algumas pessoas, inclusive um professor querido que sempre comenta a minha coluna e Wanda, assim me chamam, como se fosse um nome composto, tipo Maria alguma coisa.

Um dos cidadãos que passaram pela minha vida dizia que eu deveria usar só “Eloisa Capraro”, porque Helena era feio (sempre em tom de deboche).

— Feio? Mas é o nome da minha avó.

— Ué, e o que que tem? Continua feio igual.

E eu? Mandei catar coquinho e ver se estou na esquina? Não.

Nem é lá algo tão grave, mas foi um primeiro sinal de muita coisa desagradável que veio depois.

Mas aí vieram outras pessoas e passaram a me chamar de Eloisa Helena — coincidência?

Isso é só um exemplo bem bobo para reafirmar: dias melhores e pessoas melhores também virão. Que eu melhore também, sempre.

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Eloisa Capraro
a coluna

Há algum tempo tentando não ser uma sem-noção.