Relaxado

Eloisa Capraro
a coluna
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3 min readJul 19, 2024

Gosto de escrever sobre as coisas cotidianas. É meio que uma imitação do Veríssimo, de quem sou fã, só logicamente não tenho esse talento.

Falando em talento, da última vez que escrevi o título da coluna foi esse: No talento, e era sobre a mensagem-convite para deixar o meu lolomóvel para lavar. Bem, ele continua sem talento, sujo, porque estou em fase de economia pura.

Na real nem está tão sujo assim, mas tem muitas coisas jogadas dentro. Veja bem, eu disse muitas coisas jogadas dentro, mas não coisas inúteis. Afinal, quem é que não precisa de uns três pares de sapato, umas dez sacolas plásticas, uma mala emprestada da chefa para devolver, umas quatro garrafas de água, um par de botas sete léguas e umas embalagens vazias dentro do carro?

Ah, e um tapete da aula de yoga. Espera, quem disse que não preciso? Só porque faz mais de um mês que deixei de fazer? Ora, vocês são muito metódicos, arrisco dizer.

Se for para falar da bagunça, quer dizer, das coisas que estão no meu carro para uso imediato se precisar, antes vão colocando a foto do de vocês na minha mesa, só para dar uma conferida.

Bem, voltando. Sabe como a minha cabeça funciona? É assim mesmo como vocês lêem na coluna — essa desordem mesmo. Estava andando pelo centro hoje e reparei em uma janela no segundo piso que tinha um vaso de salsinha. Sim, salsinha.

Aí lembrei que minha hortinha está super bonita porque choveu a semana inteira.

Atrás do vaso reparei que a sala era uma bagunça, tipo um monte de gaiolas de passarinho e outras coisas que nem identifiquei. Por uns dois segundos pensei que a pessoa era relaxada, aí olhei para o meu carro e lembrei que sou relaxada também.

Ilustração de Mrzyk e Moriceau

Meu pai diria aqui:

— Olha para a tua cola que ela está molhando.

Não sei se concordo com isso não. É que a minha teoria é o contrário disso. Explico. Um relaxado falando de outro relaxado não tem mais sentido do que um metódico falando de um relaxado? Se fosse um relaxado falando do metódico, não seria estranho? Por que motivo o contrário não é? Por que não é tipo os iguais falando dos iguais e os desiguais falando dos desiguais, que nem está lá na Constituição?

Claro, se estivesse escrito lá seria melhor. Se bem que o que está escrito não tem lá tanta força assim. Não me levem a mal mas às vezes o telefone no guardanapo vale mais. Não que eu tivesse escrito meu telefone em algum guardanapo ou tivesse recebido algum guardanapo com um telefone de algum bonitinho, isso aí é privilégio da Val.

E é isso, chegamos ao fim de mais um dia sem dominar o mundo, quer dizer, ao fim de escrever mais uma coluna.

Beijo para quem é de beijo e abraço para quem é de abraço.

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Eloisa Capraro
a coluna

Há algum tempo tentando não ser uma sem-noção.