Todo mundo é um pouco caricato

Da colunista Eloisa Helena Capraro

A Coluna
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3 min readApr 8, 2022

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Mais uma semana que chega e, junto com ela, o meu melhor desafio: escrever o texto de A Coluna. Bem que fazer exercício físico poderia ser assim também — mas é nada.

Deixe-me lembrar o que temos de novidade. Oxe, nada. Do lado de cá eu continuo com medo de dormir no escuro; prestando atenção em diálogos alheios com o objetivo de trazer à coluna e, mais a minha cara impossível, continuo sem fechar essa minha boca em horas e com dizeres impróprios. E também continuo deixando as coisas caírem das mãos — mandei mais um celular para o Reinos dos Telefones, que descanse em paz. Amém.

Os gatos Paçoca e Mingau continuam destruindo as plantas e quebrando os vasos — parece que é uma brincadeira legal no Mundo das Sete Vidas. O Capitão continua fazendo drama nos dias nublados. Se eu fizesse greve de fome que nem ele, estaria magra. E ainda dizem que os cachorros puxam a personalidade dos donos.

Dias como hoje são tipo aquelas pessoas que a gente não sabe o que espera. Vai chover? Provável. Então a roupa não vai para o varal da rua e advinha? Sol. Mas sol, né? Como se essa estrela maior fizesse de propósito. Abusada.

As pessoas também. Nunca se sabe o que se espera. Nunca esquecerei uma frase que eu ouvi na faculdade, durante uma palestra com um advogado previdenciário. Ele disse algo como: “A pior maldade que existe é a intelectual. Quando alguém se aproveita de um certo tanto de conhecimento que possui a mais sobre determinada área e faz as pessoas acreditarem no que está dizendo.”

Não é diferente quando se trata de palavras que as pessoas acham que são bonitas e que, na verdade, são só bregas mesmo. No Direito tem muito disso, o jornalista Sérgio Rodrigues fala que lá vem o juridiquês, com seu pedantismo cafona.

Mas também sejamos justos, que não se confunda juridiquês com linguagem formal. O Gullar tem um lema que não é lá essas coisas de politicamente correto, mas tá: “Se alguém escreve e o outro não entende, um dos dois é burro.” Então tento seguir o conselho do Cortella: tem que se fazer entender.

Escrever bem eu acho bonito. Falar é outra história. E lá essa loura tem propriedade para falar isso? Nada. Sotaque mais peixeiro, impossível. O que, inclusive, rendeu muitas piadas a vida inteira. É de onde? SãoJoãoBatiXXXta.

Na verdade, sou de Nova Trento, mas sempre dou uma brincadinha que fui ali dar uma nascidinha e voltei. Mas o tom alto italiano veio junto — JURO QUE NÃO ESTOU BRIGANDO.

Uma vez, eu e uma amiga fomos para o Uruguai. Lá, encontramos vários brasileiros e eles disseram algumas vezes que não entendiam o que eu dizia. Hahahahahah. Achei engraçado. Parece que me fiz entender melhor no meu inglês-basiquinho-the-book’s-on-the-table do que na minha língua materna — palavras comidas são a especialidade da casa. Que cê qué mexmo?

Todo mundo é um pouco caricato, né não? Queria ser a queridinha da turma, mas descobri que estou mais para: “Não sei dar conselhos, que tal um comentário sarcástico?” (Quem é fã entende a referência).

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