Um dia ideal

Eloisa Capraro
a coluna
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2 min readJun 16, 2023

O que seria um dia ideal para a Eloísa? Essa foi a pergunta da minha psicóloga na última vez que a vi. O motivo, se lembro bem, era porque eu sempre, em todas as sessões, reclamo da minha produtividade.

Bem, um dia ideal tem que ter café. Muito embora — sei que serei xingada por isso — parece que já gostei mais do pretinho. Meio que estou desacostumando, talvez. Mas não desacostumando o bastante para não tê-lo em um dia ideal.

Teria comida boa. Euzinha própria faço mesmo, não precisa ser em nenhum lugar especial. Claro que não domino a arte de cozinhar que nem as minhas irmãs, mas me viro e gosto.

O trabalho seria em torno de 10, 12 horas bem produtivas. Como todo brasileiro, trabalho esse tanto de horas, mas parece que não é o bastante para todos os sonhos e as ambições. Na verdade, duas pessoas próximas me disseram recentemente que quem trabalha muito não tem tempo para ficar rico, porque não tem tempo para pensar. Pode ser.

Meu dia ideal teria exercício físico porque sou obrigada pelas leis de Deus ou da saúde, sei lá; mas não porque eu o queira. Mas só caminhada — musculação nem pensar.

Livros e plantas. E cachorros.

Tudo isso tenho ao meu alcance. Mas minhas plantas quase morreram ultimamente pela falta de cuidados. Meus livros nunca viram tanto pó. É curioso como o meu dia ideal envolve as coisas que eu já tenho. Nada de viagens. Nem de jantar fora. Nem de compra alguma. Curioso. Nem lembrei de me certificar de que teria internet no dia ideal. E logicamente precisaria — nem que fosse só para o trabalho.

Com certeza não teria gente chata além de mim, pois de chata já basta essa que vos fala (lembrando que chato é bom porque não rola — tá, desculpa). Ah, e nem qualquer pessoa interrompendo a fala alheia para pedir caroço de abacate.

Também não importaria se fosse sol ou chuva — casamento de viúva; ou chuva e sol — casamento de espanhol. Gosto dos dois. Dia de sol é bonito. Dia de chuva lembra conforto e bolinho de banana.

Um dia ideal seria um dia normal. Então por que diacho gasto tanto tempo fazendo nada? Ou deixo de molhar as plantas para ficar rolando o dedo no telefone? Por que não respeito a lei divina do corpo saudável e volto para a academia?

Pronto. Agora virei coach. Blá blá blá. Mas era só o que faltava. Acrescento um item: no meu dia ideal não pode ter frase de coach. Tampouco seria épico.

Mas tudo bem. Resumindo, parece que viver dias ideais é possível todos os dias. E você, fofo leitor, como seria seu dia ideal?

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Eloisa Capraro
a coluna

Há algum tempo tentando não ser uma sem-noção.