Introdução à revolução digital das transmissões de futebol ao vivo

Gabriel Ruggiero
A disputa das redes nas telas
4 min readJun 26, 2021

No dia 31 de março de 2021, a rede social TikTok transmitiu a sua primeira partida de futebol ao vivo. A partida entre Ceará e CSA, pela fase de grupos da Copa do Nordeste foi transmitida pelo próprio canal da competição: “copadonordeste”. O aplicativo que é mais conhecido pelos vídeos curtos e com grande propagação entre jovens, tem a função do usuário da conta transmitir ao vivo, assim como outras redes sociais. No caso, o TikTok conseguiu um alcance de pouco mais de 600 mil pessoas naquela partida entre os times nordestinos.

O futebol é transmitido em diversas plataformas, e cada uma delas tem sua peculiaridade e importância para o esporte que faz parte dos hobbies de diversas pessoas no Brasil. Conforme os anos passam e novos meios de transmissões são encontrados, e a partir daí a variedade na resposta que um fã do esporte pode encontrar na pergunta: “Aonde vai passar o jogo X para eu assistir?” é muito grande.

Porém, não são somente os meios de transmissão que mudam, os consumidores de futebol também estão em uma frequente mudança. Cada torcedor assiste ao jogo da forma como quer, onde quiser e quando quiser. É possível ver o jogo com os próprios olhos no estádio; ouvir o jogo pela rádio; assistir o jogo pela televisão; ver diversos ângulos diferentes da mesma jogada pelo celular ao mesmo tempo que assiste na televisão; acompanhar o jogo por textos descritivos em tempo real sem ter a imagem ou áudio; assistir ao jogo por uma rede social e interagir em uma sala de bate-papo na mesma tela que o jogo; entre outras formas que os torcedores acham para assistir ao jogo do seu time do coração.

O futebol tem dois tipos diferentes de consumo que são muito importantes para entender a atual fase de transição das transmissões do esporte: o consumo imediato e o consumo compartilhado. Os torcedores e fãs do esporte querem assistir a partida em tempo real, portanto quando não podem ir ao estádio, a preferência se da a uma transmissão por vídeo ao vivo. Por outro lado, mas que anda junto com esse, o futebol gera diversas discussões, portanto as pessoas querem conversar/debater sobre e querem estar a par de tudo e poder participar e interagir com outras pessoas. Torcedores gostam de assistir a partidas junto com outros torcedores, em lugares públicos, chamando amigos em casa, gritando na janela de casa para vizinhança escutar, soltar fogos de artificio, comentar nas redes sociais a cada jogada e outras tantas formas de interação.

Nos últimos três anos, o futebol brasileiro teve transmissões em diferentes canais de comunicação, como sempre, porém com a ilustre presença das redes sociais como forma de exibição dos jogos para meio digital. Alguns times brasileiros tiveram jogos transmitidos no Facebook, durante a Copa Libertadores e a Copa Sul-Americana. O futebol feminino também entrou nessa forma alternativa, já que as emissoras televisivas ainda não tinham entrado em acordo para ter os direitos de transmissão até o início do campeonato, alguns jogos foram propagados pelo Twitter em parceria com a CBFTV e o Campeonato Brasileiro Feminino de 2019. A Copa do Nordeste e alguns amistosos de seleções europeias foram transmitidos pelo TikTok em 2021.

As transmissões de futebol que já estavam divididas pelos canais de televisão: Globo, Band, SBT, ESPN, Fox Sports, TNT e Space. Agora também se dividiram na internet, com os sites de streaming dos próprios canais televisivos, canais de streaming sem ter um canal televisivo, como: DAZN, TNT Sports e MyCujoo, e também nas redes sociais como: Facebook, Twitter, TikTok e Youtube.

A reportagem “A disputa das redes nas telas” tratará sobre: a história, as semelhanças, mas principalmente diferenças dos meios de transmissão que são utilizados pelos consumidores de futebol. A reportagem também analisará a interatividade dos torcedores e espectadores, contando sobre a “segunda tela” e o que ela traz de positivo e negativo para quem assiste a uma partida. E assim discutir o atual modelo de transmissão ao vivo do esporte.

O mercado das transmissões, considerando a quantidade de campeonatos e quais jogos cada emissora ou canal pode transmitir, é interessante de analisar no Brasil, principalmente por a Rede Globo dominar os campeonatos nacionais, com a TNT Sports recentemente entrando nesse mercado porém com muito menos jogos do que a Globo. Os direitos de imagem das partidas tem se tornado muito relevantes, com a entrada dos meios digitais nas transmissões.

A reportagem foi dividida a partir dos meios de transmissões, onde serão abordadas: televisão, streaming na internet e por último, o mercado e os problemas legais envolvidos nas transmissões. Como texto adicional, foi feita uma crônica sobre a minha experiência, como um apreciador de futebol e de transmissões ao vivo, relatando o comportamento dos espectadores durante transmissões ao vivo na internet.

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Gabriel Ruggiero
A disputa das redes nas telas

Jornalista esportivo e amante de competição. Contato via Twitter: @gabriel_rugg