A Sopa Mais Maravilhosa do Mundo

Como um prato pode ser tão aclamado ao ponto ser declarada a sopa mais elegante e deliciosa já criada pelo famoso crítico Craig Claiborne?

Rachel Dimetre Salomão
A Faca Que Fala
5 min readMay 11, 2017

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Estamos falando da amada sopa francesa Billi Bi, também conhecido como Creme de Mexilhão. O conto de sua criação de fama única e duradoura envolve americanos milionários, princesas gregas, barcos de corrida e, claro, chefs lendários.

A história da sopa Billi Bi começou na antiga Bretanha, onde os moradores das cidades costeiras por séculos colhiam grandes e belos mexilhões. Os frutos do mar eram usados em uma variedade de pratos regionais, todos pesados e salgados, mas certamente nada de alta cozinha.

Séculos passaram até que, no início dos anos 1900, a França ganhou fama como a capital culinária do mundo; e os Estados Unidos como potência industrial. A primeira nação oferecia elegância e estilo; a outra, riqueza e interesse em todas as coisas novas.

Foi neste momento que o milionário americano William B. Leeds viajou para a França. De um florista humilde, ele havia se transformado no homem que dominou o lucrativo mercado de chapas metálicas. Ele vendeu sua empresa de metal para U.S. Steel em 1901 e, quando morreu em 1908, sua riqueza foi avaliada no que hoje seria equivalente a mais de 900 milhões de dólares.

Maxim’s Paris

Obviamente, uma riqueza tão vasta lhe permitiu viajar com freqüência para a Europa e especialmente para Paris, uma cidade que ele adorava. Ele era conhecido por jantar todas as noites no Maxim’s com sua bela segunda esposa, Nonnie May Stewart Worthington, que depois de sua morte casou-se novamente e se tornou uma princesa grega.

Na mesma época, o famoso chef Louis Barthe, antes responsável pelos pratos do restaurante Ciro, em Deauville (Normandia0, chegou a Maxim’s como chef. Ele trouxe com ele, é claro, suas receitas favoritas, incluindo uma de Creme de Mexilhão.

Na Normandia, onde os mexilhões eram tão abundantes que custavam quase nada, era costume cozinhá-los com ervas ao vapor e usar apenas o caldo resultante como o ingrediente principal para misturar mais tarde com creme. Em outras palavras, uma sopa que capturava o sabor de mexilhões sem a carne no prato final!

Esta é a razão pela qual muitas vezes podem ser encontradas duas variações de Billi Bi em livros de receita — uma com mexilhões incluídos e outra sem. Em Paris, e mais tarde em incontáveis cozinhas ao redor do mundo, os chefs adicionaram a carne de mexilhão ao prato, pois parecia tolice descartar um ingrediente tão saboroso e colorido.

O Creme de Mexilhão do Chef Barthe logo se tornou um dos pratos favoritos de William B. Leeds e foi mantido permanentemente no cardápio do Maxim’s. Infelizmente Billy, como seus amigos o chamavam, morreu em 1908 após um acidente vascular cerebral no Hotel Ritz, em Paris. Ele deixou para trás sua triste esposa e um filho, também chamado William.

Hotel Ritz (Paris)

William B. Leeds Jr era a criança mais rica do mundo naquela época. Mais tarde, com 18 anos, ele também se casou com uma princesa grega e ganhou fama mundial como um caçador e iatista. Assim como o pai, ele chamava de casa tanto a Europa quanto os Estados Unidos — especialmente Paris e o Maxim’s durante os primeiros dias dos anos 1920.

Dizem no Maxim’s que a sopa foi batizada em homenagem a William B. Leeds, mas não se sabe se o pai ou o filho. Poderia ser qualquer um dos dois, pois ambos eram conhecidos como “Billy” pelos sócios e amigos que sempre diziam “adeus” aos dois viajantes internacionais.

Billy Jr. era, de fato, um viajante que voava tão rápico em aviões transatlânticos e corria em barcos que ele conseguiu fazer até mesmo o aventureiro Ernest Hemingway se arrepender de se juntar a ele. Sua necessidade interminável por velocidade e ação finalmente chegou ao fim com a Grande Depressão e a Segunda Guerra Mundial, que desmoronaram fortunas e mudaram a América e a Europa para sempre.

Foi Craig Claiborne, editor de comida do The New York Times, que redescobriu a sopa Billi Bi e publicou uma receita dela na primeira edição de 1961 do The New York Times Cookbook. Foi um sucesso instantâneo. Ao longo dos anos, ele refinou a receita trabalhando com seu colaborador de longa data Pierre Franey.

Hoje Billi Bi é uma sopa clássica claramente digna de férias — fácil de fazer e totalmente inesquecível para quem provar.

Sopa de Billi Bi

Adaptado do clássico Billi Bi de Craig Claiborne

Ingredientes
450g de Mexilhões lavados
2 cebolinhas mal picadas
2 cebolas brancas pequenas picadas
2 ramos de salsa (mais uma porção para enfeitar)
Sal e pimenta a gosto
Pitada de pimenta caiena
1 xícara de Vinho branco seco (tipo Sauvignon Blanc)
2 colheres de chá de manteiga sem sal
1 folha de louro
2 raminhos de tomilho fresco
2 xícaras de creme de leite
1 gema de ovo, ligeiramente batida

Modo de Preparo
1.
Limpe bem os mexilhões antes de cozinhar.
2. Coloque os mexilhões em banho-maria com tampa.
3. Adicione as cebolinhas, cebola, salsa, sal, pimenta, pimenta caiena, vinho, manteiga, louro e tomilho.
4. Cubra e deixe ferver em fogo médio.
5. Reduza o fogo e deixe ferver 8 a 10 minutos, ou até que os mexilhões se abram.
6. Descarte todos que não tiverem se aberto.
7. Peneire o líquido com coador e reserve; Esta é a base para a sopa.
8. Quando esfriar o suficiente para segurar, retire mexilhões das conchas e reserve. (As conchas e os temperos podem ser descartados)
9. Ferva o líquido reservado em fogo baixo.
10. Adicione o creme de leite deixe quase ferver.
11. Retire do fogo.
12. Refrigere ligeiramente.
13. Adicione a gema de ovo e misture.
14. Voltar para o fogo e deixe engrossar ligeiramente. (Não ferver.)
15. Ajuste o tempero ao gosto.
16. Organizar mexilhões no centro de pratos de sopa grandes.
17. Polvilhe com salsa fresca picada.

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